Sobe nos EUA o tom dos protestos contra a Wikileaks. Ameaças veladas a empresas, fatwas declaradas, pressões explícitas sobre países soberanos, etc. Pouco falta para que se iguale a histeria desencadeada pelos cartoons alusivos a Maomé.
Aliás, a fonte do ultraje parece radicar igualmente em elementos para-religiosos. Vejamos: funcionários públicos de uma democracia devem tudo ao povo em que assenta a sua autoridade. Em última análise, todos os elementos relativos à forma como desempenham as suas funções deveriam poder ser tornados públicos (com a plausível excepção de dados militares que poderiam ajudar um inimigo, em tempo de guerra).
A única forma de fugir a este compromisso é alegar um vínculo de força maior à Nação, uma lealdade que sobrepuja qualquer compromisso com os eleitores, com o povo soberano. Mas quem é que determina os tais superiores interesses da Nação? (Isto para nem inquirir o que será ao certo tal entidade.) Precisamente quem está envolvido em actos que prefere ocultar; quando um burocrata ou político escolhe esconder algo, desfruta automaticamente do selo "a bem da Nação". Isto, numa suposta democracia, parece-me de todo inaceitável.
Como não podia deixar de ser, temos por cá quem ache que a divulgação massiva de segredos de Estado é uma maçada inconsequente; certamente não por coincidência, apoiantes do dirigente mais manhoso, esquivo e parlapatão que alguma vez nos afligiu.
3 comentários:
Nós estamos em guerra.
http://www.memrijttm.org/content/en/report.htm?report=4822
(com a plausível excepção de dados militares que poderiam ajudar um inimigo, em tempo de guerra).
Bravíssimo, companheiro!
Abrç
msp
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