Ontem à noite, Nuno Crato diminuía a relevância dos resultados do PISA, ante o aplauso embevecido do mono Crespo, afirmando que as perguntas relativas à literacia matemática são «coisas básicas», retiradas de exemplos reais e estão ao nível da aritmética mais singela. Isto com risadinhas pelo meio.
Ora não é não é nada difícil encontrar exemplos de testes recentes, que incluem problemas como o acima reproduzido. Ou como este. Mais do tal "facilitismo"? Não estou bem a ver como.
09/12/10
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8 comentários:
Meu caro. E a acusação de alguns professores que dizem que nas suas escolas a aleatoriedade na escolha dos alunos sujeitos à Pisa recaiu sobre os melhores alunos? O que posso afirmar é que pela experiência familiar que tenho os testes e provas de aferição do 5º ao 7º anos são de uma simplicidade assombrosa.
Também tenho miúdos no secundário; por acaso, um deles até fez um destes testes e nem era grande espingarda a Matemática.
Mas repare: aqui não está em causa o grau de exigência dos nossos testes, mas sim os do PISA.
Acho que o problema é que o Nuno Crato tem um problema com exemplos reais (metade dos artigos dele no expresso é a criticar o uso de exemplos não-abstractos no ensino da matemática).
Não conheço as perguntas dos PISA. Sei apenas que os PISA são uma avaliação muito considerada internacionalmente.
Não sei se o Rainha está familiarizado com os programas de matemática, mas os exemplos que apresenta deveriam ser acessíveis a miúdos do 9º ano.
Ao apresentá-los pretende dar exemplos de perguntas difíceis? Talvez pareçam muito difíceis a alguém com formação em humanísticas, mas acredite que não deveriam ser consideradas como tal por miúdos com 15 anos que queiram ser, por exemplo, engenheiros (já nem falo em candidatos a investigadores em áreas das ciências exactas).
Por muito que lhe custe, têm que ser os matemáticos a avaliar estas coisas, quer goste da tromba deles quer não.
A escolha "aleatoria" dos alunos sujeitos aos teste de Pisa recaiu sobre os melhores alunos.
M. Abrantes,
Por acaso, estudei engenharia no IST. Logo, até tenho umas luzes no assunto.
Anónimo,
Já recolhi informação de duas escolas (uma pública, outra privada) em que tal não aconteceu. Mas claro que pode ter sucedido noutras paragens.
Aplauso, caro Luis,
Em resposta a um comentario acima, cabe lembrar que a comparação levada a cabo pela OCDE pode sempre ser criticada na medida em que é (como todas as comparações da organização em causa) feita por pares que se juntam num esquema de controlo mutuo, ou seja não sendo 100 % cientifica (mas sera que algum estudo o é ?), pode sempre levantar suspeitas quanto a um possivel biés politico-diplomatico.
Acontece no entanto que, por criticavel que seja, é a unica que se submete a um processo tendencialmente publico. Ninguém impede os jornalistas de se interessarem pelas varias fazes, desde a elaboração da metodologia à confontação de dados, e de os noticiarem. Alguns jornalistas especializados, alias, terão feito isso mesmo... perante a indiferença total do publico, mais interessado em debater os eternos benficas-sportings da treta. Seguindo a inclinação do grande publico, muitos jornalistas comentaram... sem sequer procurar ler o relatorio !
A mim, o que me assusta, não é a fiabilidade dos resultados, mas antes a total incompreensão dos objectivos por parte de muitos professores, e pelos vistos também do Nuno Crato (com vossa licença, vou fiar-me no que diz o Luis sem ver o programa).
Bolas, não é assim tão complicado : trata-se de aferir em que medida o sistema de ensino é eficaz em relação a todos, ou seja quais são as acquisições efectivas dos alunos na sua generalidade. Vir defender que os testes não eram exigentes, quando o que conta é saber se eram os mesmos para todos, ou antes se eram comparaveis, é simplesmente vir confessar que não se faz a mais palida ideia do assunto.
Quando procuro saber se o sistema português de ensino é eficaz, não costumo olhar para os alunos, ou procurar ver se os filhos do vizinho sabem escrever sem dar erros. Pauto-me antes por um indicador muitissimo mais revelador : o grau de compreensão que os docentes portugueses têm da sua função.
Então, sim, não deixo de me espantar com os bons resultados alcançados no PISA.
Porque a avaliar pelas asneiras que alguns professores proferem, os resultados so podem ter sido possiveis com uma ajudinha de nossa senhora de fatima.
Foda-se !
desculpem as "fases" e outras possiveis gralhas, que isto saiu antes de eu dar por ela (é o que da ter ido à escola antes da era do magalhaes, e nem sei como por aqui aqueles bonecos aparvalhados a sorrir para indicar que este ultimo comentario é ironico).
Uma tristeza.
Bom fim de semana a todos.
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