08/11/10

O campeonato ainda não está decidido, Carvalho da Silva a Belém!

É claro que, quando dá para inventar, devemos contar sempre com o risco de acabarmos goleados por cinco. Mas não vejo nenhuma outra solução. Se a chamada esquerda ainda quiser acalentar alguma esperança em ganhar as presidenciais, ou de pelo menos (mas não será isto mais importante, até, do que perder ou ganhar as presidenciais?) perder as mesmas de um modo politicamente capaz de lançar “uma nova dinâmica social” (para citarmos as mais recentes palavras de Alegre a propósito da greve geral), eu vejo apenas e só uma solução: a candidatura de Manuel Carvalho da Silva. Tanto Manuel Alegre como Fernando Nobre e Francisco Lopes poderiam e deveriam desistir em favor de uma tal candidatura. Nenhum dos três sairia mal da fotografia e Alegre tinha até uma oportunidade para mostrar que, ao contrário de Mário Soares, não coloca a sua vaidade ao leme das suas opções. De Francisco Louçã a Mário Soares, todos os líderes políticos de esquerda ficariam contentes com este cenário. Jerónimo de Sousa e o PCP poderiam ter aqui, aliás, uma oportunidade para resolver simpaticamente a “questão Carvalho da Silva”, encontrando-se uma saída airosa para o problema da sua futura substituição na direcção da CGTP. Apenas Sócrates ficaria numa posição desconfortável. Embora, na verdade, num tal cenário de confronto entre os dois Silvas, o primeiro-ministro poderá de novo apresentar-se como a inevitável voz do “bom senso”, algures entre o candidato da direita e o candidato da esquerda. O PS, esse, teria que fazer uma convenção especialmente dedicada ao tema “qual dos Silvas iremos apoiar” e daqui poderia até resultar uma divisão muito clarificadora. A Fernanda Câncio, por exemplo, poderia dedicar-se a examinar os tiques verbais do secretário-geral da CGTP. Ah, e eu, é claro, poderia finalmente abandonar o meu plano idiota de votar em Defensor de Moura.

9 comentários:

Luis Rainha disse...

Conta com o meu votito!

agent disse...

Ok - desde que não leve o responsável pela contagem de pessoas nas suas manifestações para a sua equipa.

João disse...

pois, pois, pois. implicaria BE e PCP a apoiar o mesmo candidato, o que é uma sectária impossibilidade.

jpm disse...

Há o maluco da Madeira, uma boa aposta.
O Defensor Moura só se candidata para recuperar o Bispo de Braga que segundo ele foi roubado a Viana do Castelo há quatro séculos. Entre um sósia e o Mesquita Machado em carne e osso, venha o original.
Quanto ao Carvalho da Silva, é continuar a sonhar...

José Luis Moreira dos Santos disse...

Esta proposta, em face da sua pertinência, merece da minha parte um comentário e duas declarações:
primeira de claração, quero declarar a minha total disponibilidade para trabalhar, neste caso no Distrito de Aveiro, voluntária e diariamente, doze horas por dia, por e para esta causa; comentário, há aspectos dos considerandos da proposta que se apoiam em preconceitos e pareceriam desnecessários, mas que por razões de manifesta transparência se devem aceitar; segunda declaração, a dinâmica que traria à vida política portuguesa, por si só, representaria uma vitória antecipada e criaria as condições necessárias (não digo suficientes por haver pormenores que me escapam)para uma mobilização de (não digo das) forças que trazem no ventre a esperança de um outro futuro. Estamos nessa.

Anónimo disse...

O PCP apoiar o Carvalho da Silva? :) Boa ideia. E propor ao PS que apoie o Francisco Louçã! E o Paulo Portas que apoie o Miguel Vale de Almeida! E o Cavaco que apoie o Saramago (ainda que da tumba).

Acho que sim. Faz todo o sentido, por isso, por isso é que o PCP foi buscar o Francisco Lopes, porque está numa de abertura.

José Neves, se bebesses menos e saísses de vez em quando de dentro dos livros que te são pagos pela Fundação EDP (e pelo António Mexia), talvez percebesses que a parvoíce não ajuda o povo trabalhador e os desempregados.

abraço

Zé Neves disse...

anónimo cretino: vejo que esta ideia neste inofensivo post perturba o meu caro amigo. mas que não lhe grasse o azedume. pago-lhe um copo, para ver se isso passa. quanto aos livros, é ler, comprar e divulgar (como sabe, não há má publicidade).

Anónimo disse...

Caro Zé Neves: que o post é inofensivo já sabemos. Aliás, como é inofensiva qualquer ideia saída dos livros pagos pelo António Mexia, e por isso é que ele os paga. Perturbar, claro. Tudo o que ataca toda a esquerda portuguesa me perturba, nomeadamente porque não vislumbra qualquer alternativa real, recolhendo-se nos livros da multidão que se levanta de repente.

E quanto a comprar livros pagos pelo mesmo dinheiro que paga o Manuel Pinho de uma Fundação paga com o dinheiro de todos... lamento mas não compro. Acho que não tenho de ajudar o Mexia a limpar-se.

Zé Neves disse...

caro anónimo,

um dia perguntaram ao camarada álvaro cunhal, no momento em que os direitos de "Até Amanhã, Camaradas" foram vendidos à SIC, se ele não achava curioso (ou outra adjectivo do género) tal destino. ele respondeu, mais coisa, menos coisa, que sim, que achava, mas que a pergunta também deveria ser feita à SIC. A dialéctica, meu caro, é uma ciência que não se compadece com a má-língua.