Já se sabe que Portugal está apinhado de génios da Economia, pacientemente aguardando o seu reconhecimento pelos comités do Nobel. São quase todos divertidos de ouvir, cada um ao seu estilo. Hoje de manhã, ouvi Camilo Lourenço a explicar porque é que temos quase um quarto dos nossos jovens desempregados. Coisa complexa? Fenómeno de múltiplas causas que não pode ser simplificado em segundos? Ná. O bom do Camilo tinha a resposta na ponta da língua: a culpa é das «centenas» de cursos que andam por aí que «não servem para nada». E da rigidez da nossa legislação laboral. Ou seja, o Estado é culpado pela liberdade que dá aos jovens na escolha do seu percurso académico e é culpado pela escassa liberdade que permite aos nossos brilhantes empresários. Ou seja, o Estado devia fazer mais e devia fazer menos.
Bom bom, era podermos despedir a malta toda com mais de 35 anos para acolher estagiários a ordenado mínimo. Ou permitir apenas licenciaturas em Hotelaria e Engenharia Informática, ou lá o que esteja a dar no momento.
No dia em que esta malta deixar de nos tomar por parvos, teremos media bastante menos divertidos; e mais uns chico-espertos no desemprego.
18/11/10
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4 comentários:
Não é preciso ser-se de direita para concordar com isso. Se estudar História só dá emprego para n pessoas, é óbvio que se 2n tiverem esse curso, metade fica sem emprego. E essa metade vai trabalhar para o shopping, levando consigo qualificações excessivas; esse capital acumulado (o seu saber) perde-se em poucos anos, e com isso a módica quantia de 4 ou 5 vezes as propinas que o Estado teve meter do "seu" bolso para o formar.
Fernando,
Bem vistas as coisas, isso é verdade para qualquer ramo. Se Medicina fosse de acesso mais fácil, teríamos também médicos em excesso passados poucos anos.
E quem impede qualquer um de optar a posteriori por uma carreira diferente daquela para que estudou: Angela Merkel doutorou-se em Física e até o Sócrates, imagine-se, andou pelas ciências exactas antes de se dedicar à aldrabice.
Mesmo do ponto de vista liberal, haver excesso de candidatos aos empregos numa área acaba por ser benéfico, pois provavelmente os mais capazes serão seleccionados.
De qualquer forma, qual a sua solução: obrigar quem tem queda para a Poesia a estudar Agricultura? Belas fornadas de técnicos que vão eclodir desse sistema...
Nunca lhes passou pela cabeça fazer o raciocínio inverso. Se existem n pessoas com determinadas qualificações, é necessário um perfil de especialização adequado a essa capacidade instalada e não o eterno choradinho de que a escola não adequa a formação às necessidades das empresas. De resto, se soubesse um pouco mais de História o Camelo, perdão o Camilo, não dizia tantos disparates.
Comentário muito interessante o seu, Ricardo. No entanto, uma sociedade em que os conselhos de consumidores chegassem a um acordo sobre as necessidades a satisfazer pela produção, isso a modos que implicaria, na planificação, uma alocação de tarefas (empregos). A não ser que esse mundo seja demasiado idealizado a maximização da satisfação social se reflicta também na satisfação máxima de cada cidadão.
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