31/08/18

A responsabilidade sobre a crise argentina

Em novembro e dezembro de 2015, Antonio Costa e Mauricio Macri substituíram, respectivamente, Cristina Kirchner e  Passos Coelho como governantes dos respetivos países.

Face à atual crise argentina, muita gente diz que ainda é culpa dos governos do casal Kirchner, e ainda do default à dívida em dezembro de 2001 (sob o presidente interino Adolfo Rodriguez Saa). Curiosamente são os mesmos que, perante qualquer problema que exista neste momento em Portugal, recusam visceralmente que ainda possa ser culpa das políticas do governo anterior.

Claro que se pode perguntar se não se pode também dizer exatamente o inverso - em parte, mas creio que não com tanta intensidade (pode ser erro de perceção meu, mas parece-me que até se vê mais gente de direita a falar da crise argentina - e tentando defender o presidente atual - do que de esquerda).

Já agora, a ideia que a crise é culpa dos Kirchner parece muito difícil de conciliar com a "hipótese dos mercados eficientes" - afinal, "os mercados" sabem que políticas o governo argentino seguiu desde 2003 até 2015, logo (já em 2015) todos os efeitos dessas políticas já estariam incorporados no valor do moeda argentina, nos juros da sua dívida, etc. Assim, se em 2018 o peso argentino começou a desvalorizar, só pode ter sido por nessa altura (e não 3 ou 10 anos antes) ter havido alguma mudança de opinião dos investidores sobre as perspetivas da economia argentina.

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