06/07/10

Conversa entre um roto e um nu

O Renato Teixeira, que devia andar de bibe na época…




... mais friamente o próprio Vítor Dias achará pouco ético se em resposta eu o atacar adivinhando a sua incontinência...

9 comentários:

Pascoal disse...

Típico daquilo que alguns hoje em dia insistem em chamar "centralismo democrático"

Anónimo disse...

Roto é a tua tio, pá.

Renato T.

Hugo Ramos disse...

Mas Ó dom Pasquale, o que vem o «centralismo democrático» aqui fazer tratando-se de uma polémica entre um membro do PCP e um cidadão que tal não é ?

Miguel Serras Pereira disse...

Sabe uma coisa, Renato? O facto de haver neste blogue quem não tenha medo de lhe dizer certas verdades - que os seus companheiros mais velhos de blogue, demasiado avessos às obrigações avunculares que têm para consigo, se abstêm, ao que parece, de lhe recordar - oferece-lhe uma excelente oportunidade de aprender alguma coisa com quem lhe chama a atenção para os seus disparates, evitando pedagogicamente confundir o pecado com o pecador, ao contrário do que você tende a fazer com quem o chama à pedra.
Vou tentar explicar melhor: embora considere que a crítica veiculada pelo post do João Tunes é demasiado branda para consigo e julgue mais severamente do que ele a sua delinquência verbal, recuso-me a acreditar que você meça o que diz - e faz: porque dizer é uma forma de fazer - quando publica uma infâmia qualquer sobre a "incontinência" de um seu interlocutor mais velho, que se referiu, com bom ou mau gosto e com razão ou sem ela - pouco importa - ao facto de você falar de cor de coisas que se passaram no tempo em que ainda seria um menino de bibe. Considerá-lo um puto irresponsável e parlapatão e dar-lho a ver é a melhor maneira e a mais generosa de tratar certas coisas que você faz. Ou acha que lá por um tipo ser chato, presumido, reaccionário, insidioso a discutir, ou tudo o que quiser, justifica uma resposta que antecipa porcamente um quadro de senilidade? Com efeito, perante o arranque da sua polémica com o Vítor Dias - cujas posições políticas, em meu entender, mais não fazem do que bemolizar a voz do dono e tentar tornar mais aceitável o despotismo patronal da direcção do PCP - só há duas alternativas: considerá-lo um menino mal descueirado ou um sacana. Devia agradecer-me, se não fosse tão ética, intelectual e politicamente imaturo, eu optar pelo primeiro termo.
Do mesmo modo, recuso-me a crer que você saiba o que faz quando desacredita completamente a ideia de greve geral transformando-a numa espécie de spot publicitário ou de jaculatória de peregrino de Fátima presa de um acesso guerreiro de espírito de cruzada. Devia agradecer-me que, confrontado com a alternativa de o ver ou como um garoto mal-educado, que viu muita televisão e arma por aí em super-herói rubro, ou como um agente da frente ideológica das confederações patronais, eu opte por não o levar demasiado a sério.
O problema consigo é que você faz, por pura bazófia narcísica, e sem se dar conta da triste figura daí decorrente, tudo o que está ao seu alcance - felizmente limitado - por desacreditar as causas que invoca: dos direitos dos palestinianos à greve geral, da emancipação sexual à "maioria social". Portanto, se não quer dar armas à reacção - neoliberal e afascistada ou neo-estalinista eclética para capatazes descontentes com a falta de disciplina da mão-de-obra- enquanto não aprender a falar de outro modo, o melhor que pode fazer é estar calado, e aproveitar o silêncio para ajuizar, aplicando-se com a persistência necessária ao democraticamente indispensável diálogo da alma consigo própria, do propósito ou despropósito do que lhe passa pelo altinho da ideia.
Estamos conversados, baby? Ou vai mais uma colher de sopa para o ensinar a não falar com a boca cheia?

msp

Anónimo disse...

Vai chamar baby à tua tia, pá!

Renato T.

Anónimo disse...

Para Miguel Serras Pereira:

Decididamente há limites para tudo.
Então você vem aqui rezar um imenso responso ao Renato Teira e, de caminho, refere-se a mim nestes termos (sublinhados meus) « Vítor Dias - cujas posições políticas, em meu entender, mais não fazem do que bemolizar a VOZ DO DONO e tentar tornar mais aceitável o DESPOTISMO PATRONAL da direcção do PCP».

Até me dou ao luxo de deixar de lado essa porca piada da VOZ DO DONO porque já calculo que você não possa compreender que há vidas
e compromissos de vida que só se explicam por convicções e não por assalariamento.

Ao menos, se não quer ficar como um desprezível cobarde, explique lá o que é, no contexto do seu comentário, «o despotismo PATRONAL da direcção do PCP» ?

Miguel Serras Pereira disse...

Vítor Dias,
não o acusei de agir estipendiado, nem contestei a sua convicção íntima. O resto que digo não é novidade para quem me leia ainda que só muito de vez em quando. Resumindo, o modelo de poder que a organização do PCP e a sua acção efectiva prefiguram só poderiam levar, se triunfassem, a um regime que manteria a separação entre os produtores e os meios de produção ("nacionalizados" ou "estatizados"), subordinaria à direcção do Partido e do Estado as associações sindicais e de auto-defesa dos trabalhadores, concentraria nas mãos de uma camada governante (nos aparelhos de Estado e de direcção/gestão da actividade económica) um poder tão discricionário como o dos patrões. Foi, de resto, o que os "partidos-irmãos", que giravam em torno da URSS como a Terra do Sol, fizeram por toda a parte onde conseguiram governar, contribuindo mais do que toda as coligações reaccionárias internacionais para desacreditar o sentido de palavras (que o não são apenas) como "socialismo" e "comunismo".
Dito isto, onde está a minha cobardia desprezível?
Sabe uma coisa? Tenho cada vez mais dificuldade em dar-lhe o benefício da dúvida e em pressupor - como sou obrigado a fazer e continuarei a fazer até prova em contrário pela ética da discussão democrática - que você aja em função de uma "ilusão revolucionária", nos termos em que a entendia Castoriadis e que já tive ocasião de lhe citar: "aqueles que aderem ao comunismo, pelo menos antes da sua chegada ao poder (…) [e]stão possuídos por uma 'ilusão revolucionária', acreditam de um modo geral que o Partido Comunista visa realmente instaurar uma sociedade democrática e igualitária. É por isso que um comunista que descobre a monstruosidade do 'comunismo realizado' pode soçobrar psiquicamente, ou tornar-se social-democrata, oiu manter um projecto de transformação social radical desembaraçado do mmessianismo marxista-bolchevique. Um fascista ou um nazi não pode descobrir, nas suas crenças anteriores, nada que o incite a mudá-las".
Mas, acrerdite ou não, a verdade é que, como então escrevi, os meus votos em relação à sua pessoa política se mantêm: não gostaria de o ver soçobrar psiquicamente, e o que me daria satisfação seria, não vê-lo "socratizado", mas assumir o "fragmento de verdade" - como Freud diz que habita no delírio - da "ilusão revolucionária" da boa-fé que é meu dever imputar-lhe, e, desse modo "manter um projecto de transformação social radical".

msp

Anónimo disse...

Vou dar pão aos pombos porque não vale a pena ficar para aqui a discutir com uma pessoa que para justificar um soez adjectivo «PATRONAL» aplicado à direcção do PCP em 2010 precisa de escrever tanto e evocar as experiências de exercício do poder nos países de Leste como se o percurso e a radicação histórica do PCP e de tantos outros partidos comunistas a isso apenas se reconduzisse.

Miguel Serras Pereira disse...

Vá, Vítor Dias, vá dar pão aos pombos, e sermão também.
É espantoso que você escreva comentando um comentário meu que diz precisamente o contrário, tanto que lhe dou o benefício da dúvida, que eu não vejo senão "as experiências de exercício do poder nos países de Leste como se o percurso e a radicação histórica do PCP e de tantos outros partidos comunistas a isso apenas se reconduzisse."
Mas, se quer saber, quanto a essas "experiências", é o PCP que as declara "socialistas", e não eu. Que, pelo meu lado, muito gostaria de ler o Vítor Dias sobre a natureza social e de classe desses regimes, explicando aos seus camaradas que, se querem realmente cooperar na instituição dessa forma superior de democracia a que deveríamos reservar o nome de "socialismo", deverão considerá-los exemplos a não seguir.
Mas não quero deixar os pombos à espera.

msp