Imagine o gentil leitor que tem um amigo a pedir-lhe dinheiro emprestado. Duvida da solidez financeira do cidadão e prevê agruras mil para recuperar o pilim. Que faz? Não empresta, claro.
Agora imagine que é um banco português. O BPN pede-lhe dinheiro. Apesar de saber perfeitamente que se trata mais de um clube de aventureiros do que de um banco a sério, os juros oferecidos até são tentadores. Porquê? Porque em caso de aperto o Estado não deixará de intervir; os riscos sistémicos acarretados pela falência de um banco serão sempre graves de mais, calcula. E calcula muito bem: na hora da desgraça, receberá o seu dinheiro todo, cabendo ao contribuinte, que nada teve a dizer na decisão de tais operações, pagar a conta.
Que o Estado tenha de intervir, ainda vá. Que pague alguma coisa, dada a sua inexistente supervisão, idem. Mas porque raios é que os bancos credores do BPN não foram obrigados a assumir pelo menos parte das consequências dos seus empréstimos kamikaze? Era simples: em cada euro, recuperariam apenas 50 cêntimos. Dividia-se o mal pelas aldeias, em vez de o deixar à porta do mexilhão do costume.
Ainda por cima, não é pela generosidade estatal que os senhores banqueiros diminuem a gula. É só ver o chefe do BPI a exigir maiores facilidades nos despedimentos individuais; como sempre, a culpa da crise é dos pobres e a obrigação de a pagar também.
03/12/10
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