18/08/11

JM Correia Pinto: Recomendação de leitura e confissão de dúvida

JM Correia Pinto assina no seu Politeia uma reflexão brilhante sobre A Rebelião na Inglaterra e o Sistema Capitalista, demonstrando bem que a "rebelião", por si só, não só é insuficiente, como pode ser também política e socialmente regressiva, alimentar as tendências no sentido de uma reciclagem autoritária — ou até propriamente "totalitária" — da hegemonia oligárquica global.

Dito isto — que não dispensa, mas pressupõe a leitura do texto —, posso confessar a minha perplexidade perante a tese que, há pouco ainda, JM Pinto Correia sustentou noutro post, defendendo a ideia de que, "no plano dos interesses subjugados, a luta tem de fazer-se – tem de começar a fazer-se – no quadro nacional". Com efeito, a menos que se entenda por isto que cada agente ou movimento terá de começar por agir onde está — mas sem perder de vista a perspectiva do conjunto da paisagem que em parte faz e de que faz parte —, dir-se-ia que a sua análise de fundo indica precisamente o contrário: a necessidade da extensão do terreno de cada luta na perspectiva de uma mundialização prioritária da reivindicação e exercício da cidadania activa como participação política comum.

14 comentários:

Semisovereign People at Large disse...

A terminologia da subjugação ultrapassa-me completamente, é esotérico-marxista?

aqui diria eu, que a necessidade deveria ter sido a da implementação de vírgulas,,, antes do parágrafo

a necessidade da extensão do terreno de cada luta na perspectiva de uma mundialização prioritária da reivindicação e exercício da cidadania activa como participação política comum.

Mas acho que percebi, em tempos até achei que percebia o que dizia o Jorge Sampaio (ou o irmão tanto faz)

As revoltas virtuais, pelo menos já não sofriam penas de prisão desde 1945

Uma página da internet a apelar ao vandalismo valer 4 anos de prisão

é capaz de fazer história...
e daí talvez não

Niet disse...

JM Correia Pinto- o antigo diplomata da REPER de Portugal em Bruxelas- acerta muito nas suas análises e mostra uma implacável vontade de saber e procura de quadros de análise política internacional, o que é muito estimulante. Recusa deliberadamente o massacre fatal dos anátemas de pacotilha e as redundâncias cativas da baixa e mediocre incerteza das metáforas mais estafadas e inoperantes... Por certo não ignora o impacto euroepeu do " papa " do jornalismo conservador britânico, Charles, Moore, que disse no Daily Telegrah que " começava a pensar que a Esquerda tem actualmente razão face à crise que envolve o Euro e as instituições da União Europeia...". Niet

Chalana disse...

Bates mais nos putos do que nos tories... é a esquerda blogueira que temos. Ao anti-comunismo primário, junta-se agora a defesa da democracia burguesa que te permite escrever umas postadas... enfim... Neste blog não há nada de novo

Miguel Serras Pereira disse...

Extraordinário auto-golo, caro Chalana.

A minha posição - sobre os "putos" - é, à partida, a mesma que o autor do post que cito. Ou seja - e volto a citá-lo:

"Para os reaccionários de todos os matizes e racistas empedernidos, o que se passou na Inglaterra tem uma explicação muito simples: bandos de criminosos malcriados, a quem tudo tem sido consentido, ociosamente criados à custa da sociedade que só lhes concede direitos e nada lhes exige em troca, cometem ao menor pretexto a violência gratuita, a destruição e a vandalização generalizada, atingindo pessoas e bens, com completo desprezo pelas mais elementares regras de convivência social.

E, todavia, há fortes razões para supor que os acontecimentos de Inglaterra são uma espécie de prelúdio ou talvez um sinal de futuras convulsões típicas de um sistema que tende para a implosão. Um sistema que tende a rebentar por dentro.

E isso não é uma boa coisa: nada pior do que a implosão de um sistema injusto, irracional, gerador das maiores desigualdades em sociedades de grande prosperidade. A implosão tende a ser aproveitada pelas mesmas forças que a provocaram. A reconstrução tende a fazer-se sob a égide dos que dominaram o sistema implodido".

Em segundo lugar, é desta posição que concluo que os que saúdam as formas de rebelião "implosivas" como "libertadoras" ou "pré.revolucionárias" ou não sabem o que dizem, ou, se sabem, praticam uma mistificação antipopular deliberada.

Quanto ao resto, creio ter já repetido muitas vezes que, por consagrada que seja, a expressão "democracia burguesa" é autocontraditória. As condições mínimas que definem o exercício democrático do poder, superando a divisão entre governantes e governados, implicando a participação igualitária e regular de todos nas decisões comuns, excluem a dominação de classe (burguersa "clássica" ou outra).

Corrija o tiro, Chalana - ou ainda acabará goleador de ouro, sem dúvida, mas contra a sua própria equipa.

Saudações democráticas

msp

Chalana disse...

Miguel Serras Pereira:

se tem fraca memória... paciência, não é?

Releia TODOS os post que o vias de facto dedica ao assunto e respectivas diatribes com os escribas do 5 dias.

Depois volte a falar em auto-golos... Tenha um bom Verão

P.A. Lerma disse...

Saudações ó kamarada tem aí uns pacotinhos de farinha que me dispense

a colheita foi de 180 mil tones

dá 18 quilos de trigo e cevada
(e uns pingos de centeio e aveia) por português

são 9 gramas por dia até Maio

a minha dúvida é se isto cair mesmo

você já bebeu a cevada toda no café e na cerveja ou guardou uns pinguinhos para os menos afortunados

ou vai comer a farinha espanhola o macarrão itálico e a pizza alemã do Dottore Oetker

Miguel Serras Pereira disse...

Chalana,

leia você o que eu aqui escrevi - e também nalgumas caixas de comentários do 5dias (apesar de a RV ter censurado um comentário meu). E deixe-me dizer-lhe que, no 5dias, li também um dos melhores posts sobre o assunto; outros que achei extremamente discutíveis, mas sérios - e não me limitei aos do CV, que não sei se considere cómicos, se macabros, ou aos sempre hilariantes do RT. Entendidos?
É uma pena que não queira discutir as questões que você próprio levanta, meu caro Chalana. Mas, quanto a isso, nada posso fazer.
Bom Verão também para si

msp

RT P? disse...

Pronto se bocemecê acha qué o melhor paciência...não se deve contrariar

felixmente há boas notícias
pra quem tem crias e outros penduricalhos

As of August 14, 2011, Arctic sea ice extent was 5.56 million square kilometers (2.15 million square miles), 2.11 million square kilometers (815,000 square miles) below the 1979 to 2000 average for that day, and 220,000 square kilometers (84,900 square miles) above the extent on that day in 2007.

Sea ice is low across almost all of the Arctic, with the exception of some areas of the East Greenland Sea. It is exceptionally low in the Laptev and Kara Sea areas

só começam a morrer lá pra 2035....

Anónimo disse...

O nivel de discussão ideológica que emite e estimula raia o inverosimil, sr. Chalana. A cena inglesa dos motins multiculturalistas só pode ser vista por um ângulo que examine a profunda crise económica e ideológica de um dos dois pólos do imperialismo mundial, o espaço UE, precisamente neste caso. O que não quer dizer, todavia, que
o " sistema " não consiga por agora arranjar " soluções " de alivio e falsa ultrapassagem. Se,como dizia Lacan, para se ser louco é preciso ter-se muita categoria; hoje, para se poder pensar e agir contra o "sistema"- como dizia Castoriadis as opções entre reformistas e revolucionários baseiam-se nessa mágica distinção diferencial ...- é necessário ter uma paciência de " santo " e uma vontade de ferro que permita, sublinha Castoriadis, ultrapassar " esta democracia"( na realidade, o regime oligárquico liberal),que longe de representar um estádio final da história, está a milhas de representar um estádio final da História, porque está em vias de morrer da privatização( gloriosamente baptizada " individualismo "), da apatia das pessoas, da inimaginável degradação do pessoal político ". O amplexo e formas de violência da crise social inglesa define-se aí, claro. Novas formas de dominação, burocráticas e manipuladoras,podem acabar mesmo com o mínimo de liberdade formal e representativa ainda a mexer, como se verifica pela crescente colaboração policial e repressiva das polícias do núcleo duro da U. Europeia. Niet

Chalana disse...

blá, blá, blá, blá!

Quando londres chegar a lisboa, vocês serão os bombeiros da situação - não os pirómanos da subversão.

Claro, cristalino, Castoriadis.

Tudo o mais são onanismos blogosféricos. OLHEM XAVALES: FALEM AÍ DOS 2 PUTOS CONDENADOS A 4 ANOS NA PRISA, em vez de nos afogarem em tanta sociologia de circunstância

P.A. Lerma disse...

Quando londres chegar a Lisboa acho que seacaba acrise's imo bili árias

o que se passou na Inglaterra tem uma explicação muito simples: bandos de criminosos malcriados, a quem tudo tem sido consentido, ociosamente criados à custa da sociedade que só lhes concede direitos e nada lhes exige em troca,

ou seja o pessoal de Chelas da Bela Vista, do pica-pau amarelo
do vale da amoreira, de santo antónio, do bairro do alfeite
de corroios etc...foram pra londres?

os do vale foram prá Holanda e óia que já não andam no gamanço nem a vender droga

lá a competição é muita....

criminosos e malcriados inda por cima (é a visão walt Disney?

a gajada malcriada só é revolucionária nos países árabes?

Niet disse...

Caríssimo Chalana: Que bom o saber- como o intempestivo Ezequiel-fellow de Castoriadis. Um sinal importantissimo e que desarma a sua verve compósita e sublime, errática e soberana. Por mim, acrescento às teses do " nosso " C.C. a prática insurrecional indomável de Stenka Razine, tão celebrado por M. Bakunine, e também as de Durruti e Guevara que se articulam com a pulverização definitiva da ideologia marxista-leninista, do imaginário totalitário. Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Chalana,
repare que o suponho de boa-fé: caso contrário, nem sequer lhe responderia. Mas de boas intenções se calcetam os caminhos do inferno, e, como diria Gide (que o João Bernardo gosta de citar), a pior literatura está cheia delas, também.
Assim, repare, em segundo lugar, que a alternativa que você enuncia é francamente catastrófica e falsa. Se fizermos dos pirómanos figuras "revolucionárias", não queimaremos a ordem estabelecida, mas sim a própria ideia de revolução - ao mesmo tempo que deixaremos que os aparelhos repressivos directos do regime se apresentem, não como esbirros, mas justamente como "bombeiros", "soldados da paz", socorristas de emergência, aos olhos dos homens e mulheres comuns, nossos companheiros do dia a dia, que são o único agente potencial dessa democratização radical das relações de poder a que deveríamos reservar o nome de "revolução".

Não lhe parece?

msp

Gente de péssimas fés disse...

Mistério Sexus e Perdão

Mas de boas intenções se calcetam os caminhos do inferno, e, como diria Gide (que o João Bernardo...quem quer que seja.....

Os putos de 12 anos têm a rua e o álcool e o consumo de bens ou a sua ausência tirando o tráfico de droga e o roubo ocasional não têm forma de sustentar esses consumos

As putas de 12 anos têm dependendo do desenvolvimento as discotecas e o sexo ocasional como fonte de receitas, algumas também têm o tráfico e o furto em lojas com trocas de bens

Os de 16 já têm outras fontes de receita

Mas em bairros onde a maioria está desempregada ou é subsidiada

aceder aos bens ao álcool e à droga que tiram o tédio das vidas

é apanágio só dos mais ricos

Em Malange ou em Nova-Lisboa em 75 roubavam-se as casas abandonadas pilhava-se roubava-se o passeante ocasional violava-se

É o que chama de ralé criminosa que faz a espinha de todas as revoluções

O anarquista cheio de ideias elaboradas e disposto ao sacrifício
é uma minoria

os putos gregos que foram feridos e um morto nos confrontos com a polícia não são anarquistas

são como os de Belfast os de Luanda
os os pioneiros de Siad Barre pós 91...ou a maralha que andava ao saque em 75 e 76 (e em 2009 a 2011)nas herdades e nas casas dos emigrantes e a ROUBAR SACHOLAS nos campos para as vender aos comerciantes nas feiras

pensam sempre no que podem ganhar com uma revolução

seja a pilhar as casas dos Thalassas ou dos marxistas caídos na desgraça pós Agosto de 91 ou ceausescu

ou os mil pares de sapatos de Imelda Marcos

ou queimar as casas dos figurões da Tunísia...

para quê queimar as casas dos que fogem...é a catarse da destruição que dá poder