Transcrição sem comentários, mas recomendando vivamente a leitura do texto integral, da conclusão da crónica, no Público de hoje (14.12.2010), de José Vítor Malheiros (sem link):
Houve duas coisas que o caso WikiLeaks já mostrou: o imenso poder mas também a imensa fragilidade da Internet. Se é verdade que surgiram logo centenas de sites-espelho para impedir que o boicote da EveryDNS e da Amazon impedissem o site de se manter no ar, é igualmente verdade que o bloqueio à WikiLeaks por parte de grandes empresas financeiras como a PayPal (subsidiária da EBay), a Visa e a MasterCard quase conseguiram asfixiar a organização.
Actualmente, a coordenação das actividades de apoio à WikiLeaks, a Julian Assange e a Bradley Manning (o analista militar na origem do Cablegate) faz-se usando principalmente duas redes sociais: o Facebook e Twitter. O que aconteceria se uma delas (ou ambas) decidisse tomar uma atitude contra a WikiLeaks - como fizeram as até então insuspeitas Amazon e PayPal - devido a pressões políticas?
A Internet, espaço "anárquico" de "liberdade total", não é um espaço de liberdade total e tem donos e chefes - como os chineses bem sabem. Umas poucas dezenas de grandes empresas controlam a Internet mundial: as comunicações, o hosting, as pesquisas, as finanças e as praças públicas que são as redes sociais. Uma situação cuja fragilidade só é sensível em momentos de crise como os actuais. O que esta crise mostrou é que é fundamental criar redes sociais que escapem a esses controlos e que possam funcionar de forma totalmente descentralizada, na cloud da Internet. Um desafio técnico mas um imperativo cívico.
14/12/10
José Vítor Malheiros: do caso WikiLeaks ao "imperativo cívico" de criação de redes sociais autónomas
por
Miguel Serras Pereira
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9 comentários:
"O que esta crise mostrou é que é fundamental criar redes sociais que escapem a esses controlos e que possam funcionar de forma totalmente descentralizada, na cloud da Internet."
Penso que isso é um pouco querer abrir uma porta aberta: já há "redes sociais" autónomas - o conjunto de sites e blogs que cada um costuma ler quando se liga à internet de manhã é para todos os efeitos uma "rede social".
Um exemplo - não foi preciso facebooks nem twitters para, há uns anos atrás, uma carrada de sites terem divulgado um código de encriptação (ou coisa assim) qualquer (que inicialmente alguém tinha sido processado por ter divulgado).
Ou seja, para termos as tais redes sociais descentralizadas não precisamos de inventar nada - isso era o status quo antes da invenção do facebook e do twitter.
http://en.wikipedia.org/wiki/AACS_encryption_key_controversy
Mas que "redes sociais"? Nem sequer sites e blogues são precisos. Teremos sempre o correio electrónico, e quando o big brother conseguir mobilizar um exército de milhões para controlar os seus conteúdos, voltaremos à correspondência normal. A informação não foi inventada pela internet.
Caro e sempre lúcido camarada Miguel M:
sem dúvida, que a pólvora já existe e não precisamos da reinventar. Eu, pelo menos, interpreto a criação de redes sociais de que fala o JVM no sentido de aprendermos a usá-la, com imaginação e persistência.
Abrç libetário
miguel sp
Por outro lado, confesso que há uns dias andei a fazer backups (para o meu computador) do Vento Sueste e do Vias de Facto - penso que os servidores do Blogger estejam nos EUA, logo no caso de alguêm activar um "killer switch" (ou do conglomerado Google\Blogger\YouTube decidir apagar sites subversivos) iamos ficar sem acesso ao blogue.
MSP, poupe desta vez o pobre do Renato Teixeira. Há mais renatos entre o céu e a terra, e não quero ser o motivo de mais do que os necessários desaguisados ;)
Caro Renato (não Teixeira),
as minhas desculpas pelo equívoco.
Assim, apagarei a minha resposta deslocada ao seu comentário anterior.
Quanto à substância, digamos que a resposta que dei ao Miguel Madeira é a mesma que me parece poder dar-lhe a si.
Saudações democráticas
msp
Obrigado, Miguel. E não tem nada que pedir desculpas.
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