05/04/15

Sampaio da Nóvoa e a aposta da oposição na despolitização

Da candidatura do mandarim por si só não viria grande mal ao mundo: Sampaio da Nóvoa está manifestamente aquém do bem e do mal. Mas uma oposição que aposta tão radicalmente na despolitização só pode aplanar caminho e abrir as portas ao pior.

6 comentários:

Joana Lopes disse...

Bravo, Miguel! Abraço.

Libertário disse...

Faço parte daquela convicta minoria, maior que muitas outras, que se está cangando para o jogo político eleitoral e é visceralmente abstencionista. Pois já aprendi há muito tempo que ou decidimos na rua ou não decidimos.
Por isso mesmo já critiquei aqui, por diversas vezes, o Vias de Facto, ou os seus comentadores oficiais, por terem um especial prazer, entre discursos sobre democracia directa e autonomia, em se envolverem frequentemente nas análises eleitorais cá da freguesia e um pouco por todo o lado.
Mas não deixo de me espantar, neste ciclo pascal o Miguel Serras Pereira fez este curto, e hermético, comentário, qual Sérgio Sousa Pinto, em que parece considerar que o Sampaio da Nóvoa representa a despolitização da oposição...
Quem representa a "politização" da oposição? Guterres? Carvalho da Silva? António Vitorino? Louçã? Alegre? Marinho Pinto? Maria de Belém?Talvez Sócrates fosse o melhor exemplo de "politização" da oposição!

Ironia à parte, a questão central que se oculta é outra: a ilusão eleitoral representa, essa sim, a verdadeira "despolitização" dos cidadãos e dos movimentos sociais que o Vias de Facto deveria analisar.

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Despolitização ou re-politização? Sampaio da Nóvoa está claramente de fora do manobrismo partidário que hoje passa por política em Portugal e em grande parte do mundo; mas precisamente por isso é que está na política, isto é, no que interessa - vitalmente - à "polis."

Compare-se com Marcello Rebelo de Sousa, de quem não se pode dizer que é um anti-político e que muito provavelmente venceria Nóvoa num confronto eleitoral - mas vernceria por razões da mesma ordem por que também Zezé Camarinha venceria.

Miguel Serras Pereira disse...

Libertário,
também eu costumo abster-me nas presidenciais e a figura do "chefe de Estado" é incompatível com a minha concepção da democracia — se por algum motivo for necessário um presidente de circunstância penso que deverá ser tirado à sorte. Mas não é despolitizando as questões em torno do bom senso "anti-austeritário", essa noite em que todos os gatos são pardos, que se combate a profissionalização da política. E também não pretendi sugerir um candidato bom, embora não exclua a possibilidade, remota e difícil, do aparecimento de uma candidatura que, entre outras coisas, servisse para desmascarar as presidenciais, mostrando que a importância do papel de chefe de Estado é inversamente proporcional à força dos movimentos de democratização efectiva.
Por outro lado, quando escreves que "a ilusão eleitoral representa, essa sim, a verdadeira 'despolitização' dos cidadãos e dos movimentos sociais", subscrevo e assino por baixo.

Abraço

msp

Anónimo disse...

" Depressa e bem, duas vezes bem! ", como diria o Baltasar Gracián.Por conseguinte, com alvoroço e prazer,o Libertário traçou um divino comentário sobre as ilusões eleitoralistas que, como apontava Bakounine, perspectivando o " sufrágio universal, considerado em si-próprio e agindo numa sociedade baseada na desigualdade económica e social, jamais deixará de ser um engano,um logro(...), o instrumento mais seguro para consolidar, com a aparência de liberalismo e de justiça,mas contra os interesses e a liberdade popular, a eterna dominação das classes exploradoras ".Niet

António Geraldo Dias disse...

"Sampaio da Nóvoa e a aposta da oposição na despolitização"uma síntese que é um programa,que começa a faltar quando sobram aventuras à procura de programa- uma deriva que não é de hoje mas que face ao desespero tem agora melhores condições de frutificar em soluções prontas a servir interesses "amalgamados"sob a "hegemonia de figuras consensuais (v.g.a referência de Nóvoa a Eanes) uma tentativa de colmatar a justa crise das lideranças partidárias das formações críticas do regime.