12/01/18

A outra polémica do momento na cidade luz



Diz respeito à edição dos três panfletos anti-semitas de L-F Céline, cuja publicação nunca foi proibida, e continua hoje autorizada, o que ninguém põe em causa, mas à qual a família do escritor (a viúva, hoje com 105 anos de idade) se opunha até muito recentemente, tendo mudado de opinião.

Não tenho coisas muito interessantes a dizer sobre a polémica em si, editorialo-comercialona, mas se estiverem interessados em poupar umas horas, posso informar-vos que eu, que sou admirador incondicional do escritor (apesar do filho-da-puta que foi enquanto pessoa), li dois dos três panfletos há mais de vinte anos atrás e achei-os tão insonsos e desprovidos de qualquer relevo que nem procurei ler o terceiro. Portanto se querem um bom conselho, poupem o tempo que poderiam gastar com a polémica e utilizem-no para ler ou para reler o Voyage au bout de la nuit, Mort à crédit, D’un château l’autre ou o magnífico Nord. Se não souberem francês, leiam a impecável tradução de Morte a crédito da grande Luíza Neto Jorge.

A não ser, claro, que se importem de ler escritores que se comportaram em vida como sacanas, ou que considerem que isso é mau de um ponto de vista literário. Nesse caso, não se limitem a ignorar Céline. Sejam coerentes até ao fim e deixem também de ler Curzio Malaparte, André Gide, Bertolt Brecht, Camilo Castelo Branco, Jean-Jacques Rousseau, Santo Agostinho, Horácio, etc.

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