07/06/10

Chorai famílias, chorai

A partir de hoje, as famílias, as boas famílias portuguesas, ameaçam ruína. Muitos casais se vão separar, muitas crianças vão ficar órfãs de liderança mista. Porque os exemplos pegam-se, são como a sarna. Muitas esposas vão querer trocar os esposos pelas suas amigas do peito. E muitos varões vão saltar do leito conjugal para receberem, na Conservatória, as carícias do melhor amigo que tiveram no primeiro ciclo. Santana Lopes, zangado, vai desistir de celebrar, numa discoteca, o seu décimo matrimónio. César das Neves, enojado com os orgasmos homo, decerto vai deixar de escrever, dar aulas e pregar. Cavaco nunca mais vai levar Maria a Capadócia. Dom José Policarpo vai deixar de fumar para poder ser Papa e tudo meter na ordem. Como se a crise não bastasse, Helena Paixão e Teresa Pires acrescentaram a cerimónia da desordem final. Porque há milhões de portugueses que, imitativos que somos, vão querer experimentar o sentido lúdico da sua exibição simbólica e mediática. Com uma dívida pública descomunal, um défice difícil de domar, cinto além do último furo e já transformado em cordel de segurar as calças abaixo do estômago vazio, com férias confinadas a uma tenda num parque de campismo cá dentro, Cavaco ainda em Belém, Sócrates ainda em São Bento, uma esquerda entregue à pastorícia de José, Francisco e Jerónimo, acabando-nos com o deus-pátria-família, o que nos resta?

(publicado também aqui)

2 comentários:

agent disse...

O futebol.

João Tunes disse...

Tanto? Isso é muito. Proponho, mais adequadamente: o Benfica.