01/02/11

A queda do rapaz do trapézio voador

Deprimente e desmobilizador — pois não há outras palavras — — é que o Renato Teixeira acabe de renegar o esforço por garantir o direito da resistência islâmica aos prazeres do circo que tem vindo a desenvolver, nos últimos dias, à razão de um sempre jovial post por segundo, e publique agora este texto em inglês aclamando o reformismo anti-iraniano e pró-ocidental.

Pois, como toda a gente sabe, caso não estivessem a ser manobrados pelos amigos dos americanos, os manifestantes — quando Mubarak lhes diz: "Eu quero morrer em solo egípcio" — não responderiam: "Vai-te embora", mas sim: "Vamos fazer-te a vontade"?

O que, diga-se de passagem, não seria má resposta, por muito que fizesse tremer de medo "resistentes islâmicos" — tipo Mahmoud Ahmadinejad — e outros "burgueses patrióticos anti-imperialistas" que o RT tem na mais alta estima.

33 comentários:

Anónimo disse...

O amor tem destas coisas e já nem acerta no link tal é o embevecimento com que me acompanha a prosa. Nem sei bem a que texto se refere uma vez que a ligação que faz é para dois vídeos, mas receio bem que o trapézio voador esteja mais periclitante quando ao seu leme leva o fastidioso anarquista régio.

Renato Teixeira

Anónimo disse...

Quanto à resposta dos egípcios ela só vai terminar como o MSP gostava se o Mubarak insistir em não ouvir as perto de 5 milhões de vozes que decidiram dizer que já basta.

Mas é natural que fique surpreendido. Se ao invés de escrever um post por segundo sobre os antigos e os actuais regimes estalinistas presta-se mais atenção ao que nos chega do "mundo democrático", teria sido apanhado pela Revolução mais prevenido.

RT.

Anónimo disse...

"prestasse mais atenção", queria eu dizer.

RT.

Miguel Serras Pereira disse...

O post a que me refiro é aquele para que remete o segundo link. Só que, ao citá-lo, traduzi para português as palavras de Mubarak e a resposta dos manifestantes, que o Renato Teixeira parece só compreender em inglês.

msp

Anónimo disse...

Absurdo. Simplesmente ridículo. E por aqui me fico porque a alternativa seria chamar consultadoria especializada.

Anónimo disse...

O Miguel Serras Pereira é "um amigo de Israel"? Desculpe a insistência da pergunta, mas depois daquele post e da pergunta sem resposta, fiquei com curiosidade de saber (MESMO) qual é o seu trapézio...

http://viasfacto.blogspot.com/2011/01/uma-politica-criminosa-e-suicida.html

Ricardo Noronha disse...

Parece-me Renato, que várias das considerações que tens avançado, acerca do islamismo protagonizar a mais sólida resistência anti-imperialista e anti-sionistas no mundo àrabe, estão a ser quotidianamente desmentidas nas ruas de Tunes, do Cairo, de Beirute ou de Amman. Esperava que avançasses alguma ideia a esse propósito, mas ainda estou à espera.

Anónimo disse...

Ricardo, não vejo que a resistência islâmica esteja a passar ao lado do que se está a passar, ainda é cedo para concluir sobre isso, mas não restam dúvidas sobre quem têm sido os protagonistas da resistência anti-imperialista e anti-sionista até agora.

RT.

Anónimo disse...

Mais ainda, a organização da qual faço parte, a Rubra, foi a primeira a publicar no seu blogue que a Irmandade Muçulmana estava a apoiar o ElBaradei. Quem não distingue a esta posição face a um ataque militar do imperialismo e face a uma revolução, não está a ser sério.

Relembro, a propósito, o comunicado em que se denuncia justamente isso:

"Estivemos ao lado do MFA contra Salazar mas contra o MFA quando este à cabeça do conselho da Revolução quis fazer a contra revolução."

Quanto aos factos mais recentes começam a revelar nas ruas do Cairo mostram é outra coisa ainda - os limites da espontaneidade das massas - se houvesse agora um partido revolucionário a música era outra!

E mais uma passagem esclarecedora:

"Sobretudo, não deixamos de denunciar que o pior destas direcções islâmicas é que são burguesas, e por isso um obstáculo à emancipação dos trabalhadores desses países".

RT.

Ricardo Noronha disse...

Não estará a passar ao lado mas também não a está a protagonizar. Estes governos tremem perante a força das ruas, de multidões enfurecidas, da questão social, do descontentamento proletário. Mas não perante milícias para-militares organizadas pelos Irmãos Muçulmanos.

Ricardo Noronha disse...

Entrámos no reino da fantasmagoria: "se houvesse agora um partido revolucionário a música era outra".
A sério, parece-te razoável olhar para os acontecimentos históricos com uma perspectiva do reino do faz de conta? Esse «se houvesse» está muito aquém de qualquer raciocínio político razoável.
A ameaça de um ataque militar alemão/contra-revolucionário era um dos principais argumentos dos Mencheviques contra a insurreição de Outubro, em 1917.
Precisamente, essa distinção entre "ataque militar do imperialismo e uma revoluçã", naquela região, é muitíssimo problemática. E é quando os problemas surgem que os programas e perspectivas de cada organização se vêm postos à prova.

Miguel Serras Pereira disse...

Anónimo das 14.06

no sentido de defender - apesar dos "pecados originais" que marcaram a sua fundação e que foram denunciados por muitos judeus da época, com destaque para Buber, Arendt, etc. - que deve ser salvaguardada a existência de uma população israelita politicamente organizada, sim. Porquê?
Mas, se quer saber, sou, nos mesmos termos, embora com alguns considerandos diferentes, amigo da Palestina.
Num caso e noutro, esta "amizade" passa por tomar explicitamente posição contra os regimes políticos e os actuais governantes de Tel-Aviv e do Hamas (sem esquecer os herdeiros da OLP de Arafat, sobre os quais, como sobre a política da ocupação de Tel-Aviv, a leitura de Edward Said continua a ser eminentemente recomendável).

Esclarecido?

msp

Anónimo disse...

Ricardo, terra dos sonhos é a capacidade revolucionária da auto organização das massas.

Quanto à Irmandade Muçulmana não estar por fora mas também não estar por dentro é demasiado complexo para que consiga argumentar.

RT.

Ana Cristina Leonardo disse...

O que a situação no egipto prova à exaustão é que o Twain mais uma vez estava cheio de razão qd. escreveu "A profecia é um género muito difícil, sobretudo qd aplicado ao futuro".
Dito isto, a história do choque de civilizações, com os árabes a fazer o papel de bárbaros façanhudos brandindo histéricos o Alcorão, que muitos vêm confundido - alá os iluminie! - com luta anticapitalista e tal..., talvez tenha aqui a sua contraprova.
Como dizia o outro, dizendo quase tudo, são pobres mas não são estúpidos.

Ricardo Noronha disse...

Pois Renato. Quando a realidade caminha na direcção contrária aos teus raciocínios, naturalmente, é a realidade que se engana.
Se estamos de acordo em chamar a isto uma revolução e estamos de acordo que as organizações existentes se opõem à dinâmica mais radical ou simplesmente se deixam arrastar por ela, então desculparás, mas a terra dos sonhos tem entrado bastantes vezes pela minha televisão a dentro.
Já o teu partido revolucionário, parece ter existido apenas uma vez durante a história da humanidade e acabado ao fim de poucos anos. Terá sido uma música sublime, mas bastante curta.

Anónimo disse...

É assim. Até que uma música melhor produza avanços concretos não vejo porque me render ao rock concepcional do anarquismo autonomista.

Ainda não disseste onde é que, na realidade, a resistência islâmica, e não do islamismo como de forma algo infantil baralhas, não se expressa como a guarda avançada da luta anti-imperialista.

RT.

Ricardo Noronha disse...

Estou infantilmente confuso. Quando falas de «resistência islâmica» em contraponto ao «islamismo», referes-te a todas as formas de resistência em que participem muçulmanos (ou onde eles sejam maioritários), independentemente de serem levadas a cabo com objectivos secularista?
A tua pergunta refere-se exclusivamente a países onde a maioria da população é muçulmana, certo? Porque, por exemplo, na América Latina, a «guarda avançada da luta anti-imperialista» (ufa...) não é a resistência islâmica.

Ricardo Noronha disse...

"NOUS SOMMES TOUS DES TUNISIENS
by Gilles Jacob Lellouche on Tuesday, 01 February 2011 at 16:42

J'ai reçu un coup de fil ce matin de quelqu'un qui voulait vérifier une information qui circulait à Paris depuis quelques jours déjà à savoir que le restaurant "Mamie Lily" avait été saccagé et que son propriétaire (moi même) avait été massacré.

comme la connexion d'outre tombe doit être à chier, j'ai donc décidé de rester en vie et je vous confirme donc que je vais parfaitement bien, que mon resto se porte très bien de même que ma mère et moi même.

dans la foulée, j'apprends aussi que la synagogue de Gabes a été brûlée... la semaine dernière on nous annonçait que le président de la communauté avait quitté le pays ainsi que le directeur de la maison de retraite de la Goulette... bon on va peut être s’arrêter là dans le déballage de connerie ! NON le président de la communauté juive Monsieur Roger Bismuth n'a jamais quitté le pays en abandonnant derrière lui les juifs du pays, NON le Directeur de la maison de retraite, Monsieur Albert Chiche n'a pas abandonné les petits vieux de sa maison, NON aucune synagogue n'a été incendiée, NON aucun restaurant n'a été saccagé, NON aucun juif n'a été victime d'exactions tous les tunisiens sommes embarqués dans la même galère et au même titre que tous les tunisiens nous sommes en train de ramer pour redresser la barre et remettre le pays à flot.

N'oublions pas que durant des années cette communauté a été maintenue dans une sorte de dhimmitude on nous faisait croire que cette communauté avait besoin de ce pouvoir en place pour vivre dans son propre pays, on a affiché une sur-protection pour nos lieux de cultes ou nos pèlerinage. On a maintenu et entretenu une peur voire une haine de l'autre durant toutes ces années pour affirmer que sans ce pouvoir, la communauté juive aurait totalement disparu.

oui Monsieur l'ex président s’était rendu en France à la rencontre de la diaspora judéo tunisienne pour lui dire combien il serait heureux de la voir revenir s'installer au pays (j'ai envie de lui dire combien je suis heureux de l'avoir vu partir du pays) revenir certes, mais jouer profil bas , être des alibis pour prouver au monde combien notre pays est un pays d'ouverture et de tolérance... on a pas besoin de toi pour ça Dugland... Non la Tunisie n'est pas un pays de tolérance c'est un pays où les hommes vivent en frères. et ici juifs comme chrétiens, musulmans, bahaïs, majoritaires, minoritaires, nous nous réjouissons tous de rentrer et faire entrer notre pays dans l'univers de la démocratie où tout le monde à voix au chapitre.

Non vous ne réussirez pas à instrumentaliser la communauté juive qu'elle soit sur place ou qu'elle vive en diaspora la Tunisie n'a plus besoin de vous point barre, et mettez vous une bonne fois pour toute dans la tete que nous sommes tous TUNISIENS.

DEGAGE!

PS à ZABA : la Tunisie a réussi à éradiquer les Trabelsi musulmans, est ce qu'on peut t'envoyer le Trabelsi juif de Djerba il pourra te servir pour ta propagande ... d'ailleurs n'avait il pas annonçait à l’époque où ça te" servait que ça n’était un accident en parlant de l'attenta à Djerba et aujourd'hui il annonce une catastrophe nationale à gabes"

Anónimo disse...

Ricardo, ufa, enfim alguma distinção. Há que saudar os levantamentos, sem qualquer dúvida sobre o seu cariz religioso maioritário (uma desgraça a falta de laicidade e de socialismo dos outros), mas há que ser justo com a história.

Agora e sem merdas diga lá, defende ou não a vitória militar dos regimes islâmicos (entre outros credos tresmalhados) sobre a cruzada imperialista? Alinha mesmo pela bitola da equidistância tão cara ao MSP?

RT.

Miguel Serras Pereira disse...

Transcrição na hora, grande camarada Ricardo.
Abraço

miguel (sp)

Miguel Serras Pereira disse...

RT,
equidistância, os cornos dos seus tios ideológicos estalino-khomeinianos, vergonha de qualquer trotsquista que preze o seu epónimo.
É a estes "coveiros da revolução" (como disse Lev Davidovitch nas ventas de quem você bem sabe), lucidamente descritos por Paul Hampton no Passa Palavra (http://passapalavra.info/?p=28452) que V. diz que devemos aliar-nos contra o imperialismo?

msp

Anónimo disse...

MSP, vá comprar cigarros que eu estou à espera da resposta do Ricardo.

RT.

Miguel Serras Pereira disse...

RT,
já registou a patente ruborizada do seu "rock concepcional"? Deixada a pergunta, reconheço que as suas práticas anticonceptivas mentais são cem por cento seguras. Tanto post a cada segundo e nem a mais vaga ameaça de um pensamento. É genial, homem. Mas, se já não pensa, porque é que ainda fuma?

msp

Anónimo disse...

Voltou? E eu a pensar que...

Se eu não escrevesse o que é que o MSP leria?

RT

Anónimo disse...

Pior, se eu não escrevesse o que é que o MSP escreveria?

RT

Anónimo disse...

é pá! Um diz-se amigo de israel. O outro vota em candidatos do PND. Mas quando se trata de pregar "pureza revolucionária" (com muitos pózinhos de democracia, direitos humanos e autonomismo) são 100 vezes pior que o renato Teixeira. Haja pachorra pra tanto moralismo...

Luis Ferreira disse...

O partido revolucionário obteve sucessos concretos exactamente onde e em que período da história? É que para além de ter por hábito intervir contra os processos revolucionários em curso, e aí sim ter alguns sucessos a reclamar, não vejo que situações possam ser essas.

Ricardo Noronha disse...

Renato, estás a conseguir fazer-me voltar uns quantos anos atrás no plano da argumentação, mas parece que vai mesmo ter que ser. Respondo-te por isso com o bolchevique que ainda há dentro de mim.
Como Lenine e Clausewitz, acho que a guerra é a continuação da política por outros meios. É por isso mesmo que acho que regimes islâmicos, nacional-populares, socialistas num só país e etc. são tigres de papel na hora de enfrentar o imperialismo. Como aliás se viu no Iraque. Não haverá qualquer "vitória militar dos regimes islâmicos (entre outros credos tresmalhados) sobre a cruzada imperialista".
Uma posição internacionalista consequente implica combater com meios consequentes cada ataque/invasão levados a cabo pelo imperialismo. E isso significa mobilizar politicamente as massas contra o imperialismo, a começar pelas do próprio país invasor.
Ou pensas tu que teria bastado a pista Ho-Chi-Minh e o armamento soviético, para o Vietcong derrotar a invasão norte-americana? Ou o comboio blindado do trotsky para vencer os exércitos brancos, francês, inglês, alemão? Foi preciso levar a guerra para a retaguarda do inimigo, com um programa político. Toda a diplomacia soviética dos primeiros anos se orientou para esse objectivo. E eu esperaria que uma secção da 4ª Internacional tivesse isso em mente quando olha para o médio-oriente.
O islamismo não oferece nenhum programa político consequente e está por isso condenado à derrota. Toda a argumentação no sentido de o considerar a forma específica assumida pela resistência nos países árabes equivale a um racismo dissimulado e um paternalismo que não promete nada de bom. Nas ruas do Cairo, vejo a classe trabalhadora local a tentar derrubar um regime autoritário e a combater dessa forma o imperialismo. Faço votos para que aquelas pessoas percorram o seu próprio caminho, mas espero que esse caminho as aproxime da luta da classe trabalhadora à escala mundial. Nesse processo, o islamismo no Egipto, tal como o fascismo em Portugal, serão sempre um obstáculo a remover.

Anónimo disse...

Ricardo, bom post mais à frente. Sinceramente não vejo qualquer realismo no que afirmas. A vitória do Hezbollah contra a invasão israelita, foi uma vitória do fascismo? É que com a equiparação que fazer é essa a única leitura.

Nunca disse que o islamismo garante a vitória de um projecto emancipador, signifique isso o que venha a significar, mas não ver que as principais derrotas do imperialismo se têm vindo a fazer em países e por organizações islâmicas é não querer ver nada. Do Iraque, ao Afeganistão ao Médio Oriente.

Fiquemos pela partilha da esperança e sugere ao MSP que nestes dias de entusiasmo troque o Renato pelo Egipto na sua ordem de prioridades. Como é evidente não é só ele que fica exposto ao ridículo e este espaço, por melhor que me tenha em conta, perde com esta sinistra ordem de prioridades.

RT.

Miguel Serras Pereira disse...

O próprio Zizek — que, por vezes, escotomiza estas coisas ou procede à tentativa de as dissimular ao olhar alheio mediante esses passes de prestidigitador que recomendam que, ao lê-lo, seja indispensável um trabalho de joeira não raro enfadonho —, o próprio Zizek reconhece o seguinte traço distintivo nas revoltas do Egipto e da Tunísia: até ao momento, as palavras de ordem religiosas brilham pela ausência. E bom seria que só assim, ou, o mais possível assim, continuassem a brilhar.
Quer isto dizer que sejam menos ameaçadoras para a ordem global dominante — para a política de super-potência dos Estados Unidos, para a oligarquia neoliberal europeia, para as ambições imperialistas chinesas e, também, para o regime de Tel-Avive? Ou menos ameaçadoras para as oligarquias nacionais?
É o contrário que parece ser verdade. Se os regimes ou projectos de regime da "resistência islâmica" se portam como canibais ao nível interno (em relação às populações que subjugam), a verdade é que, como bem lembra, num dos anteriores comentários desta caixa, o Ricardo Noronha, são "tigres de papel" para a dominação global e desempenham o papel de sabotar as alternativas de democratização que se esboçam perante ela.
Por isso, nas circunstâncias presentes, a entrada em cena, no Egipto ou na Tunísia, de manifestações entoando "Alá É Grande" ou de reivindicações de islamização das leis e das instituições, só poderia servir os Mubarak, por um lado, e os Netanyahu, por outro — ao mesmo tempo que para confortar as opções globais das oligarquias "ocidentais" e a ofensiva antidemocrática que têm vindo a promover cada vez mais abertamente.
Custa assim tanto a compreender que pegar no RT ou numa sua réplica, enviá-lo para o Egipto e dar-lhe um megafone para advogar na praça pública a via iraniana da revolução do ayatollah, seria proporcionar a Mubarak uma última esperança, na proporção exacta da potência de som do megafone do porta-brados da "resistência islâmica"?

Ricardo Noronha disse...

É precisamente aí que a porca torce o rabo. Não houve uma vitória militar do Hezbollah. Tiveram mais baixas do que o Tsahal, perante o qual recuaram e acabaram por ver o Líbano a ser ocupado por tropas da ONU (http://en.wikipedia.org/wiki/UNIFIL#UNIFIL_leadership), que por sinal ainda por ali andam.
Isso não corresponde ao que eu considero ser uma vitória militar. E acho que a maioria da população libanesa concorda.
O que houve, efectivamente, foi uma vitória política, uma vez que o exército israelita acabou por recuar sem ter cumprido a sua promessa de exterminar o movimento. Mas sobreviver não é o mesmo que vencer militarmente.
É preciso dizer, aliás, que boa parte da reputação militar atribuída ao Hezbollah foi construída pela imprensa israelita, para justificar as dificuldades das suas tropas no terreno.
Isto não quer dizer que eu não preferisse na altura que o exército israelita fosse derrotado militarmente pelo Hezbollah, pelos guardas da revolução, ou por quem quer que fosse. Quer simplesmente dizer que, a posteriori, fazendo um balanço realista, isso não aconteceu.
O imperialismo é militarmente mais forte e politicamente mais fraco do que as resistências que encontra. Por isso é que nenhuma guerra pode ser travada contra ele sem uma política correcta. Seria entregar-lhe uma vantagem dupla.
Finalmente, gostaria de dizer que, embora o partido comunista local e a Frente Popular tenham apoiado o Hezbollah contra o Tsahal(o que, evidentemente, me parece bem), há uma longa história que explica o desaparecimento da esquerda laica no Médio Oriente: http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9B0DEED7113BF937A35750C0A961948260
E eu ainda não estou disponível para a esquecer.

Anónimo disse...

A capitulação histórica do PCL é uma dessas razões. A vitória militar foi clara, e a política como é evidente também. Vê os recentes acontecimentos. E o Iraque? E o Afeganistão? e a Palestina? Tudo a sobreviver, tudo fascistas. Sinceramente não entendo. Mas siga. Estou farto deste bate boca e tu não queres ser convencido.

Presta mais o Líbano, verás a dimensão da vitória do Hezbollah. Se assim estiveres disposto a que a realidade assalte as tuas certezas.

Abraço.

RT.

Anónimo disse...

Presta mais atenção ao Líbano, queria dizer.

RT.