Vale a pena ler na íntegra a crónica que Anselmo Borges publicou no DN de ontem (21.08.2011). Trata-se, com efeito, entre outras coisas, de um belo exemplo de livre-exame da questão do trabalho, perante a qual tanto a esquerda mais oficial como boa parte da mais oficialmente "revolucionária" demonstram inibições tão penosas como perigosamente mórbidas. Sublinhe-se ainda o modo como, sem se sentir por isso obrigado a renunciar à sua condição de crente, o eminente teólogo consegue, na sua argumentação, mobilizar a leitura da Bíblia, sem trair o logon didonai (dar conta e razão) temporal e fundamental da deliberação democrática, abstendo-se de invocar a revelação ou a fé como justificações da tomada de posição política que entende tomar, interpelando a cidadania laica dos seus concidadãos. Aqui fica um breve excerto e a recomendação do exercício a que o exemplo de Anselmo Borges nos convida:
Agora, é a esfola. Impostos, mais impostos, novos impostos. E o desemprego a aumentar. E a pobreza e também a fome.
E a maioria da gente a pensar que mais algum tempo de sacrifícios e voltaremos ao sabor da abundância. Quem disse? Afinal, quem manda e decide? Como é possível que o mundo entre em terramoto por causa de uma nota de uma agência de rating? Mas, sobretudo, ainda se não viu que o "trabalho" é um bem escasso, que será necessário, de um modo ou outro, distribuir? Acima de tudo: como é que ainda se não percebeu que, num mundo limitado, não é possível um progresso ilimitado? E toda a gente a correr e a desfazer-se em stress e angústia para trabalhar aqui e ali e não soçobrar na avaliação. Porque, agora, a avaliação é palavra de ordem, como a concorrência. É preciso concorrer, competir. E ninguém pergunta: produzir o quê e para quê e para quem? Precisaremos de tanta quinquilharia produzida?
Mas agora é a ambição - foi sempre, mas não como agora. Ora, lá está a Escritura, na Primeira Carta a Timóteo: "Nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele. A raiz de todos os males é a ganância do dinheiro. Arrastados por ele, muitos se enredaram em muitas aflições."
Não precisaremos de viver mais moderadamente e, para lá do ter, buscar o ser e ser? Já há muito, o matemático e filósofo, Prémio Nobel da Literatura, B. Russell escreveu que bastaria trabalhar quatro horas por dia, e o físico H.-P. Dürr, Prémio Nobel alternativo, disse que precisaríamos apenas de um terço do nosso tempo de trabalho para produzirmos o que é realmente importante.
21/08/11
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4 comentários:
E poltica...gostei do neologismo
Poltica como titica é por assi dicere o excremento da política?
ou da realpolitik?
lucidez temporal....foi antigo seminarista?
é que dizem qu'estas coisas ficam
ó Misericordioso Santo-Pecatori?
Pecari? Pecan? Pecos(city)?Pecunia?
Como é que ainda não se percebeu que num mundo limitado não é possível um progresso ilimitado?
É bastante discutível se o aumento da venda de automóveis, o aumento das casas construídas, o aumento de barris de petróleo extraídos significam progresso. Até é discutível se o aumento de crentes nas Igrejas significa progresso.
Se quisermos separar aquilo que possamos tomar como progresso de facto, daquilo que representa apenas enriquecimento e aumento de poder de alguns, será que nos deixam? Ou será que nos acusam de terrorismo social ou de ódio às religiões?
Excelentíssimo Senhor dos Queijos,
agradeço a correcção da gralha. No entanto, não teria sido necessáriodar-se ao trabalho ingrato de justificar asua proposta de emenda com um arrazoado tão extenso. Se tivesse escrito, simplesmente: "Não é POLTICA, pá - é POLÍTICA", eu agradecer-lhe ia de igual modo a vigilância crítica.
Sinceramente
Caro Mário Abrantes,
boas questões, sem dúvida. Assim haja quem lhes pegue e as difunda.
Cordiais saudações democráticas
msp
asua proposta de emenda
asua ou são aditivos para a indústria dos polímeros
ou é o sobrenome d'Jiménez de Asua político pedreiro daqueles a recibo verde e eugenista ke perorava insanidades várias
também era tradutor (mau) e advogado (do diablo?
pá é diminuitivo de rapaz o que nenhum de voçês deve ser mesmo que andem nos 30 e tal não s'enquadram nos jovens agricultores
esta repescagem da igreja é também sintomática
(Estalinhos o 1º fê-lo na grande guerra patriótica
(neologismo frásico utilizado também por kadahfi
(a pátria sou eu)
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