Como quer el-rei ter rosas
sem incêndios nos caminhos?
Sombra de rosa o teu corpo
nocturno sol vagabundo
A morte de García Lorca
transforma em rosas o vinho
transforma em rosas o pão
a água em rosa de lume
Transforma a terra de espanha
numa rapariga nua
Cantas ou crescem os rios
da minha pátria salgada
potro de cal e mar vivo
pequena espanha cercada
E parte-se o corpo do mar
parte-se a festa do vinho
Como quer el-rei ter rosas
sem incêndios nos caminhos?
1970
(Miguel Serras Pereira, Todo o Ano, Porto, Limiar, 1990)
4 comentários:
Bravo.
NÃO TEVE filhos nem amor nem medo
em sua estrada
não houve nunca o mínimo segredo
a mínima cilada
e para além dos portais
não viu jardins em flor e a noite era estrelada
e havia em cada esquina uma promessa
por fim a morte, igual a tantos mais
apodreceu
enterrem-no depressa....
(Dedicado a revolucionários xéxés?)
NÃO TEVE filhos nem amor nem medo
em sua estrada
não houve nunca o mínimo segredo
a mínima cilada
e para além dos portais
não viu jardins em flor e a noite era estrelada
e havia em cada esquina uma promessa
por fim a morte, igual a tantos mais
apodreceu
enterrem-no depressa....
(Dedicado a revolucionários xéxés?)
TABULA RAZA.....
NÃO TEVE filhos nem amor nem medo
em sua revolucionária estrada
não houve nunca o mínimo segredo
a mínima cilada
e quando nos revoltados portais anoiteceu
não viu jardins em flor e a noite era estrelada
e havia em cada esquina uma promessa
para os filhos que herdam do nada o nada
por fim a morte, igual a tantos mais apodreceu
enterrem-no depressa....
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