22/08/11

Um Judeu

Antevejo bastante animadas as contorções circenses a que terão de se entregar os que festejaram e aplaudiram a justiça imperialista norte-americana pela incriminação de DSK, agora que terão de emendar o tiro e sustentar que a única prova de isenção judicial, o único juízo imparcial, seria a condenação do judeu — eventualidade que as condições objectivas excluíam à partida, como eles se esqueceram de indicar desde o primeiro momento.

El fiscal de distrito de Manhattan, Cyrus Vance, ha pedido formalmente al juez que desestime los cargos presentados en mayo contra Dominique Strauss-Kahn por la supuesta agresión sexual contra la limpiadora Nafissatou Diallo en el hotel Sofitel de Nueva York. El fiscal, que inició la investigación y presentó la demanda por la vía criminal, perdió la confianza en su testigo principal por diversas contradicciones en su relato de los hechos. Si el juez acepta su petición -algo que se da por seguro- el político francés tiene vía libre para salir, finalmente, del país.

Previamente, los abogados de Diallo, de 32 años, pidieron al juez que instruye el caso que recuse al propio fiscal, porque consideran que ha tratado injustamente a la supuesta víctima. Estos presentaron en los juzgados neoyorquinos una moción para que el magistrado nombre a un fiscal especial que asuma la acusación. El viernes, la oficina de Vance había enviado una carta a Diallo en la que la citaba a una reunión, mantenida ayer a las 15:00 (21:00 en la España peninsular). En ese encuentro le notificó que no seguirá adelante con la acusación.

Culminaba de ese modo un periodo de distanciamiento y erosión de la relación entre el fiscal y su principal testigo en el caso. Desde julio, la tensión entre ambos ha ido incrementándose. Sobre todo, mantiene Vance, por inconsistencias en el testimonio de la limpiadora. Primero, en una comparecencia ante un gran jurado, ésta dijo que, después de ser agredida, había llorado en un pasillo del hotel. Ante el fiscal, posteriormente, rectificó y dijo que había limpiado otra habitación para tratar de mantener la calma.

Vance también obtuvo la transcripción de una grabación en el idioma Fulani, del oeste de África, en la que se le atribuía la frase: "Sé lo que me hago, éste tipo tiene mucho dinero". En diversas entrevistas a los medios norteamericanos, la limpiadora se defendió, alegando que esa frase estaba mal traducida y que nunca dijo esas palabras. El hecho mismo de que Diallo hablara a la prensa, cuando los fiscales suelen desaconsejar esas apariciones públicas en casos aun abiertos, dio muestra de sus malas relaciones con Vance.

El pasado ocho de agosto, Diallo presentó una demanda por la vía civil en un juzgado del Bronx, pidiendo una indemnización monetaria cuya cifra no ha revelado a los medios. Nacida en Guinea, llegó a EE UU en 2002. Según admitió recientemente, mintió en su petición de asilo político sobre diversos sucesos en su pasado, como que fue violada por soldados en su país natal.

Al tener constancia de esas mentiras, Vance decidió pedir al juez que dejara a Strauss-Kahn, de 62 años, en libertad condicional sin fianza el pasado uno de julio. Previamente había permanecido en arresto domiciliario bajo fianza de un millón de dólares (695.000 euros) y aval de garantía de cinco millones de dólares (3.47 millones de euros).






20 comentários:

ASMO LUNDGREN disse...

um cigano

um paki

um processo de simplificação?

ou a perpetuação de estereotipos de um século já morto?


mim dá-lhe consulta gratuita

um fóssil vivo?

ou um Filipe Rosas ambientalmente induzido?

lamento mas o nº reduzido de fraseologia defensiva-ofensiva

não me permite discernir

tente desenvolver livremente os seus processos de exorcização secularista

Dois Judeus e três gitanos disse...

porque o triunfo está no sofrimento

que sai das nossas veias e se espraia

está no olhar de quem nos fixa atento

se o mundo hesita em vos vestir a saia

está na lágrima que não rolasse

dos nossos olhos mas que há-de ir, um dia

ao cantar-nos banhar-te a face

fria

ESTÁ na dança cujo ritmo e passos

ficaremos de pé intactos vivos

nos dedos quedos e braços lassos

dos que depois de vós serão cativos

Joana Lopes disse...

Miguel,
O que é que o texto que «linkas» tem a ver com o facto de DSK ser judeu? E que sentido tem evocar esse facto, até como título do «post»?
Algo me escapa mas pode ser do adiantado da hora. Ou então deves estar a pensar numa qualquer 40ª linha de algum comentário no 5 Dias...

Miguel Serras Pereira disse...

Joana,
parece-me evidente que nos exercícios delebratórios do que a certo momento julgaram ser a condenação garantida de DSK, a sanha anti-semita aflorou um pouco por toda a parte. Acontece que, sendo judeu, DSK foi também rosto de uma instituição odiosa, ligada à finança, e que a infâmia racista não podia deixar escapar a oportunidade. A cereja em cima do bolo: DSK, embora rosto do FMI, manifestara, pouco antes do macabro atentado que sofreu, uma atitude crítica e reformista - muito rocardiana - perante o regime financeiro global. O que o tornava um alvo ainda mais apetecível ao anti-semita que espreita nalguma muito ruidosa e desvairada "esquerda revolucionária".
Enfim, penso até que o meu post se deveria ter chamado qualquer coisa como "Um judeu lascivo"… para evocar a terminologia nazi.
O que estranho é que tu não tenhas dado pelo anti-semitismo da campanha, que, paradigmaticamente, exibiu, como nos anos da peste, as capacidades de unidade na acção da esquerda estalinista e da direita mais reaccionária. Não, Joana, nunca me verás, espero, apostar na polícia de costumes para combater o capitalismo ou na vida do escândalo sexual contra o capital financeiro. E sei que, nessas, também nunca te verei. Só me parece que subestimas certos perigos que, nesta encruzilhada, rondam e se tornam particularmente ameaçadores: neste caso, o anti-semitismo; aqui há tempos, o anti-germanismo nacionalista e "identitário" do Professor Boaventura…
Por fim, ainda que o elemento anti-semita não tivesse aflorado em termos particularmente eméticos na abordagem do caso, a natureza política da campanha e atentado contra DSK entrava pelos olhos dentro (o João Bernardo viu.-o bem, num comentário que aqui deixou, sem se referir ao anti-semitismo) e eu esforcei-me por denunciá-la desde o início.

Niet disse...

O judaismo de D.Srauss-Khan é inquestionável, muito qualificado e moderno. Ele cultivou mesmo a aprendizagem do árabe nos seus anos de formação, o que demonstra uma heterodoxia e modernidade simplesmente fabulosas! Dominique S-K. constitui- como o sublinhou sempre Michel Rocard- um alto património intelectual e ético da Esquerda francesa, a lembrar, a par de Rocard ele-próprio, claro, uma transmissão empolgante e frutuosa do melhor da herança inultrapassàvel de Pierre Mèndes- France. Niet

Anónimo disse...

Pierre Mendès-France. É tanta a emoção que os acentos saltam...Niet

Joana Lopes disse...

Miguel,
Enumeraste várias razões que, sim, fizeram parte da campanha contra DSK e isolaste apenas uma: ser judeu. Foi só isso que quis sublinhar.

Miguel Serras Pereira disse...

Então, Joana, só me resta agradecer o sublinhado e o ensejo de esclarecer melhor a questão.

Sim, Niet - mas, se mantenho tudo o que disse sobre a infâmia de que se cobriram os autores de posts como o vómito infecto da Sassmine/Joana Manuel (http://5dias.net/2011/08/16/em-glorioso-technicolor/), não te acompanho no fervor rocardiano. Muito longe disso.
Bom vento, claro. Salut

msp

Anónimo disse...

Rocard é o "embaixador" de Sarkozy para a defesa dos pólos Norte e Sul. Hoje, agora. Tens razão na tua crítica, claro. Mas, o que ele disse do Dominique- que era " preciso repatria-lo- marcou muitos pontos noutro contexto, como deves saber. De qualquer modo, Rocard faz hoje tantas " asneiras " como as anda a fazer o excelente M.Villaverde Cabral em comissões governamentais...É a psicose da Terceira Idade, meu caro...Salut! Niet

Joana Lopes disse...

Miguel, algo que pode parecer um detalhe mas que para mim não o é: se a Joana Manuel usa um pseudónimo no 5 Dias,pode ter razões para o fazer e, sobretudo, tem DIREITO a tal Não me parece «bonito» que uses o seu nome e não vislumbro motivos para o fazeres.
E, note-se, eu não gosto de pseudónimos.

Miguel Serras Pereira disse...

Joana,
o nome da Joana Manuel consta na coluna dos colaboradores do 5dias. Quando carregas em cima das palavras "Joana Manuel", és remetida para uma grotesca colecção de posts assinados "Sassmine". Não estou a revelar mais do que, quando falo do que escreve a Fernanda Câncio no Jugular, me refira a "Fernanda Câncio" e não a "f." - embora a jornalista em apreço também possa ter as suas razões para assinar "f." num lado e "Fernanda Câncio" no DN.

Não me vais dizer, espero, que, sendo a própria Joana Manuel quem se dá a conhecer como utilizadora do pseudónimo "Sassmine", eu cometo uma indiscrição comprometedora ao seguir-lhe o exemplo.

Joana Lopes disse...

Sorry, Miguel, nunca tinha visto isso.

Niet disse...

A Joana Lopes, modelo de trabalho e ideóloga nata da NET lusa,não tem razão sobre o uso dos pseudónimos, carissima. Como ando nisto, há pouco mais de 7 anos, comecei por usar as siglas do meu nome; depois para evitar chatices inventei um pseudónimo com as primeiras letras da palavra Nietzsche, não sem avisar, no Espectro- blogue de liberdade livre sem control a priori de C.C e Sá e VP Valente-que Niet era... Portanto, há razões ideológicas e estécticas para o uso decente do pseudónimo- mantendo-o e não alterando-o ou viciando-o à mercê das marés de oportunismo ou má-fé... Por outro lado, há aqui uma questão de exercicio de poder- intelectual, entre outros...- que convém que seja esclarecido: quem não é candidato a nada, quem não pretende mandar ou exercer uma qualquer delegação de poder...pode usar os pseudónimos ou o anónimato. Tudo isto, em tempos, obrigou-me a solicitar pareceres de jurisprudência ao master Paulo Queirido, que me despachou para textos do Prof. Freitas do Amaral...Isto não há nada como realmente: o poder impotencia-nos e a escrita electrónica tem virtualidades fascinantes e subversivas. Salut! Niet

cuco da floresta disse...

"Não, Joana, nunca me verás, espero, apostar na polícia de costumes para combater o capitalismo ou na vida do escândalo sexual contra o capital financeiro."

Pouco sabemos do que se passou naquele quarto de hotel, e as campanhas de informação e contra-informação prontamente montadas têm servido sobretudo para alimentar teorias da conspiração. Mas sabemos de certeza que o que está em causa não é um "escândalo sexual" ou um "policiamento de costumes" bem ao estilo americano. É violação. Alegada, é certo, mas violação. Não é lascividade, perversidade, erotismo, a lady's man, etc.etc.
Que se diga que o anti-semitismo está associado a ideias de uma corporalidade lasciva e a uma violentação da pureza dos corpos e por aí afora. Mas não se confunda na argumentação - como tantas vezes se viu nos media e blogues - promiscuidade e violação.
Espanta-me, e exaspera-me, que alguém que tem sido uma voz tão activa na crítica à violência na política seja tão complacente com a violência extrema sobre o corpo. Mesmo que alegada.

Miguel Serras Pereira disse...

Aplicados a DSK ou a outro qualquer SUSPEITO os métodos utilizados pela polícia, os juízos antecipados, a encenação de que o caso foi objecto - evocando o caso da perseguição movida por cá a Paulo Pedroso - são absolutamente repugnantes.
Trata-se de violação? Trata-se de alegação de violação, sim, mas não vejo o que é que isso justifique seja o que for. Até prova em contrário, seja qual for a alegação, a presunção de inocência deve ser mantida.
Acresce que houve um aproveitamento político infame da incriminação - aproveitamento que explorou a repulsa que a violação causa justificadamente, pondo esse sentimento ao serviço de uma campanha que só beneficia as tendências mais retrógadas e mais ameaçadoras.
Muito mais haveria a dizer, mas não quero repetir-me nem arrombar portas abertas. Por aqui me fico, pois. Até mais ver

msp

cuco da floresta disse...

Bom, não sei ser mais directa:
Gostava muito que quando se falasse em violação (alegada ou outra) não se confunda (nem se meta na mesma frase) "policiamento de costumes".
Do "aproveitamento político" e da incriminação, nada tenho a dizer.

Manel disse...

uau. vómito infecto. eu sou anti-semita (só agora é que reparou? qualquer pessoa que me conheça minimamente percebe imediatamente isso, é a minha noção fundadora, o anti-semitismo). e a violação é um assunto menor, de polícia de costumes. bravo.

eu devo ter muitos nomes para classificar isto, Miguel Serras Pereira, mas sinceramente nem me vou dar ao trabalho. vómito infecto serve bem, mas pior que vómito só mesmo vómito usado, portanto olhe, não lhe chamo nada. divirta-se na vida, é o que tenho para lhe dizer.

Manel disse...

E veja lá, aqui até me chamo outra coisa. Eu devo ser mesmo um ser abjecto.

Anónimo disse...

"Divirta-se na vida". Mas o que é isto? Joana Manuel sempre a distribuir conselhos aos demais e cheia de opiniões alucinadas para dar - tão generosa quanto arrogante. blhargggg!

Miguel Serras Pereira disse...

Não, Manel ou lá o que é, eu não disse que o seu post era anti-semita. Só disse e mantenho que não lhe repugnou - antes achou tão excitante como decorar a Constituição - alinhar com anti-semitas e com a direita mais reaccionária na campanha contra DSK. E também que as deduções que apresenta da culpa de DSK nada têm a invejar - no teor de irracionalidade e de infâmia - às posições anti-semitas.
Conviria que aprendesse a ler antes de se atrever a escrever. Não custa nada.

msp