20/12/17

Em defesa do independentismo catalão

Esta posição poderá surpreender quem me tem lido regularmente - a minha opinião tradicional face aos separatismos era "sim à autodeterminação, não à independência" (isto é, que regiões com movimentos independentistas devem ter o direito de decidir se querem ou não ser independentes, mas que na maior parte dos casos o melhor é decidirem não se tornar independentes).

No entanto, no ponto atual em que as coisas estão, qualquer derrota do pequeno nacionalismo catalão será uma vitória do grande nacionalismo espanhol - mais exatamente, será vista como uma validação da política de mão dura de Rajoy e Filipe VI. Um reforço da posição "autodeterminação, sim; independência, não" seria positiva se fosse à custa da posição "nem autodeterminação nem independência", mas o mais provável era que o fosse à custa da posição "autodeterminação e independência".

E, apesar de tudo, o nacionalismo catalão não é uma simples versão em ponto pequeno do nacionalismo espanhol - temos logo uma diferença fundamental: os nacionalistas catalães reconhecem aos habitantes da Catalunha o direito a decidir se querem ser espanhóis ou catalães; já os nacionalistas espanhóis não reconhecem esse direito e insistem que eles têm que ser espanhóis, quer queiram, quer não.

Além disso o nacionalismo catalão não parece  por enquanto cair na contradição de outros nacionalismo separatistas por esse mundo fora, que após, ou mesmo ainda antes, da independência começam logo a defender a "(nova) pátria una e indivisível"  contra os seus próprios separatismos e/ou regionalismos (lembro-me de em 1990 ainda a Moldova fazia parte da URSS e já os nacionalistas moldovos andavam a reprimir os gagauzes): veja-se que no Vale de Arão (uma região  catalã de cultura occitana/gascã, cuja autonomia não foi suprimida após a Guerra da Sucessão de Espanha, ao contrário do resto de Aragão/Catalunha), os partidos independentistas catalães têm optado por ter partidos-irmãos locais "occitanistas" defensores da autonomia da subregião (a Convergência Democrática Aranesa para o PDeCAT, a Esquerda Republicana Occitana para a ERC, e até certo ponto o Corróp para CUP), em vez de dizerem "isto é tudo Catalunha, não vamos criar subdivisões".

E atenção que o meu post se chama "Em defesa do independentismo catalão", não "Em defesa da independência catalã" (não é exatamente a mesma coisa - neste momento, mesmo do ponto de vista de quem prefira uma "Confederação das Repúblicas de Espanha", ou coisa parecida, acho que esse resultado estará mais próximo se os independentistas se fortalecerem do que se enfraquecerem).

3 comentários:

Anónimo disse...

"ainda a Moldova fazia parte" Suponho que quer dizer Moldávia. Agora predomina a ideia de substituir as palavras portuguesas (exemplo: dizer trekking em vez de andar à pata) mas não há necessidade.

Miguel Madeira disse...

Na altura dizia-se Moldávia, mas após a independência comecei a ouvir dizer "Moldova" (mas agora fui ver e realmente a wiki portuguesa chama-lhe "Moldávia", com uma grande secção sobre o tema na página de discussão).

mensagensnanett disse...

Espanhóis: estão em FALÊNCIA DEMOGRÁFICA... mas... mas lá continuam com os seus 'tiques dos impérios'.
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MENSAGEM PARA OS ANTI-SEPARATISMO
(mensagem em divulgação, ajuda a divulgar)
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Pessoal anti-separatismo:
---» CONTINUEM A DESBARATAR/VENDER TUDO AQUILO QUE PUDEREM MAS NÃO CHATEIEM os separatistas que trabalham para a sobrevivência da sua Identidade.
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-» A gente sabe que para os anti-separatismo é tudo para vender/desbaratar; ex: na Europa a propriedade pública, e a propriedade privada tradicional ESTÃO A DESAPARECER (é ver as estatísticas)... a pouco e pouco, está tudo a ser vendido a multinacionais e a oligarcas (africanos, do médio oriente, etc).
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Mais:
- a gente também sabe que os anti-separatismo não só não trabalham para a sustentabilidade (média de 2.1 filhos por mulher) da comunidade nativa... como também... andam por aí a lamber-as-botas aos salvadores da demografia; mais, andam inclusive a lamber-as-botas à boa produção demográfica daqueles que tratam as mulheres como úteros ambulantes (ex: islâmicos).
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E mais:
- a gente também sabe que os europeus anti-separatismo trabalham como lacaios/mercenários ao serviço da alta finança (capital global) -» trabalham para a eliminação de fronteiras... nota: a alta finança ambiciona terraplanar as Identidades, dividir/dissolver as Nações para reinar...
[ os mercenários europeus - tal como a alta finança - são intolerantes para com os povos autóctones (economicamente pouco rentáveis) que procuram sobreviver pacatamente, e ao seu ritmo, no planeta ]
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Uma nota: tal como seria de esperar, os lacaios/mercenários não têm falado neste caso: em pleno século XXI tribos da Amazónia têm estado a ser massacradas por madeireiros, garimpeiros, fazendeiros com o intuito de lhes roubarem as terras... muitas das quais para serem vendidas posteriormente a multinacionais (uma obs: é imenso o património no Brasil que tem estado a ser vendido à alta finança).
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Anexo:
DEMOGRAFIA E SEPARATISMO-50-50
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---»»» Todos Diferentes, Todos Iguais... ou seja, TODAS as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
Ou seja: os 'globalization-lovers', UE-lovers e afins, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
Ou seja: separatismo-50-50 -» o legítimo Direito à Sobrevivência das Identidades Autóctones!
---»»» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
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Nota 1: A existência de outros não faz confusão aos separatistas-50-50... mais, os separatistas-50-50 não são fundamentalistas: leia-se, para os separatistas-50-50 devem ser considerados nativos todas as pessoas que valorizam mais a sua condição 'nativo', do que a sua condição 'globalization-lover'.
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Nota 2: Mais, é preciso dizer NÃO à democracia-nazi; isto é, ou seja, é preciso dizer não àqueles que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros.