Serei só eu a achar que muito mais chocante e ameaçador para a "segurança nacional" — entenda-se: do comum dos cidadãos da região portuguesa — do que jamais poderá sê-lo para os Estados Unidos a divulgação ou a não-divulgação das imagens da operação que liquidou Bin Laden, são estas notícias (aqui e aqui) das quais se faz eco este post do José M. Castro Caldas?
Escapa ao entendimento
Não sabem qual é a taxa de juro, mas já deram o seu acordo. Isto é, dizem que sim às condições do empréstimo sem saber sequer se o dito empréstimo pode ou não ser pago.
05/05/11
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3 comentários:
Não é, caro Miguel, não é.
Isto é o espelho da triste realidade a que assistimos : impossibilidade de colocar o povo português perante uma alternativa. Existe uma unica proposta, uma unica via, um unico imperativo, aceite à partida, tido como condicionante intransponivel : fazer aquilo que nos mandam.
Falhanço completo da esquerda portuguesa (e europeia).
Falhanço também, receio, da democracia.
Eu nunca fui dos que achavam que isto devia acabar na rua. Ainda hoje recuso-me a sê-lo. Continuo a achar que a rua não oferece soluções que não existam antes e que entregarmo-nos nas mãos de aprendizes de Che Guevara não é muito diferente de nos pormos nas mãos de demagogos (eu sei que v. não concorda).
Mas em boa verdade, ha que perguntar : hoje em dia, a escassas semanas das legislativas, onde é que esta a alternativa se não esta na rua ?
Abraços democraticos e republicanos.
Caro João,
não sei bem que ideias me atribui sobre o problema da "rua" e/ou da acção violenta. Gostava de esclarecer que há cerca de um ano, aqui no Vias, tentei, "tendo em conta os tempos que talvez se aproximem", pegar justamente nessa questão. Escrevia eu o seguinte, que mantenho, e talvez o leve a rever ou, em todo o caso, a precisar as divergências que diz ter em relação à minha perspectiva das condições da legitimidade democrática do recurso à força:
“Em certo sentido, a democracia propõe a prática de uma razão dialógica como alternativa à violência. À violência regular da dominação hierárquica, a democracia substitui a palavra e o debate nas assembleias e órgãos de poder igualitariamente participado de cidadãos que sejam os seus próprios governantes. Mas a garantia última do poder político da liberdade dos cidadãos e do seu governo exige destes que sejam, de uma maneira ou de outra, "povo em armas".
Eis um exemplo a que já achei útil recorrer em mais de um debate e que transponho livremente de Castoriadis: O filósofo discute com o sofista, e este diz-lhe que, se não pode vencê-lo pela argumentação, pode sempre matá-lo e calá-lo de vez. Que garantia pode pôr-nos a salvo de um sofista assim, que se esteja nas tintas para princípios, procedimentos, constituições e declarações universais? A única resposta é o exercício, em última análise violento e empreendido como luta de morte, da legítima defesa. Convém que certos paladinos da “liberdade interior”, do “direito à diferença” e do “multiculturalismo” não o esqueçam.
Ora, na mesma ordem de ideias, as decisões da cidadania governante terão de ser protegidas pela sua força armada, pela acção de "serviços de ordem" ou "milícias" não-profissionais, rotativamente assegurados. Era o que Orwell, durante a Segunda Guerra Mundial, tinha em vista ao sustentar que, depois do fim da guerra, as armas deviam continuar nas mãos e em casa dos trabalhadores, que, enquanto cidadãos tinham sido chamados a defender o país da ameaça nazi. Orwell não defendia por certo que, uma vez de armas na mão ou em casa, cada trabalhador pudesse usar as armas ou recorrer à violência para fins privados e segundo o seu arbítrio. A existência de restrições – desejavelmente severas – ao uso da violência não significa que a sua legitimidade seja monopólio de um corpo separado e profissional. A afirmação da autonomia democrática, a acção instituinte de uma livre sociedade de iguais, não pode declarar incondicionalmente ilegítimo o recurso à violência. Mas, como já disse noutra ocasião, pode e deve opor-se ao seu culto. Pode e deve desmistificar o espírito sacerdotal nostálgico e hierático, antidemocrático e irracionalista, classista e contra-revolucionário, dos que se propõem medir pelo volume de sangue derramado o carácter revolucionário ou radical de uma luta política. Podemos e devemos saber e dizer também que o combate pela autonomia, a luta que visa a destruição do poder capitalista, não é um carnaval, que, depois de inverter durante uns dias a ordem estabelecida, dá lugar a uma sua versão revigorada ou a uma reciclagem da dominação hierárquica. Os que estão interessados numa “revolução” que pratique e se possível refine os métodos e recursos da dominação na construção da “ordem nova”, ou que advogam um “socialismo” que faça tábua rasa das liberdades e direitos democráticos, desprezando-os como superstições “humanistas”, podem odiar o capitalismo e as oligarquias liberais, mas são tanto (pelo menos) como o primeiro e as segundas inimigos mortais da liberdade enquanto condição necessária de uma sociedade de iguais.“
(cf. http://viasfacto.blogspot.com/2010/05/mais-cest-une-revolte-non-sire-cest-une.html )
Abraço republicano
mso
Caro Miguel,
Para dizer a verdade eu também não sei bem que ideias é que lhe estava a atribuir no meu parêntese. Vou ler e meditar o seu comentario e os textos para os quais ele remete.
Abraço republicano.
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