31/05/19

Pelos vistos a Frente Nacional francesa já não é "socialista"

Por este post d'O Insurgente, tenho que concluir que a Frente Nacional francesa já não é um partido socialista com um programa parecido ao do Melanchón e ao do Bloco de Esquerda, como costumava ser descrita por essas bandas.

Ver também: A direita moderada face à extrema-direita - as três fases

30/05/19

Lisboa ficou mais pobre: encerrou "O Corvo"


O Corvo foi um projecto de jornalismo independente de base local focado nos problemas da cidade de Lisboa e dos seus habitantes. As razões para o encerramento são explicadas pelo equipa que desde 2013 manteve este projecto de pé.

Deixo aqui uma das reportagens que o jornal lançou recentemente. Na forma como olhava com uma atenção particular para os problemas das pessoas, que são na realidade os problemas da cidade,  O Corvo era um jornal único, independente, fiel apenas e só ao dever de informar.







27/05/19

A abstenção é um ato legítimo

[Reposição de um post que escrevi há uma porção de anos]

Eu, achando que a democracia não se deve esgotar no voto, tenho votado sempre.

No entanto, discordo dessa conversa do "dever cívico" (a fazer lembrar o tempo em que quem não votava recebia a visita da PIDE) e do "quem se abstém, depois não pode dizer mal".

Vejamos: na Assembleia da República, sempre que se vota uma proposta, o Presidente da AR pergunta sempre: "Quem vota contra? Quem se abstém? Quem vota a favor?", e nunca ninguém levou a mal por algum deputado se abster nalguma votação (ou melhor, ninguém levou a mal a abstenção em si). O que faz todo o sentido: se alguém achar que uma proposta tem pontos bons mas também maus, porque é que não há-de se abster? Ou se achar que a proposta é absolutamente irrelevante?

Ora, se ninguém acha "imoral" um deputado abster-se quando está a votar uma proposta que conhece em pormenor (afinal, o documento a ser votado está à vista, com todos os detalhes e alíneas), porque é que há de ser "imoral" um simples cidadão abster-se numa votação que consiste em passar um "cheque em branco" a uma pessoa (ou partido) para, basicamente, fazer o que lhe der na cabeça? Afinal, se é aceitável que alguém possa não ter opinião no primeiro caso (ou por não se decidir, ou por achar as alternativas irrelevante), porque não no segundo?

"O PAN só tem votos nos sítios onde vive a maioria esmagadora da população"

Miguel Sousa Tavares sobre os resultados eleitorais de ontem (por outras palavras).

22/05/19

"Os polícias não têm que conhecer as leis"

Segundo o presidente do Sindicato Unificado da Polícia, "Os polícias não são juízes, não têm de conhecer as leis".

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Mas está tudo doido? Se um policia de giro (como é o caso da PSP) não conhecer as leis, como é que ele pode intervir se presenciar alguém a cometer um crime? Afinal, sem conhecer as leis como é que ele pode sequer reconhecer se está ou não um crime a ser praticado (penso que a ideia implícita é a polícia intervir sobretudo em coisas que o "senso comum" reconhece como crimes, como assaltos, deixando de lado coisas que é preciso saber de leis para saber que são crimes - e se calhar eventualmente prendendo alguém por condutas legais mas que na imaginação popular sejam "crime").

Quanto à ideia de "uma linha de contacto com o Ministério Público", como isso funcionaria? Antes de deterem alguém, iriam perguntar ao Ministério Público se a lei permitia efetuar uma detenção nesse caso?
Não sei se isto será muito realista, mas pelo menos nos filmes e séries norte-americanas os polícias parecem conhecer leis (claro que o facto de os argumentos desses filmes serem provavelmente co-escritos por advogados ajuda), tanto no sentido de saberem o que é crime (veja-se aquelas listas de códigos, um para cada tipo de crime ou situação - e não me espantaria que a policia portuguesa também os tenha) como no sentido de saberem em que situações podem efetuar uma detenção, revistar o carro de alguém, disparar a arma, etc. (muitas vezes até com cenas de ficarem à espera que o suspeito faça algo que justifique prendê-lo). Sim, filmes não são a realidade, mas suponho que haja alguma tentativa de realismo na sua elaboração (e que portanto correspondo pelo menos à maneira como se espera que a polícia haja).

Outro argumento que poderá ser dito é que durante a ação, tendo que tomar decisões rápidas, os polícias podem não se lembrar das leis - mas, além de que essa conversa dificilmente se aplicar ao caso de Alfragide (não há um grande stress nem necessidade de reagir depressa em enfrentar pessoas desarmadas, e ainda por cima dentro de uma esquadra), e de quaqluer maneira não os ilibava de atos ilegais (quando muito poderia ser um atenuante) não é o argumento do dirigente sindical: eles não está a dizer que os polícias por vezes não têm tempo para se lembrar das leis, mas sim que não têm que conhecer as leis!

19/05/19

O que vai acontecer dia 26 no Brasil?

Os bolsonaristas radicais convocaram uma manifestação em defesa do governo, incentivadas por um texto que presidente re-publicou no Whatsapp dizendo que estaria a ser bloqueado pelo sistema. Parte dos seus antigos aliados demarcaram-se da manifestação, que está a ser divulgada com hashtags como #OPovoVaiInvadirOCongresso. Os boatos que correm/correram (pelo menos na internet) sobre o que pode acontecer nos próximos dias no Brasil parecem ir desde à demissão de Bolsonaro até a um autogolpe.

16/05/19

Berardo, o verdadeiro revolucionário.

O Joe é o único revolucionário que resta em Portugal. O único que ameaça implodir o sistema político nacional que ele conhece como ninguém. Conhece profundamente a intima relação entre o Estado e o Mercado. Conhece a forma como ao longo de décadas os empresários, ou empreendedores, "aquilo" que num momento de fino humor alguns apelidam de Mercado, viveram à grande e à francesa à custa da forma intensa/intima como controlaram o Estado, por via do controlo do sistema político-partidário.
Joe organizou um sistema de impunidade permanente porque conhece o sentimento de vingança que anima aqueles que durante décadas vivem das generosas esmolas dos que "triunfam". Aqueles que, como ele, apesar da ascensão meteórica - conhecida nas suas origens e no seu "modus operandi" por todos os agora "indignados"-, apesar do poder que acumulam, apesar das esmolas que espalham, estão sempre de alguma forma vulneráveis. Há que tomar medidas, usar da prudência.
Joe foi pelo lado da cultura. Uma cultura de Estado, que utilizou um dos símbolos da modernidade europeia do regime: o Centro Cultural de Belém.   Foi aí que ele alojou a sua colecção, devidamente protegida dos desaires, dos descalabros, das mudanças nos humores dos protagonistas. Uma colecção  generosamente disponibilizada para ser apreciada pelo povo. Berardo devolveu ao povo a colecção que adquiriu com o dinheiro que o povo lhe "emprestou/deu" através do sistema financeiro que tem estado a "resgatar".
O último acto da revolução que Berardo leva a cabo será concretizado no dia em que lhe retirarem a medalha. A carcomida medalha que simboliza o alto apreço em que o País tem aqueles que por actos valorosos se vão da lei da morte libertando.

10/05/19

Mário, diz lá quanto "demos"hoje ao "Velho Banco"?

Mário, pá, isso nem parece teu. Ainda antes do António ter lançado a bomba nuclear tu estiveste  implacável com os gajos que, dizias tu, estavam a "esconder manhosamente a despesa e outros oportunismos". Realmente é coisa para um tipo como tu, de contas direitas, ficar destrambelhado.
Mas, pronto, isso foi antes do António ter arrumado com eles. Agora está na altura de dizeres à malta quanto é que emprestámos hoje ao Velho Banco, aquele que nos limpa o couro e o cabelo. Diz lá Mário, pá. Estamos à tua espera. Ou queres que chamemos o gajo da Educação Física, aquele que mostrou que as tuas contas estavam um bocado engatadas. Um bocado é favor. Ainda bem que não andas a esconder manhosamente as contas que te interessam. Não és homem para isso. Fazes mal as contas às vezes mas isso é normal, acontece a qualquer um.

07/05/19

Serviço Público: Pela Verdade dos Factos

Uma posição conjunta de vários blogues de professores sobre a crise idealizada por António Costa e sobre a questão da recuperação do tempo de serviço pelos professores. ( ler aqui).

Para desenjoar da desonestidade intelectual que parece ter consumido os últimos neurónios, ainda activos, da generalidade dos comentadores que estão rendidos, derrubados, colapsados, perplexos, fascinados, embasbacados, perante o  novo Rei Sol: o António Costa que é um profissionalão; o António Costa que já ganhou as eleições; o António Costa que sabe mais de política a dormir do que os outros acordados; o António Costa que faz sempre aquilo que deve ser feito; o António Costa forever. 

Para quem quiser menos propaganda e bastante mais jornalismo, aconselha-se que passe por aqui