05/05/18

As eleições locais no Reino Unido. Quem ganhou e quem perdeu?

Parece que os Conservadores saíram vitoriosos das eleições locais que tiveram lugar  no Reino Unido no passado dia 3.  Pelo menos a forma como festejaram os resultados apontam para uma vitória.[Para quem quiser analisar os resultados com o máximo detalhe esta ligação é a ideal.]
Na verdade não será bem assim. No caso de Londres os conservadores tiveram o seu pior resultado desde 1971. Os trabalhistas de Corbyn tiveram em Londres os melhores resultados no mesmo período.
Parece estranho que May tenha celebrado vitória em Wandsworth, um dos círculos eleiotrais londrinos que era disputado pelos trabalhistas. O Labour ficou a cerca de 80 votos de conquistar a maioria dos lugares . O mesmo accnteceu em Westminter com os trabalhistas a obterem o melhor resultado de sempre, no entanto, aquém do necessário para vencerem.
Nos objectivos mais importantes perseguidos pelos trabalhistas destacavam-se dois círculos eleitorais em Londres, Wandsworth e Westminter e o círculo de Swindon. Em todos eles o Labour cresceu por troca directa com os Conservadores mas não de forma suficiente para lhes permitir passar a liderar. Em Barnett, um círculo eleitoral  de Londres, o Labour sofreu uma das suas mais dolorosas derrotas, por troca directa com os conservadores.

Parece que há algumas  conclusões que é necessário retirar destes resultados. Em primeiro lugar  a campanha contra o antisemitismo que dominaria o Labour foi muito eficaz. O partido de Jeremy Corbyn não foi capaz de lidar com a questão e a liderança, fortemente conservadora, da comunidade judaíca fez o resto. Os quatros círculos eleitorais com uma maior presença da comunidade são exactamente Barnet, Wandsworth, Westminter e Swindon.

Em segundo lugar a implosão do UKIP determinou uma transferência quase total de votos para os Conservadores que, em muitos casos, lhes permitiu manter a liderança em importantes círculos eleitorais. Sem essa transferência os Conservadores teriam tido um resultado mais modesto. Há aqui uma fidelidade do voto pró-Brexit que deveria permitir a Corbyn, e aos seus acólitos, rediscutir o posicionamento do partido nesta questão. A atitude actual de inflexibilidade perante o resultado do referendo dá trunfos à ala direita dos trabalhistas e aos conservadores.

Em terceiro lugar os trabalhistas foram eficazes a denunciar o escândalo Windrush - e isso foi a acção mais importante, pelo seu significado para a vida das pessoas -  mas não foram capazes de questionar e combater  a alteração na forma de votação. Em consequência disso cerca de 4 mil eleitores foram impedidos de votar, nos círculos eleitorais em que a medida foi testada.

O Labour é cada vez mais um partido próximo de voltar à governação. Falta apenas limar as últimas arestas. Umas delas é a posição do partido face ao Brexit. A outra é a capacidade para afastar aqueles que adoptam posições negacionistas, como  os que, cegos pelo ódio à extrema- direita israelita no poder, se atrevem a negar o holocausto, branqueando o nazismo.


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