14/03/11

O regresso à rua sem amos

Em certo sentido, sim, terão razão os que comparam como de mais parecido com a manif de 12M a que foi única e irrepetível no 1º de Maio de 1974. Não em termos de número, pois agora a enxurrada de gente não desaguou tão tranversalmente como a mãe de todas as manifes, embora gozasse do privilégio de ter "descido" no protagonismo de faixas etárias. E o mais parecido, numa espécie de retorno, foi a componente caótica, o amadorismo e a espontaneidade. Passados trinta e sete anos, festejando e reivindicando coisas diferentes, desfilou-se pelas ruas sem o enquadramento profissional das cliques dos serviços de ordem e de propaganda dos bolcheviques de turno. O que não impediu que os funcionários da política e dos partidos, gente da que menos está à rasca, não tenham andado por lá, só que tiveram de experimentar o sabor da desorganização, inimiga da manipulação eficaz. E se gostaram é porque lhes fez bem. E, assim, talvez os burocratas apparatchicks das bandas e das marchas se tornem mais paisanos nas suas próximas actuações.

3 comentários:

LAM disse...

Bem observado. Oxalá aprendam que, se não querem chamar apenas a "família", não há luta sem liberdade.

Anónimo disse...

O movimento que se iniciou agora tem tudo para desaguar em algo semelhante ao que varreu Islândia. 93% das pessoas foram contra o pagamento da dívida externa para salvar os bancos estrangeiros que os saquearam, e por lá, como por cá, eu duvido que 93% da população seja anti-capitalista (foi esse o sentido do voto no referendo...). É porque não houve deputados de partidos esquerda a monopolizar os megafones, ou os objectivos ter-se-iam dissipado nas reivindicações dos diferentes partidos, mal as pessoas se revissem em quem discursava. Por cá, veríamos a opinião pública moderada a aprender com o 31 da armada a dizer que "não pagar a dívida" é um acto selvagem e uma humilhação perante os que nos ajudam. (Pergunta bónus: por que raio nos cobram juros se não há risco? Risco de quê, pergunto eu.)

Anónimo disse...

Entretanto na Grécia:

This morning, the anti-terrorist unit arrested six people in total in a series of dawn house raids in the cities of Athens and Volos.

The police also claim to have found a so-called safehouse in the city of Volos, and that the arrests are in connection to the Conspiracy of Cells of Fire case.

This evening, a demonstration was called at the neighbourhood where the arrests took place in Volos, in solidarity with the arrested.