28/06/12

Eutanásia estatal

Há neste momento doentes oncológicos em Portugal sem acesso à terapia que melhor funciona nos seus casos pois esta é cara. Parece que os hospitais públicos estão proibidos de fazer gastos “excessivos” para manter vivos os seus pacientes. 
 É este o rosto da austeridade “custe o que custar”, da “racionalização” que não se mete em renegociações de PPP nem ousa as prometidas extinções de câmaras municipais, nem belisca as grandes fortunas. Mas que não hesita em cortar tudo a quem menos pode. Doentes que contribuíram para o SNS durante décadas, confiando que este cuidaria das suas aflições futuras. Pessoas que agora, quando mais precisam, são entregues à desesperança porque o país foi tomado de assalto por uma horda que não se acha obrigada a respeitar compromissos. 
Burocratas sem coluna no Excel onde inserir factores como a dignidade ou o valor da vida humana. No meio deste holocausto há quem toque lira. É ler como figurinhas do calibre do inenarrável deputado laranja Carlos Abreu Amorim saltitam por aí de lágrima ao canto do olho a cantar loas ao “génio humano”, dedicado ao “bem comum”, que engendra cirurgias inovadoras... nos EUA. 
Por cá, os senhores de lápis preso à orelha têm em vista o bem do sistema financeiro e a saúde dos bancos; contas feitas, que se lixe quem precisa de medicamentos caros. Esses que saiam das suas zonas de conforto e aprendam que sobreviver nesta nossa terra é agora um luxo para privilegiados.



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2 comentários:

Diogo disse...

«uma horda que não se acha obrigada a respeitar compromissos»

Esta horda não é apenas um grupo de vigaristas a soldo da Banca. É um grupo de assassinos genocidas.

Bom post!

Diogo disse...

Como disse Fernando Madrinha - Jornal Expresso de 1/9/2007:

[...] «Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.» [...]