03/06/10

Os “anticapitalistas” são continuadores de Vital?

(versão corrigida para identificação correcta do autor deste "artigo de opinião")

Note-se a tentativa - derrotada - de repetir «incidentes» como o de V. Moreira, no 1.º de Maio de 2009, com a (contra) manifestação sectária do BE, a provocação dum grupelho de «anarcas», ou os «empurrões com a polícia», encenados para uma câmara de televisão, cuidadosamente colocada numa rua afastada do percurso da manifestação.

(Carlos Gonçalves, da Comissão Política do PCP, no último “Avante”)

35 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Genial síntese, meu caro João - com efeito.
Raramente terá tido expressão tão lapidar a síntese entre a teoria da história concebida como movida pela luta de classes e a teoria da conspiração. É verdade que esta caracterizou sobretudo, à partida, os nostálgicos mais reaccionários do Antigo Regime derrubado pela Revolução Francesa. Mas, bem vês, só se supera o que se conserva, e, depois, é mais económico, logo mais racional e mais justo, matar dois coelhos de uma cajadada: o direitista Vital Moreira e os esquerdistas, que são agentes, como VM, do governo de Sócrates , só que camuflados de democratas e radicais para sabotarem a vanguarda e dificultarem aos trabalhadores a identificação da "consciência organizada" à qual a história confiou a missão de os governar.

Abraço (anarco-reformista e esquerdista-democrático)

miguel sp

Anónimo disse...

Que delirante anda o Avante de estes dias! Que delirante!

João Tunes disse...

O seu a seu dono: a síntese é do Avante, Miguel.

Miguel Serras Pereira disse...

Sem dúvida, João. Desculpa se não é claro que o entendi. Mas pensaste, a sério, que eu pensei que fosse tua?
Enfim, é verdade que hoje já por aí ( http://viasfacto.blogspot.com/2010/06/sobre-israelitas-palestinianos-extrema.html#comments ) apareceu um comentador a afirmar que, quando alguém cita a frase de um idiota, a responsabilidade não é do idiota, mas do citador.
Cuidado, pois, com as citações, camarada.

miguel sp

miguel disse...

MSP: "Cuidado, pois, com as citações, camarada."

E, acrescento, não esquecer de referir o autor do texto citado (Carlos Gonçalves, neste caso). Se o fizer - se se 'esquecer' de referir o autor do texto de opinião - não deve colar ao lado a fotografia de outra pessoa, pois pode dar-se o caso de o leitor associar, inadvertidamente e contra a intenção do citador, o fotografado com o texto referido.

"O seu a seu dono"

Miguel «Provocador»

Anónimo disse...

MS. Pereira e todos em geral: A terrível obsolência das práticas totalitárias do PCP não terá a ver com a própria linguagem e pragmatismo que o suporta, onde a " correcção " de Marx e de Lénine se projecta e revê como naquela profecia de Orwell- transcrita em " 1984"-de que havia claramente a possibilidade de a mesma evolução que tornara tecnicamente possivel a igualdade humana poder tornar possível a escravatura perpétua ? Niet

Anónimo disse...

Desculpem, mas:

1)o srs. tunes e MSP são sindicalizados?

2)trabalham (trabalham?)em que ramo de actividade? São assalariados? free-lancers? what?

3) No vosso local de trabalho que actividade concreta desenvolvem no âmbito sindical e de defesa dos direitos dos trabalhadores?

4) Quando foi a última vez que estiveram num plenário de trabalhadores? Quando foi a última vez que fizeram um dia de greve?

5) Que autoridade têm para se pronunciar sobre o sindicalismo português? A "autoridade" dos marretas que apupam do balcão?

A CGTP - que vocês chamam de "reformista", "burocrática" e etc. agregou 300.000 trabalhadores num dos maiores protestos ever! Que fazem os senhores? Insinuam, insultam e na prática fazem o jogo do sócras e do patrão.

tenham decência, publiquem este comentário e dignem-se a responder às questões colocadas que é para depois o (incauto) leitor ajuizar se a vossa opinião tem algum tipo de crédito ou se simplesmente têm uma tara qualquer edipiana não resolvida com os comunistas do PCP.

Sim?
Muito obrigado,
subscreve um trabalhador sindicalizado, com cotas em dia, que vai às manifs e faz greves

João Valente Aguiar disse...

De facto, o Anónimo coloca o dedo na vossa ferida. Como podem chamar burocrática a uma organização sindical como a CGTP, quando esta consegue mobilizar 300 mil trabalhadores, mais ainda no contexto histórico actual de fortíssimo ataque aos direitos dos trabalhadores? Que é vocês fazem para levar mais gente à luta contra os ataques que o patronato e os governos ao seu serviço têm desencadeado? Extraordinário como, num momento crucial, se preocupam mais com o PCP (que até podem não concordar com a sua ideologia e a sua prática) e mto pouco com o capital? E porque é que um blog como este que se diz de esquerda quase não tem textos a analisar a realidade social e económica vigente?

Às vezes fica-se com a impressão que é mais importante para grande parte dos escribas deste blog aturar as taras patológicas anti-comunistas do João Tunes [tb já sei que quando esta personagem ler estes comentários vão barafustar e insultar como é seu costume, mas isso é problema dele] do que compreender e transformar a realidade existente, do que superar o capital. O Belmiro de Azevedo se visse boa parte dos posts deste blog iria rir-se a bandeiras despregadas ao ver como certos tipos que se dizem de esquerda se preocupam mais em bater no PCP e na CGTP do que nos capitalistas. Continuem assim que o capital agradece. E, no fim, sorri.

Miguel Serras Pereira disse...

Pois já cá tardavam os idiotas úteis da brigada Brejnev, mais as suas artimanhas de esbirros ineptos a armar ao imparcial e ao independente e a multiplicarem-se em truques dialéctico-policiais de interrogatórios que só a eles incriminam.
Ouçam bem, seus filhotes espirituais de Estaline: não é à vossa quadrilha que respondo, porque estou farto de saber por outras intervenções da laia das vossas que, se alguém vos disser que fui saneado no 25 de Novembro, a resposta é chamarem-me "novembrista", que, se alguém vos disser que, enquanto fui jornalista, fui sindicalizado, ou que fui delegado à comissão de trabalhadores da empresa, a resposta é que isso só prova o meu anticomunismo, e por aí fora, grandes aprendizes de bufos.
Para os outros frequentadores da casa, deixo estas perguntas (tendenciosas, claro): o que é que o número de aderentes de uma central sindical diz sobre o seu reformismo, métodos democráticos, orientação geral? A IWW era mais reformista, burocrática, antidemocrática e menos combativa do que a AFL-CIO, por ser minoritária? O PS é mais radical do que o BE por ser muito mais numeroso?
Mas não vale a pena continuar. Se eu disser que, tal como o João, e pelo menos todos os membros do Vias que escreveram sobre o asunto, apoiei a manifestação de 29 de Maio último - como é fácil verificar consultando os posts dos dias que a precederam -, a resposta será que esse apoio foi uma infiltrração destinada a garantir a presença da televisão em não sei que incidentes planeados pelo governo para entalar a CGTP…

msp

Anónimo disse...

MSP:

Às perguntas que lhe coloquei você respondeu com insultos.

Fez não sei o quê? Há 30 anos? Parabéns! Com jeitinho ainda ganha uma comenda.

Mas plo menos ficou claro que você é um daqueles "treinadores de bancada". Nada que não se advinhasse, mas é sempre lê-lo pela pena do outro.

Já agora um reparo: tem o ecrã do seu monitor cheio de perdigotos. Tente não espumar tanto ódio pela boca: é inestético.

Muito obrigado,
Um trabalhador sindicalizado na CGTP-IN

Miguel Serras Pereira disse...

Agente Anónimo,
não respondo a agentes não identificados nem a agentes provocadores - é uma dessas liberades formais que me assiste e que tem a sua substância…

msp

Anónimo disse...

J. Valente Aguiar: Toda a gente sabe que o PCP é um partido sistémico e reformista, de há longos anos a esta parte. E que a CGTP, para lá do bem e do mal, está sujeita a grandes manipulações " politiqueiras " da direcção dos " alegados " pseudo-comunistas do PCP, espécie única e irrisória na Europa dos tempos que correm.Esta " manobreta " de ensaiar golpe-de-mão instrumentalizador, aqui expresso, faz parte da panóplia de recursos inoperantes e castradores, arcaicos e inócuos que denotam o estertor da prática centrista e zigzagueante da táctica tendencial sado-masoquista de colapso político, a prazo, do PCP. E eu respeito o legado histórico do PCP,
nos anos 40 e 50. Niet

João Tunes disse...

Só respondo ao anónimo das 12h07 (porque o Valente fica automaticamente respondido pois deve ser seu controleiro espiritual, quiçá seu inspector superior por méritos de pide académico com teses fartas e publicadas sobre pacotes de marxismo-leninismo transnacional).

1. As perguntas que me fez são demasiado e surpreendentemente semelhantes às que um pide de turno me fez na Cadeia de Caxias em 1965 (tinha então os meus verdes 20 anos).

2. Não lhe respondi por exigir que ele se identificasse primeiro. Ele preferiu (também) o anonimato, argumentando que era uma autoridade na defesa do Estado e isso, numa prisão, bastava. E ficou por assinar o auto em que fui declarado como activista clandestino ao serviço do PCP e atentar contra a segurança do Estado e, assim, recolher aos calabouços.

3. O mesmo pide também era sindicalizado (no "Sindicato Nacional" do ramo), tinha as quotas em dia (no Sindicato e na Legião) e ia às manifestações organizadas pelos estudantes e pelo PCP (ele não se identificou mas fiquei a conhecer-lhe a fronha). Fazia, nelas, serviço de segurança contra os "anticapitalistas" da época.

São pessoas como você, sobretudo os vossos mais cobardes, mais ou menos letrados, mais ou menos sindicalizados, mais ou menos provocadores, mais ou menos bloggers, mais ou menos cobertos pela cumplicidade da brigada brejnev, os que não dão a cara para não levarem com uma lambada de luva da honra calçada mesmo que dada com a força possível de um velho, que fazem o comunismo parecer-se com o fascismo. Com o único efeito pedagógico, mantendo-vos abaixo do segundo dígito, de revelarem o que se podia esperar de vós se instalados no poder, com polícia e prisões às vossas ordens, como fizeram sob Estaline e em todo o império soviético e fazem hoje em Cuba, na China e na Coreia do Norte. O PCP saberá se vcs os ajudam às suas causas. E o povo igualmente.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Miguel Serras Pereira disse...

P.Q.P.I.
Foi você que disse "anticomunismo"? Supondo que tenha interesse nalguns recordes históricos do verdadeiro, do verdadeiramente sangrento, do puro, do da Bayer, "enraivecido e primário", sugiro-lhe dois livros do comunista Pierre Broué, Communistes contre Staline (Fayard, 2003) e Staline et la révolution - le cas espagnol (Fayard, 1993); sobre a entrega de comunistas alemães à Alemanha hitleriana, um bom resumo, com bibliografia suplementar, é o ensaio do comunista João Bernardo intitulado Os Náufragos, publicado no Passapalavra (http://passapalavra.info/?p=9956)

Boa leitura

msp

Anónimo disse...

MSP:

A você continua a escapar o essencial. Em tom polido e com fundamentação perguntei-vos que autoridade tinham para dissertar a bel prazer sobre os caminhos do sindicalismo em Portugal. Pelos vistos nenhum.

Não sou do PCP mas também não ando com ódios de estimação às costas. Nem tenho interesse em aparecer por aqui ou seja por onde for. É que os "pides" andam realmente por aqui ( o "aqui" não é necessariamente neste blog, entenda-se!).

Anónimo disse...

já agora pode acabar de deletar todos os meus comentários. Era um favor que lhe pedia.

Anónimo disse...

Miguel Serras Pereira, sempre falacioso, sempre manipulador.

O anónimo das 12:07 contesta a acusação de reformista e burocrática à CGTP realçando a espantosa agregação de trabalhadores que promoveu no último sábado.

De igual modo, o JVA, no comentário das 13:53, contesta a acusação de burocrática à CGTP relevando a gigantesca manifestação que esta organizou.

Em ambos os comentários é clarinho para quem saiba ler que os autores se referiam ao espírito de luta, à capacidade de mobilização da CGTP, e que se referiam ao seu carácter de massas, não na perspectiva do número dos seus aderentes (o que também seria justo salientar), mas do número de trabalhadores que movimenta na luta. Isto é, exactamente o contrário do que se esperaria de uma central sindical reformista e burocrática.

No entanto, na sua nota das 14:40, com a desonestidade intelectual que crescentemente o caracteriza, o Miguel Serras Pereira procede como se os anteriores comentadores se tivessem referido ao número de aderentes da central sindical e não, como foi o caso, ao número de aderentes ao protesto que esta organizou, e parte daí para uma deslocada e despropositada comparação entre a IWW e a AFL-CIO e entre o BE e o PS.

Claro que ao falsificar os comentários dos opositores, fica o Miguel Serras Pereira, apesar do estafado truque de retórica de responder dizendo que não se responde, a discutir, disparatadamente, consigo próprio.

Rui Fontes

rui disse...

consta que o partido nacional socialista também mobilizava manifestações com centenas de milhares de trabalhadores. e também falavam de "anticapitalismo".
depois do estalinismo do brejnevismo, do "pensamento zuche", do "sendero luminoso", o que faltará à esquerda libertária para tratar estes tipos como fascistas criminosos que são, só por repugnância em cair mo "reformismo". Como é possível ainda hoje, depois dos exemplos históricos, estabelecer "plataformas" de luta "anticapitalista" com o engodo de que "estão com as massas"? QUal o prazer masoquista de se saber que acaba tudo sempre na mesma história, os "esquerdistas" de hoje, tolerados porque faz jeito são os fuzilados de amanhã, quando o poder da burocracia estiver consolidado. Porquê então persistir?

Miguel Serras Pereira disse...

Rui Fontes,
que maçada - o seu "anónimo" escreveu que a CGTP "agregou 300.000 trabalhadores num dos maiores protestos ever! Que fazem os senhores? Insinuam, insultam e na prática fazem o jogo do sócras e do patrão". Se isto não é invocar a quantidade como qualidade, vou ali e já venho.

Anónimo que me pede que apague os comentários: acho que o deve fazer você mesmo - e, de resto, o post é do meu camarada João Tunes.

Já chega - ou querem continuar a humilhar-se assim?

Anónimo disse...

Miguel Serras Pereira, que maçada!

O anónimo das 12:07 fala da agregação de trabalhadores no protesto de 29 de Maio – isto é, do número de aderentes a um protesto.

[A propósito, o anónimo não é “meu” como insinua, visto que o desconheço inteiramente; por muito que lhe custe, é mais seu do que meu, visto que foi a si, e não a mim, que se lhe dirigiu; mas isso é apenas mais um daqueles pequeninos truques de retórica para desqualificar os interlocutores, que, como afirmei, crescentemente o vão caracterizando.]

O JVA, das 13:53, também fala da mobilização de trabalhadores no protesto de 29 de Maio – isto é, do número de aderentes a um protesto.

O Miguel Serras Pereira, às 14:40, respondendo (mas dizendo inabilmente que não responde), falsifica o sentido dos comentário e fala do “número de aderentes de uma central sindical”, em vez do número de aderentes ao protesto organizado por essa central sindical, o que, convenhamos, é algo de substancialmente diferente e que não lhe deixaria tanta margem para as descabidas perguntas e comparações que faz de seguida.

Agora, às 20:08, com as tergiversações habituais, justifica-se com a referência à transformação da quantidade em qualidade.

O que está em causa é que, com toda a justeza, os comentadores realçavam a grande adesão numérica ao protesto da CGTP e o Miguel Serras Pereira, manipulando, responde-lhes como se falassem numa grande adesão numérica aos sindicatos da central.

Pois é Miguel, é uma maçada. Quando as deturpações, de post para post, de comentário para comentário, de resposta para resposta (ainda que, desajeitadamente não assumidas como tal), de dia para dia, se acumulam, pode bem o leitor ser levado a concluir – e, com a continuação, a lamentavelmente confirmar –, que a monumental quantidade de deformações e desfigurações do sentido e da letra dos textos de outros se transformou na triste mudança da seriedade e da rectidão para a desonestidade intelectual e a baixeza.

Rui Fontes

Miguel Serras Pereira disse...

Rui Fontes,
sim, confesso que posso ter confundido os seus comentários com outros parecidos.
Quanto aos números, é como você quiser, tanto dá. Apoiei a manifestação, como muita gente que critica e denuncia a burocratização que compromete a acção sindical da CGTP, é suicidária para a central, etc., etc. Mas insisto em que a quantidade dos manifestantes não é um argumento que prove a saúde democrática das direcções sindicais.
Não sei nem me interessa continuar com este aspecto da discussão. O que se passa é que Carlos Gonçalves acusou o BE de organizar uma contra-manifestação, os aderentes à "concentração anticapitalista" (de apoio à manifestação) de serem provocadores e as vítimas da, e opositores à, bestialidade dos agentes fardados que atentaram à vista de muitas e várias testemunhas contra a "segurança pública" de terem preparado os incidentes para uma câmara de televisão de antemão prevenida. Mais, com uma falta de de sentido do ridículo clamorosa que pede meças à desonestidade das suas palavras, acusou todos os elementos que referiu (BE, anarcas, pessoas que protestaram perante uma carga policial afascistada) de terem querido repetir os incidentes "como o de Vital Moreira, no 1º de Maio de 2009".
Ora, tudo o que se seguiu nesta caixa de comentários tem a ver com o facto de você e outros caluniadores sem escrúpulos terem saído a terreiro em defesa das afirmações também caluniosas do capelão ideológico Gonçalves, tentando desviar a discussão dos acontecimentos e da sua apreciação política para ataques pessoais dirigidos contra o João Tunes e, depois, também contra mim.
Quanto mais dizem, mais se cobrem de lama e mais comprometem a causa que invocam - ainda não percebeu isso? Quer continuar? Anda a estudar para mártir? Está a ver se consegue mais nomes para incluir no processo do chefe Gonçalves, e dar uma ajuda na tentativa que ele faz de ilibar a prepotência dos agentes? Ainda não levou que chegue? Ah, sim, reconheço que a sua persistência na servidão voluntária é exemplar.
msp

Miguel Madeira disse...

Pondo as coisas de outra maneira - os comicios do PS têm provavelmente muito mais gente do que os do BE, e nos EUA as celebrações do "Labor Day" têm mais gente que as do 1º de Maio.

Zé Neves disse...

caro joão valente aguiar,

se neste blogue se perde tempo a atacar o PCP, e como tal há um desvio em relação ao essencial; será que quem perde tempo a atacar este blogue não estará ainda mais longe do essencial?

Ricardo Noronha disse...

Pense-se o que se pensar sobre a manifestação, a CGTP ou este blog, uma coisa parece certa. As milhares de pessoas que desceram a av. da liberdade não o fizeram para que Carlos Gonçalves pudesse escrever artigos caluniosos no Avante!
E como alguém perguntou sobre o ser ou não sindicalizado e ter ou não feito parte de um piquete de greve, fica uma pergunta não menos relevante: quantos membros da mesa nacional da CGTP entraram num local de trabalho para trabalhar nos últimos vinte anos? Isto não é nada contra as pessoas em causa, mas talvez seja útil quando debatemos a burocratização de uma central sindical. Ao fim e ao cabo, ser «trabalhador» não é um estado de espírito.

João Valente Aguiar disse...

JTunes,

Que doença! Claro que é mais fácil agitar o papão dessa coisa da não sei quantas Brejnev (ainda por cima o homem era um calão e pouco dado a ímpetos revolucionários) do que em debater as questões fundamentais aqui colocadas:
1- porquê existir neste blog mais interesse em criticar o PCP do que em analisar o actual estado da sociedade portuguesa e do capitalismo internacional?
2- para quê andar a insistir sempre que a CGTP é reformista e, no fim de contas, nada fazerem para trazer mais trabalhadores ao sindicalismo de classe e o rejuvenescer.

Se você acha isto insulto, então não há nada a fazer consigo... (e não venha dizer que dizer isto é insulto)...

Ao José Neves,
Esses jogos de palavras são giros mas não colhem. Talvez se lhes puser uns laços eu dê mais atenção.
Agora a sério. O que eu critiquei (e critico) refere-se sobretudo com o ponto 1 acima referido neste comentário, ou seja, se este blog se define de esquerda e se supostamente se interessa em congregar esforços, com diferentes correntes, contra a actual situação de carregar sobre os trabalhadores o que eles nada têm culpa (PEC, aumento da precarização e das dificuldades quotidianas, etc.), então para que é que existe uma maior preocupação da maioria dos bloguers em atacar o PCP em vez de se concentrarem em compreender e, quem estiver realmente disposto a isso, a atacar o inimigo real: o capital? E este é um ponto que, ao contrário do que considera, é essencial na medida em que serve para desmistificar certas correntes ditas de esquerda que se preocupam mais em atacar o PCP e a CGTP e mto menos o grande capital. Evidentemente ninguém pede uma concordância com as orientações do PCP, nem isso seria possível e nem sequer o mais importante, mas que, pelo menos do ponto de vista da boa-fé e da honestidade de quem se diz de esquerda, seria útil dar conta de qual é o "inimigo a abater".

Ricardo Noronha,

É verdade que ser trabalhador não é um estado de espírito, mas, veja lá, o Marx não era operário e o Engels além de capitalista nunca entrou numa fábrica para fazer uma greve ou vestir fato-macaco. A identidade de classe não está necessariamente ligada a uma
estr(e)ita posição objectiva de classe (se assim fosse, que fácil seria mobilizar a maioria da população - a classe trabalhadora - e chegar ao socialismo). Portanto, a adopção de um ponto de vista de classe (do ponto de vista do proletariado) não depende apenas de ir a um local de trabalho mas de considerar e inserir ideológica e teoricamente a classe trabalhadora no centro da luta política e social. Claro que mta gente tb deveria ter maior contacto com o chão de fábrica, e nisso concordo (parcialmente) consigo.

Zé Neves disse...

caro joão valente aguiar,

escrever é um jogo de palavras. lamento, mas não há nada a fazer. apenas um materialismo boçal (que não tem nada que ver com Marx nem com grande parte da tradição do PCP) é que pode julgar o contrário.

só tenho como fazer ver a si que a sua argumentação é viciada: porquê criticar este blogue se ele não é o "inimigo real"? porquê dizer mal do governo sócrates, se ele está a mando do capital e da União Europeia? E por aí adiante.

Ricardo Noronha disse...

Muito bem João. Então nesse caso concordará por certo que as interrogações acerca da filiação sindical de quem aqui escreve são despropositadas. O problema da divisão social do trabalho no movimento sindical - e, porque não dizê-lo, no grande partido da classe operária, onde a «regra de ouro» funciona apenas se considerarmos «operários» pessoas que há anos são funcionários - parece-me em todo o caso mais carregado de consequências e alcance do que o teu comentário deixa adivinhar. Será assunto para continuarmos a debater.
Parece-me injusto dizer que o PCP é o alvo preferido deste blog, mais do que o grande capital e etc... Até porque vários de nós já militaram nesse partido e respeitam pelo menos a sua longa história de luta contra o fascismo, mesmo se discordam de aspectos da sua orientação.

LAM disse...

João Valente Aguiar,
O que mais terá contribuído, neste caso, para ser um factor de desunião da esquerda: uns arrufos com a polícia no fim da manifestação (por parte de um grupo que, curiosamente, teve a mesma qualificação pelos orgãos de comunicação da direita e o jornal Avante), ou isso, esse acontecimento secundário na grande manifestação de trabalhadores, ter sido destacado nas páginas do jornal Avante?
Quem divide? Quem quer sublinhar as divisões numa manifestação unitária em vez de realçar por todos os meios possíveis o factor comum que juntou centenas de milhares na rua?

João Valente Aguiar disse...

José Neves,

ninguém criticou os jogos de palavras em si mesmos. Não desvie a conversa...
Sobre o que realmente importa, como você deve saber o Marx escreveu no Manifesto um capítulo dedicado à crítica de correntes socialistas pequeno-burguesas. Ao longo da sua vida criticou igualmente outros autores que de outra forma hoje ninguém os conheceria (desde os irmãos Bauer, Grun, During - criticado pelo Engels, etc.). Naturalmente, não me estou a alcandorar à posição do Marx nem vocês aos criticados. Mas a verdade é que uma coisa é a necessidade de colocar nos reais termos do que é uma esquerda comprometida com a luta contra o capital (e que necessariamente, mas não principalmente, tem de fazer a crítica de correntes reformistas e dedicadas a criar ruído), outra coisa é apenas (ou quase) concentrar-se na crítica ao PCP. E já agora, qualquer marxista sabe perfeitamente que o Estado tem uma natureza de classe. Logo, lutar - de forma consequente - contra as políticas do governo PS/Sócrates é um exercício prático de mobilização e de consciencialização das massas. Para quê? Para lutar contra o capital e por uma outra sociedade.

Ricardo Noronha e LAM,
Vou responder genericamente e um pouco resumindo, e espero que concluindo, o que aqui fui dizendo:
façam as contas de quantos posts são aqui dedicados a atacar o PCP e quantos explicam o que é o PEC e como isso se insere no quadro de uma crise económica capitalista. Neste caso, a discrepância é enorme. E este é um facto inegável. Eu sei que as postas do José Neves acima são para escorraçar quem coloca o dedo na ferida de gente que, no geral, se assume de esquerda e que, na prática, se preocupa mais em fraccionar a luta e dividir os trabalhadores. Mas a verdade é só uma. A esquerda do sistema faz parte dele e, por isso, deve ser criticada ideologicamente. Ninguém critica o facto de se pensar diferente dos comunistas e marxistas (não me venham com histórias de que o Negri é comunista, ou sequer marxizante ok?). Mas outra coisa é a esmagadora maioria dos autores deste blog se dedicarem a criticar o PCP e nunca a questionarem quem, de facto, mais contribui para o actual estado de enormes dificuldades de vida e de trabalho da classe trabalhadora: o capital e suas instituições. E isso demonstra objectivamente o real conteúdo da "esquerda" presente neste blog.

Miguel Serras Pereira disse...

JoãoVA

Você escreve: "outra coisa é a esmagadora maioria dos autores deste blog se dedicarem a criticar o PCP e nunca a questionarem quem, de facto, mais contribui para o actual estado de enormes dificuldades de vida e de trabalho da classe trabalhadora: o capital e suas instituições".
Sem lhe responder pelo ZN, RN e LAM, faço-lhe notar que isto é falso. No que me toca, raramente escrevo um post em que, se uso a palavra "democracia" ou "democratização", não explique que a ideia é tornar igualitário, dar igual poder a todos os cidadãos, nas esferas inseparáveis da política e da actividade económica. Do mesmo modo, insisto, a propósito das questões concretas e das alternativas a perspectivar, em que a separação destas esferas, a "despolitização" e "autonomização sistémica" do "económico" são uma astúcia política que permite à oligarquia dominante exercer o poder fingindo que não o faz, exercer um poder político cuja existência denega. Boa parte das críticas ao PCP - tanto em matéria de concepções como visando os seus traços "orgânicos" - decorre precisamente desta exigência anticapitalista e democrática.
Por outro lado, para ver quem lidera o sectarismo, basta considerar o modo como militantes ou simpatizantes que se movem na área da acção política liderada pelo PCP se apressaram a denunciar como inconsequentes, pró-sionistas e anti-palestinianos, todos os que mais veementemente protestaram contra o crime suicidário, como diz o João Tunes, do recente acto de pirataria do governo israelita, alertando ao mesmo tempo para os problemas que põe a construção de "uma Palestina livre e LAICA com a predominância na região das sociedades islâmicas mais conservadoras e sanguinárias" (João Torgal, no 5dias - http://5dias.net/2010/06/05/a-“inocencia”-judaica-o-“humanismo”-americano-e-a-“democracia”-iraniana…/#comments). E já antes tinham optado, em vez de assinalar a convergência, na manifestação de 29 de Junho, de diferentes tendências políticas e sindicais, ou por denunciar a a participação não-alinhada como sabotagem, ou por silenciar e censurar as vozes, ainda que internas à CGTP, menos afinadas pelo diapasão da correcção política do PCP.
Sim, como você diz, não podemos esquecer a natureza classista do Estado; mas também não podemos esquecer que as formas de organização, por mais anticapitalistas que se digam, que começam por negar a democracia nas suas fileiras e nas suas relações com o exterior são igualmente classistas e prefiguram como alternativa um regime e uma divisão do trabalho político vocacionados para perpetuar e consolidar as prerrogativas de um poder político-económico que só pode ter a forma desse tipo de Estado cuja "liberdade" Marx dizia ser inversamente proporcional à dos cidadãos.

msp

Ricardo Noronha disse...

"A esquerda do sistema faz parte dele e, por isso, deve ser criticada ideologicamente."
Convido-te, João, a levar esta formulação às suas máximas consequências e conceder ao PCP um tratamento tão rigoroso como ao resto. Penso ser claro que faz tão parte do sistema como o resto da esquerda, mesmo se excluído da «àrea da governação».
É o próprio Negri que diz que o império deve mais a Foucault que a Marx. A mim interessa-me mais o que escreveu nos anos 70 (desde logo um livro sobre os grundrisse intitulado «marx para além de marx») do que o que escreve agora. Com o zé neves será um pouco o inverso (penso eu). Mas isso em si mesmo não resolve nada num debate destes.
Acho que a conta que propões te pode surpreender. Tem-se escrito muito sobre o PEC por aqui. O PCP só se tornou tema por causa dos últimos acontecimentos. Talvez nos façam falta, em todo o caso, mais trocas de ideias como esta. Mesmo se difíceis e atravessadas por desconfianças.

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Camarada Ricardo,
já que falas - e muito bem - na troca de ideias, deixa-me dizer-te - e tu depois dás o recado ao Zé Neves que o transmitirá ao Negri e ao Hardt - que, apesar de tudo, há uma aposta na autonomia - para mim, por vezes, um tanto confusa e com umas pinceladas messiânicas de franciscanismo preocupantes, e em contradição com a inspiração realista e republicana bebida em Maquiavel - que brilha pela ausência, ou, mais precisamente, pela negação em Michel Foucault.
Mas isto são só pistas para outros posts. E o que importa assinalar no que escreves é a necessidade de tentarmos, apesar dos pontos de partida diferentes, criar novos entendimentos e novas formas de participação colectiva e de coordenação democrática das iniciativas e da acção.

Abraço, desta feita, republicano para ti

miguel sp

Anónimo disse...

Eu sou sindicalizado faço greves,vou ás manifestações da cgtp,e não aceito que ninguem seja dono do meu protesto.Naquele oceano de gente vi de lá tudo,desde ps,pc,be,vi também muita gente de outras areas da esquerda,até o mrpp vi por lá,e nos 300 mil devia ser a contar com toda esta malta ou não?É que se não for,digam só 299,999 mil,porque eu não conto,não sou do pcp.Durante muitos anos votei na apu,depois cdu,mesmo nunca sendo do pcp,mas é por atitudes destas que mudei o meu voto.Não aceito que o pcp,na propaganda diga uma coisa e na pratica faça outra,trabalho numa area,em que as autarquias cdu,também privatizaram os serviços,tal como as camaras da direita(por isso o povo têm alguma razão quando diz que são todos iguais)já agora o meu sindicato têm muitas vezes uma actuação tipo ugt e por aqui me fico.....

P B K M disse...

Alguém esteve nas portas de Sto Antão para comentar sobre o que se passou? Grupelho anarquista? A expressão, por si só é extremamente depreciativa e demonstra o apreço que os comunistas tiveram por grandes figuras do anarquismo como Nestor Makhno que combateu os mencheviques ao lado dos bolsheviques para acabar perseguido, tendo que fugir da URSS. O comunismo que sabotou as colunas anarquistas da guerra civil espanhola para "centralizar" a luta anticapitalista. Esse tem sido o grande erro dos comunistas desde o tempo de Marx que também se permitiu gozar com Proudhon e manipular a Interancional para a expulsão de Bakunin. O centralismo comunista, a aversão a correntes alternativas, apodando-as sempre de instrumentos do fascismo ou do capitalismo ou ainda do imperialismo, são a própria cruz dos comunistas. Sei bem a pressão que existia para que uma moça comunista não namorasse alguém que não fosse comunista, sei bem a palavra de ordem para não deixar o Bloco de Esquerda entrar na manifestação, quando aqueles homens e mulheres contaram para o número de manifestantes e gritaram do princípio ao fim o seu ódio ao capitalismo. Para quê anatemizar quem luta de outros modos? Têm todos que pertencer ao PCP? Têm todos que aceitar as directrizes do Comité Central? Quem decide quem é activista e quem não é? Se o PCP fosse uma equipa de futebol teria só defesas? Termino com uma história triste de uma família que votava PCP, tinha um dos seus membros filiados. Essa pessoa acabou por se desgostar com a paranóia ideológica do partido e saíu, acabando, passados uns anos, por começar a votar PS. Quando instado a revelar as suas razões dizia: «O PCP é como a Igreja, só difere no nome que dão à ortodoxia, na Igreja é fé, no PCP é ideologia. E quem sugere vias alternativas é vituperado como herege. A natureza humana é a mesma nos dois lados.» Quem é então responsável pela alienação de gentes dispostas a lutar? Quem tem alimentado o PS com a sangria das suas gentes? É por isso que o PCP tem dificuldade em crescer, porque é incapaz de aceitar alguma dissenção no seu interior, incapaz de seduzir os indecisos e os que votam noutros partidos porque não tolera sequer que possa haver diversidade de pensamento. Isso é que é triste. É que por muito bons que sejam os ingredientes, se o cozinheiro for péssimo, não vai haver muita gente ansiosa por partilhar da refeição.