23/11/16

Como é que havemos de chamar aos nazis?

Os neonazis americanos, que se organizam no think thank  pomposamente chamado "National Policy Institute", reuniram para festejar a vitória do seu candidato nas eleições presidenciais americanas, Donald Trump.
Um repórter do Guardian acompanhou os "festejos" durante um fim de semana. A impressão que recolheu do evento está bem sintetizada na seguinte frase:
"But to an outsider, the conference merely served as a shocking insight into the racism, sexism and disturbing beliefs of the “alt-right”

Os neonazis americanos acham que chegou a hora de influenciar a politica americana e dessa forma conseguir mudar a sociedade no seu conjunto. O objectivo é mais amplo do que aceder ao poder e ter acesso aos benefícios materiais que esse acesso permite. Trata-se de aproveitar esta oportunidade para promover uma revolução.
Esse objectivo está claramente expresso numa declaração do líder do movimento:

“We want to influence people. We want to be an intellectual vanguard that starts to inflect policy, inflect culture, inflect politics,”. 

A quem manifesta uma tão grande devoção a Hitler e defende os ideais nazis, como devemos chamar? E a Trump que beneficiou deste apoio durante a campanha nunca o renegando? Trump que escolheu um confesso camarada destes nazis para a equipa politica que vai levar para a Casa Branca, Stephen Bannon de seu nome.
Porque raio não devemos chamar às coisas aquilo que elas são.

8 comentários:

Miguel Madeira disse...

Não me parece que Bannon seja um nazi ou coisa do género - pelo que tenho lido, parece-me é mais um conservador religioso convencido que pode mobilizar a extrema-direita contra a esquerda, e que com o tempo a extrema-direita irá moderar-se, abandonar o racismo e tornar-se o que ele chama de "populismo de centro-direita"; vendo as coisas de outra maneira, uma espécie de Paul von Hidenburg ou Franz von Papen.

Anónimo disse...

Bannon, o conselheiro-em-chefe de Trump foi antigo banqueiro na Goldman Sachs e enriqueceu depois com investimentos afortunados no cinema e nos média de investigacao... Bernie Sanders e diversas Ligas anti-racistas manifestaram-se contra a sua nomeacao, saudada pelo partido Nazi americano e o Ku Klux Klan. Adepto do Tea Party é dado na imprensa norteamericana como o " Goebbels " do presidente eleito. Niet

Miguel Madeira disse...

A minha opinião sobre as ideias de Bannon baseiam-se nesta conferência que ele deu há dois anos:

https://www.buzzfeed.com/lesterfeder/this-is-how-steve-bannon-sees-the-entire-world

Anónimo disse...

Miguel Madeira: O próprio Trump já foi do Partido Democrático. Tendo mudado 4 a 5 vezes de partido nos últimos anos. Bannon é um raider financeiro e como Trump um empresário de golpes e aventuras, mas é intelectualmente muito mais forte e pode " influenciar " o PR e o trio infernal nomeado para a NSA, a Cia e o Pentágono.Niet

José Guinote disse...

Meu caro Miguel o meu post visava mostrar que o movimento alt-right que apoia Trump é um movimento neonazi. Sem margem para dúvidas. O artigo do Guardian que cito é esclarecedor. Bannon está identificado como um dos líderes dessa direita neonazi e um dos seus ideólogos. Antisemita, racista, defensor da supremacia branca, defende até a reposição da bandeira da confederação dos tempos da segregação racial e da escravatura. Quem iria colocar uma personagem assim na Casa Branca?

Niet disse...

Hoje num artigo decisivo S. M. Walt, o insubstituivel prof. de Harvard. alerta para os dez perigos que Trump e sus muchachos podem fazer correr à democracia americana. E lembra que Poutin, Erdogan, os presidentes hungaros e polacos, etc, modelos e amigos do novo presidente eleito, foram paulatina e obstinadamente cerceando a riqueza e diversidade da democracia politica na Russia, Turquia e nos dois famigerados estados da Europa Oriental referidos. Sobre Bannon, um " nacionalista branco fanático e possante", diz que ele pode instrumentalizar e propaganda do sistema trumpist, a um nivel de enlouquecer, articulando o tweet presidencial, a Fox News e o blogue Britbart.Mas nada está ainda perdido para o campo democratico, alerta Walt. Niet

Miguel Madeira disse...

É este?

http://foreignpolicy.com/2016/11/23/ten-ways-to-tell-if-your-president-is-a-dictator/

Niet disse...

No mesmo estilo...telegráfico digo: É. Está lá tudo escrito com uma precaucao extrema e um asseptico tom universitário, mas nada de águas chilras europeias do mesmo patamar, se bem me faco entender!. Salut! Niet