Palmira Silva publicou no Jugular um corajoso post cuja leitura e discussão vivamente se recomendam.
Em primeiro lugar, vale a pena sublinhar o post-scriptum da sua análise, que diz o que é preciso dizer sobre as acusações movidas contra Julian Assange: "a acusação que pesa sobre Assange não é, nem de perto nem de longe, de violação mas sim de «sex by surprise», o que quer que isso seja, e que aparentemente tem a ver com relutância em usar preservativos ou com preservativos rasgados em relações consensuais com duas fãs suecas. Ou seja, o tal mandado internacional da Interpol refere-se a um «crime» que tem como punição máxima uma multa de 500 euros".
Depois, embora eu creia que a análise de Palmira Silva subestima incompreensivelmente o alcance das revelações presentes e em curso do Wikileaks - por razões que tentei deixar claras no meu texto sobre o assunto e sobre o "segredo de Estado" -, a verdade é que ela aponta certeiramente um outro aspecto fundamental da ameaça que o tipo de acção agora empreendido significa para os interesses e paz de espírito das oligarquias dirigentes, com destaque para as autoridades encobertas cuja acção se exerce através da economia política globalmente governante:
"Numa entrevista à Forbes, publicada na segunda-feira, Julian Assange informou que iria libertar milhares de documentos internos de um grande banco dos EUA. Assange não identificou o banco pelo nome nem especificou que tipo de malfeitorias terá cometido, apenas revelou que os documentos que a WikiLeaks obteve quando disponibilizados poderão causar um colapso tipo Enron na instituição financeira. De acordo com Assange, os documentos de que dispõe irão fornecer «uma visão verdadeira e representativa» do comportamento do banco em causa e que esta visão irá desencadear investigações e apelos à reforma do sistema financeiro. Na conjuntura actual, diria que essa informação causará mais estragos que as revelações sobre o botox do Kadhafi, as ressacas de Berlusconi ou a má educação de Sarkozy que tanto têm entretido os media internacionais".
Como se sabe, o segredo, que é uma das constantes organizadoras das apologias antidemocráticas do governo dos melhores e dos mais capazes e da justificação das "desigualdades legítimas", é também a alma do negócio - e da exploração das oportunidades deste que só o poder, e quanto mais melhor, lhe consente.
04/12/10
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