Que se seguirá? Sacrifícios humanos?

O pensamento mágico agora dominante em Portugal está a ser posto à prova. Mesmo depois do acordo para aprovar o tal Orçamento que era crucial para pacificar os ferozes mercados, estes continuam a fazer subir os juros da nossa dívida soberana. Os fiéis devem andar um pouco à toa: então essas divindades sem rosto não estavam atentas ao que aqui se passava, sempre prontas para castigar qualquer tibieza ou discórdia em torno do salvífico OE? Ó deuses; fizemos tudo o que exigiram, porque nos castigais agora?
Pode ser que um dia as superstições dêem lugar à constatação do óbvio: estes investidores não nos vão premiar por bom comportamento, nem têm qualquer interesse nisso. Eles buscam apenas estados fracos que precisem desesperadamente de dinheiro – e calculam que a santa mãe Europa não deixará os seus filhos caírem no abismo da falência. Entretanto, e até que cheguem dias melhores, a ficção do no-bailout vai sendo acalentada.