Independentemente do que possamos e devamos discutir, a propósito da "questão palestiniana", sobre a adequação da solução dos "dois Estados" — sem esquecer, no entanto, que ninguém está em condições de se substituir às partes mais directamente interessadas na tarefa mais urgente, ou seja: a construção de um "processo de paz" que faça alguma diferença e abra caminho a posteriores desenvolvimentos e espaço a novas iniciativas e acções —, estas considerações de Juan Goytisolo, publicadas em El País (05-11-2010), são o precioso exemplo de uma reflexão política livre e responsável que todos os seriamente apostados na defesa e extensão da liberdade e da responsabilidade democráticas só terão a ganhar em adoptar e promover.
La ceguera ideológica y religiosa de los ultras que dictan la política de Tel Aviv es solo comparable a la de quienes pretenden borrar del mapa al Estado judío. Ahmadineyad y Lieberman -con su luminosa idea de "realojar" a los palestinos en Jordania- se complementan y fortalecen recíprocamente con su funesta retórica. Únicamente quienes conservan un poco de lucidez y sentido de la justicia (no digo sentido común porque es muy poco común en los tiempos que corren) pueden abrir el camino que conduzca a la existencia de dos Estados con las fronteras internacionalmente reconocidas de antes de la Guerra de los Seis Días.
Desdichadamente, la escasa implicación de la Unión (o Desunión) Europea y la patética incapacidad de la Liga Árabe (un verdadero chiste) no ayudan a cimentar un acuerdo durable y equitativo. El "mensaje de las excavadoras" del que se lamentaba hace años Jeff Halper y el victimismo en el que se amparan los defensores del Gran Israel (el del Mediterráneo al Jordán, pues hay quien lo extiende hasta el Éufrates) son los peores enemigos de la paz a la que aspiran muchos israelíes y la mayoría de los palestinos. Para ello habrá que enterrar el lenguaje del viceministro de Defensa de Tel Aviv Matan Vilnaí, cuando hablaba de causar un holocausto a los palestinos si no cesaba el infructuoso lanzamiento de cohetes a Siderot y escuchar las palabras de alguien tan poco sospechoso de antisemitismo como el gran antropólogo recientemente fallecido, Claude Lévi-Strauss: "No puedo sentir como una herida abierta en el flanco la disgregación de los Pieles Rojas y reaccionar a la inversa cuando se trata de árabes palestinos".
No esperemos a que la mediatización por la prensa de sucesos como el de la embestida del automóvil de un mecenas de la remodelación urbanística de Jerusalén Este a los chiquillos que la apedreaban al pie de la muralla antigua de la ciudad nos recuerde las dimensiones de la tragedia vivida por un pueblo que nada tuvo que ver con la monstruosidad infinita del Holocausto. Debemos permanecer atentos al día a día de lo que acaece y que por ello mismo no es noticia.
07/11/10
Juan Goytisolo: "Ahmadineyad e Lieberman complementam-se e fortalecem-se reciprocamente"
por
Miguel Serras Pereira
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
13 comentários:
Lieberman é um fasciszoide mas nunca ameaçou limpar o Irão do mapa nem envia milicias para limpar o sebo aos seus opositores políticos, entre muitas outras diferenças.
Complementam-se? Reforçam-se? Claro que sim. O seu amigo Juan descobriu a polvora. Ai ai, estas dialécticas de mercearia!!
Uma mente brilhante, este Juan.
Formalizou o senso comum. Parabéns.
|«»|
Caro Anónimo,
se o "senso comum" informal do JG fosse um pouco mais generalizado o "comum" dos mortais que todos somos não estaria como está.
Não lhe parece?
msp
Caro Miguel
Não.
O senso comum do JG é o senso comum de (quase) todos nós. Quem é que não reconhece que a oposição, o conflicto, não engendra uma espiral perversa, uma dialéctica macabra?
Até o mais simples pacóvio consegue perceber isto. O JG
Se o senso comum fosse condição suficiente para alterar o que quer que seja...já tudo teria mudado há muito. Acha, sinceramente, que esta constatação (superficial) do JG poderia contribuir para melhorar seja o que for? Parece-me evidente que qualquer oposição ou conflicto produz esta reciprocidade perversa. É preciso ir mais fundo, ás causas profundas do conflicto, à natureza dos regimes, ao posicionamento geo-estratégico e, acima de tudo, compreender como é que as acções externas de um regime exprimem ou materializam a sua natureza (intrínseca). Ou seja, é preciso que as pessoas percebam os verdadeiros porquês da oposição ou do conflicto em causa. Não basta dizer que o conflicto engendra uma espiral perversa de radicalização. É imperativo perceber porquê.
Dizer que Lieberman complementa Ahmedinejah é, por outras palavras, uma platitude inconsequente. Já todos nós sabemos isto e nada mudou. Se o Juan tivesse escrito um ensaio onde abordasse, por exemplo: a crença no imam "escondido", o apoio do irao aos teo-fascistas do hezbollah, as origens ideológicas da extrema direita israelita, etc etc etc...não o teria criticado.
http://www.amazon.com/s/ref=ntt_athr_dp_sr_1?_encoding=UTF8&sort=relevancerank&search-alias=books&field-author=Ehud%20Sprinzak
O autor em causa optou pela superficialidade. Lamento, mas é isto que penso. Aliás, esta banalização já é practica comum.
Boa noite
|<<>>|
Outro aspecto: Israel é, apesar de tudo, uma democracia que está a lidar com um fenómeno de radicalização (interno, refiro-me ao aparecimento de partidos e movimentos de ext direita com acesso ao poder do estado)
A republica do irão é algo mui distinto.
A postura analítica do Juan sugere uma equivalência moral inexistente ou, melhor, indefensável, apesar da ext direita israelita, dos colonatos etc.
A ext direita era uma força política marginal e inconsequente até ao colapso de Oslo. Ainda o são, não obstante o actual governo. No Irão, os fundamentalistas são cerca de 50% de TODA a população. A equivalência também é coisa estatística, meu caro.
Quais foram as causas do colapso das negociações?? Pergunte isto ao Juan.
Anónimo,
acho que viocê atribui ao JG posições que não são as dele. Como prova "indirecta", mas eloquente, veja, por exemplo, este seu outro artigo sobre a "homofobia" e, mais geralmente, o âmbito dos costumes: Religiones, Ideologias, homosexualidads (http://www.elpais.com/articulo/opinion/Religiones/ideologias/homosexualidades/elpepiopi/20101005elpepiopi_4/Tes), publicado por El Pais há coisa de um mês. Tanto nesse artigo como no que eu cito e em muitos outros, é bastante claro o compromisso do autor com a defesa e a extensão das liberdades democráticas.
Quanto a Israel, à extrema-direita, etc., permita-me que o remeta para o que escrevi aqui há já algum tempo: http://viasfacto.blogspot.com/2010/06/sobre-israelitas-palestinianos-extrema.html
Saudações democráticas
msp
Caro Miguel,
Concordo com as suas posições mas é notória a falta de background histórico. O seu texto é puramente-meramente normativo, apesar de concordar com as posições nele articuladas. Falta o mais importante: a narrativa dos porquês das dificuldades e dos conflictos etc.
"é bastante claro o compromisso do autor com a defesa e a extensão das liberdades democráticas."
Sim, nunca disse o contrário acerca do Juanito.
O que eu lhe digo e repito é que um compromisso meramente padresco com a defesa e extensão das liberdades democráticas NÃO É suficiente para uma compreensão holística da problemática em causa.
OK?
|«»|
Só + 1 nota, Miguel:
fossem os "ultras" de Tel Aviv semelhantes aos de Teerão...
O Irão já teria sido atacado e destruído há muito tempo. Uma diferença crucial entre os "ultras" de ambos os lados: uns pretendem neutralizar uma ameaça real existencial. Os outros pretendem limpar um povo e um estado do mapa.
Estas nuances não são insignificantes. Só é possível discernir estes contrastes quando aprofundamos a análise das coisas.
|«»|
Caro Anónimo,
para mim, não está em causa - apesar dos vícios que datam da fundação - o direito à existência de Israel.
Mas olhe que os fanáticos como um qualquer rabino Ovadia Yosef,líder espiritual do partido Shas - que declara:que os gentios apenas existem para servir os judeus e que “Os Goyim [não judeus] nasceram unicamente para nos servir. Sem isso não têm qualquer lugar no mundo, apenas para servir o Povo de Israel” - são uma ameaça séria e já estão no governo de Tel Aviv. Um regime em que conseguissem a supremacia pediria meças aos mais sinistros regimes ou candidatos a tal de "resistência islâmica". Não basta dizer que Israel não é governado ainda por eles: é preciso fazê-los recuar e combater todas as cedências que cada vez mais lhes têm vindo a ser feitas.
Assim, o caminho para a paz passa pelo entendimento e iniciativas conjuntas de israelitas e palestinianos anti-nacionalistas, que ponham os direitos humanos e as liberdades políticas de tradição democrática acima das identidades religiosas e da afirmação das ambições de hegemonia "cultural". Ora, o que se passa hoje é que através da corrupção resultante quer das suas opções em matéria de política "externa", quer das restrições internas, às liberdades, direitos e princípio de igualdade dos cidadãos, os actaus governantes israelitas são candidatos a coveiros do "tesouro escondido" com que os judeus contribuíram para as Luzes da Europa e movimentos de emancipação posteriores.
Saudações cosmopolitas e laicas
msp
Concordo, Miguel.
|«»|
Isto talvez lhe interesse, Miguel.
http://www.washingtoninstitute.org/templateC05.php?CID=3266
|«»|
e isto também.
http://www.washingtoninstitute.org/templateC04.php?CID=287
|«»|
a partir da página 61 ehud araari +
Ensaio brilhante.
Em parte, aborda a questão das contra-imagens, contra-metáforas, etc na luta pela conquista da percepção e psyche publica.
http://www.jstor.org/pss/2010423
Uma boa noite para todos Vós.
Melhores cumprimentos (laicos ou não laicos, pouco importa)
|«»|
Enviar um comentário