Gorbatchov não quis sentir nas veias o calor da sensualidade de puta com que Brejnev se deleitava a beijar Honecker (representando um fogo de paixão com que só dois camaradas dos bons e do topo, os da vanguarda de diamante e platina, da sacrossanta comissão política, o conseguem e a isso têm direito), o país estava falido, o povo ensaiava perder o medo, um dirigente da RDA – provavelmente embriagado - meteu os pés pelas mãos quando dissertava sobre o que era permitido ou proibido. Mas, mesmo assim, com muitos ses, comos e porquês, não deixou de ser um momento inesquecível, esse de um povo inteiro ir dar uma volta em romaria festiva ao outro lado da fronteira para experimentar cheirar a liberdade. Esse terá sido, de facto, em 9 de Novembro de 1989, “o momento” da morte do comunismo, pela falência desse projecto em todas as partes em que foi ou ainda é seguido e de que hoje, como adeptos na Europa, restam os "souvenirs" do comerciante berlinense na segunda foto, o marxismo-leninismo de sociedade recreativa género saudade leninista patriótico-lusitana do tipo "Jerónimo & Xico Lopes" e pouco mais. O que é respeitável apenas e tanto quanto qualquer necrofilia de causa ideológica, seja esta ou uma outra sua irmã.
Rui Bebiano lembra esse "o momento" (com a secura e a solenidade que ele merece, como qualquer funeral e por mais rasca que, em vida, tenha sido o defunto):
Aconteceu há 21 anos. Eram 18 horas e 53 minutos de 9 de Novembro de 1989. Enquanto manifestações populares colossais exigiam nas ruas de Berlim-Leste, de Leipzig e de outras cidades o fim dos limites impostos ao trânsito dos cidadãos para fora da antiga República Democrática Alemã, um membro do governo de Egon Krenz, o efémero e medíocre sucessor de Erich Honecker, precipitou-se ao ser pressionado pelos jornalistas e deu como aprovado, «com efeitos imediatos», um documento ainda em preparação que autorizava formalmente a passagem de pessoas comuns entre os dois lados do Muro. O processo que se seguiu foi rápido, imparável e felizmente irreversível. Nessa altura Frau Angela Merkel não passava de uma funcionária semi-obscura que trabalhava como química numa instituição científica leste-alemã.
(publicado também aqui)
Rui Bebiano lembra esse "o momento" (com a secura e a solenidade que ele merece, como qualquer funeral e por mais rasca que, em vida, tenha sido o defunto):
Aconteceu há 21 anos. Eram 18 horas e 53 minutos de 9 de Novembro de 1989. Enquanto manifestações populares colossais exigiam nas ruas de Berlim-Leste, de Leipzig e de outras cidades o fim dos limites impostos ao trânsito dos cidadãos para fora da antiga República Democrática Alemã, um membro do governo de Egon Krenz, o efémero e medíocre sucessor de Erich Honecker, precipitou-se ao ser pressionado pelos jornalistas e deu como aprovado, «com efeitos imediatos», um documento ainda em preparação que autorizava formalmente a passagem de pessoas comuns entre os dois lados do Muro. O processo que se seguiu foi rápido, imparável e felizmente irreversível. Nessa altura Frau Angela Merkel não passava de uma funcionária semi-obscura que trabalhava como química numa instituição científica leste-alemã.
(publicado também aqui)
1 comentários:
E que momento! Isto por si já seria suficiente para me convencer a ser resolutamente anti-soviético.:)
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