Cada nova medida, decisão ou intenção que vem a público parece destinada a servir de epitáfio, como se a actual maioria parlamentar estivesse exclusivamente empenhada em esticar até aos limites o seu espaço de manobra, como se trabalhasse deliberadamente no sentido de acelerar uma gigantesca explosão de descontentamento social, como se os principais inimigos do capitalismo estivessem instalados no aparelho de Estado. Todos os dias eles dão de si uma imagem esclarecedora e revelam para quem trabalham.
Os mais distraídos já não o ignoram. Os mais crédulos já não acreditam. Os mais fiéis já não conseguem disfarçar.
Não é tanto que falte talento naquelas bandas, de resto já demonstrado noutras ocasiões. Mas esta sucessão de bancos enredados em escândalos temperados com conselheiros de Estado e acompanhados de uma declaração de guerra aos trabalhadores revela-se indigesta até para os estômagos mais fortes.
Entre uma inauguração e uma conferência de imprensa, «eles» não se apercebem desta lenta mas gigantesca deslocação. Mas quem anda nos transportes públicos não ignora quem são «eles» e ao que vêm. Os olhares carregam-se e as vozes alteram-se quando se fala «deles». E ultimamente não se tem falado de outra coisa.
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