De resto, com toda a franqueza, não vejo onde é que “os meios usados contra” a Wikileaks “violam e destroem a sociedade em que queremos viver”. Refere-se à prisão de Assange? Não estive nas camas em que ele se meteu na Suécia, mas não vejo motivos para não achar que os tribunais ingleses e suecos são capazes de julgar o caso com equilíbrio no quadro das respectivas legislações. Assange não é mais nem menos do que um político ou um actor metido no mesmo tipo de trapalhadas, pelo que não vejo razão para pôr-me já a acusar os juízes daqueles países. Veremos. Ou refere-se ao facto de a Wikileaks ter visto várias instituições negarem-lhe colaboração? Acho que essas organizações, da Amazon à MasterCard, têm esse direito, sobretudo se correrem o risco de ser processadas. Não duvido que foram pressionadas, mas o objecto dessas organizações, ao contrário da lógica das organizações jornalísticas, é o seu negócio, não a liberdade de informação. Porque, quanto a esta, e quanto às organizações jornalísticas, noto que têm actuado como deviam, sem cederem a pressões e tratando de uma forma genericamente correcta os documentos libertados pela Wikileaks. Ou será que se refere aos ataques informáticos aos sites da organização? Aí é capaz de ter razão, mas acho pouco para falarmos de “sociedade em risco”.É curioso a dissonância cognitiva de JMF de palavra para palavra - primeiro faz uma lista de meios usados contra Assange e a WikiLeaks: prisão, fim fa colaboração da Amazon, MasterCard, etc.; e ataques informáticos contra a WikiLeaks. E, para justificar a atitude da Amazon e da MasterCard escreve "Acho que essas organizações, da Amazon à MasterCard, têm esse direito, sobretudo se correrem o risco de ser processadas. Não duvido que foram pressionadas...". Mas então assim já temos mais um meio que foi usado contra a WikiLeaks: as pressões e ameaças implicitas de processos contra a Amazon e afins; essas pressões não violarão a sociedade em que JMF quer viver?
Já agora, quando é que o JMF aprende a citar as suas fontes de forma a que os seus leitores possam apreciar o que diz no seu devido contexto? Quando refere que Assange pretende "destruir o governo invisível" não seria melhor linkar imediatamente para o texto onde ele diz isso (ou melhor, onde ele transcreve uma citação de Theodor Roosevelt dizendo isso), em vez de linkar para um texto que linka para um texto?
E quando diz que para a WikiLeaks "It is not our goal to achieve a more transparent society; it’s our goal to achieve a more just society", porque não linkar directamente para a entrevista em que Assange disse isso?
2 comentários:
Tu desculpa, miguel, mas não resisto. O JMF não esteve na cama com o Assange! Cá para mim, esta, sim, é a grande notícia. Vou publicá-la lá no outro tasco (este caso começa a ter demasiadas conotações sexuais é o que é - alguém que desenterre o Reich)
Vou reproduzir um comentário que já coloquei noutra caixa: "Ocorreu-me uma ideia que joga muito contra a posição que tenho em relação ao caso wikileaks. Se o Estado (o meu patrão) decidisse tornar públicos todos os conteúdos a que acedo na internet, por exemplo blogs que leio e comento, e-mails que troco, eu não acharia provavelmente graça nenhuma. (De qualquer modo, não tenho dúvidas que essa informação estará acessível aos SIS... e quem é um indivíduo perigoso, o que não é o meu caso, tem possivelmente a vida muito controlada nesse sentido)"
E pegando no último parágrafo do texto do MM... o Estado pode achar relevante por exemplo tornar públicas as declarações do MM declarando-se anarquista, por isso perigoso para a ordem social e para o Estado de Direito. (Não é nada de outro mundo, a palavra "anarquista" adquiriu uma dimensão interessante durante a cimeira da NATO...)
Enviar um comentário