28/01/11

Isto foi o que eu vi em Auschwitz-Birkenau

«Faz muito frio em Auschwitz», dirá depois a mulher israelita com quem me cruzo na estação de caminhos-de-ferro de Cracóvia. Aproxima-se com um papel na mão e pergunta-me num inglês áspero se poderei ajudá-la.
Respondo-lhe que não por ser também estrangeira, e ela continua a tentar junto à fila do guichet de informações: «Desculpem, sabem dizer-me onde fica o Hotel Chopin?»
Era o meu hotel. Acabámos a partilhar um táxi – eu, ela e o marido – e nessa noite fico a saber que são ambos filhos de judeus polacos que sobreviveram fugindo para a zona de ocupação russa. Quase toda a família que ficara na parte anexada pela Alemanha em 1939 morrera no campo de concentração e extermínio de Auschwitz. Aqui a «solução» foi praticamente final: dos cerca de 3 milhões de judeus que viviam na Polónia antes da guerra, restavam 100 mil em 1945.

A caminho do Campo, o guia polaco vai calado junto ao condutor. Antes da partida fizera questão de contar uma piada que adivinho da praxe, recolhidos nos vários hotéis os participantes do tour: «Este autocarro dirige-se a Auschwitz-Birkenau. Aos passageiros que quiserem descer é dada agora uma última oportunidade», e seguiram-se alguns risos de circunstância.
A viagem é monótona. Depois de Cracóvia, árvores. Árvores, árvores, árvores. Despidas, de ramos suplicantes. Aldeias desertas. Mais aldeias desertas. Uma película viscosa, cinzenta e triste, adere ao céu e à paisagem. Chove. Estamos na estrada há cerca de uma hora. À vista de um entroncamento ferroviário adensa-se o silêncio dentro do autocarro, apenas interrompido pelo ronronar do motor. Todos parecem aguardar o pior. Mas ainda falta.
As árvores austeras dão por vezes lugar a florestas sombrias a que se sucedem planícies cultivadas e, mais tarde, colado a Birkenau, ao fundo, depois da cerca de arame farpado, hei-de avistar um outro campo igual, de terra arada e duas casas. Todos os dias os habitantes das casas olham a cerca. O mais provável é não a verem. Está ali há mais de 60 anos. Uma coisa com mais de 60 anos, se se mantiver, muito, muito quieta passa a ser invisível. A física não explica mas é assim.

O guia informa agora que chegaremos dentro de pouco mais de 15 minutos e que a agência responsável pelo tour oferece um desconto de 20% no caso de uma segunda visita. No regresso explicará que também organizam idas às minas de sal de Wielicka e às montanhas Tatra, tudo muito perto de Cracóvia e a preços acessíveis: «Podem consultar os folhetos».

«Leve um casaco, faz muito frio em Auschwitz», diz a mulher israelita. No dia seguinte será pior. Volto de comboio e chego a Birkenau muito cedo. O local está praticamente deserto e ouve-se o barulho dos cortadores da erva. Do topo da torre de vigia principal, à entrada, avista-se a simetria desmesurada do campo de extermínio. Quase nada resta, mas ainda assim faz muito medo.
«Queria ir a Auschwitz», confesso em tom sumido ao recepcionista do hotel. Chegara a meio da tarde e andara pelas ruas de Cracóvia a confirmar que se trata de uma cidade belíssima, poupada pela guerra. O pudor não me deixara ainda pronunciar a palavra. Quero saber como chegar de comboio a Auschwitz.

«De comboio?!», e num golpe de magia larga sobre o balcão um folheto de excursões organizadas. «We have a very good tour to Auschwitz. Sai daqui às 9 horas, por volta das três e meia está de volta». Mostra-me o programa e, porque insisto no comboio, a contragosto consegue-me os horários. Já no quarto, telefono a informar que, afinal, mudei de ideias; se me pode incluir na lista do dia seguinte: «Nesse caso, terá de vir à recepção pagar o bilhete agora». Passa da meia-noite e a conversa com o recepcionista arrumara-me com o pudor. Apetece-me perguntar-lhe se tem pacotes de viagens com almoço e bebidas incluído.

Durante os anos de 1940-45, o número de vítimas do campo de concentração e extermínio de Auschwitz é calculado entre 1.100.000 e 1.500.000 pessoas, 90% das quais de origem judaica, a maior parte morta imediatamente à chegada, nas câmaras de gás. A plataforma de desembarque, onde os médicos SS seleccionavam os «aptos» e os «inaptos» (selecção a que só os judeus se sujeitavam), ficava em Birkenau. Os carris continuam lá.
Quando, apesar de arrematada a excursão, acabo por voltar sozinha de comboio, dirijo-me directamente a Birkenau (conhecido como Auschwitz II). À saída, pergunto a direcção para Auschwitz (I). Os restos dos carris, passados 60 anos da libertação do campo, separaram-se da estrada ocultos entre veredas bucolicamente cobertas de plantas e flores silvestres e não servem de referência. Explicam-me que terei de descer até uma pequena ponte e virar à esquerda. São cerca de quatro quilómetros que percorro sob uma chuva intermitente e fria e que me levam a Oswiecim, o nome polaco da localidade a que os alemães chamaram Auschwitz. À época do nazismo, o percurso era inverso e de sentido único: vinha-se para Birkenau para morrer.
O portão onde se inscreve a frase «Arbeit macht frei», milhões de vezes fotografado, torna-se insignificante quando comparado com o amplo parque de estacionamento junto à entrada, transbordando de camionetas, táxis e ruidosos grupos de visitantes de cujo roteiro turístico faz parte um desvio pelo local.
O tour do primeiro dia, embora rápido, incluíra os marcos mais terríveis do campo, do temível Bloco XI, com o muro de fuzilamento e as celas de tortura, ao crematório I, inaugurado por um grupo de prisioneiros soviéticos, cobaias do Zyklon B, o gás com que os nazis levariam a cabo a «Solução Final».
No Bloco IV expõem-se os despojos. Aquando da Libertação, as tropas soviéticas encontraram pilhas de roupa, loiça, sapatos, malas (onde os proprietários deixaram escritos os nomes, estratégia de engano que convencia os recém-chegados de que as poderiam recolher mais tarde…), óculos, próteses, fotografias de família anónimas cujos retratados nunca mais se haveriam de rever…
Numa vitrina amontoam-se latas usadas do mortífero Zyklon B, noutra tranças e restos de cabelo humano amarelecidos pelo tempo – uma pequena amostra das sete toneladas que os SS deixaram para trás e que deveriam ser exportadas para a Alemanha onde se transformariam em mantas, recheio para travesseiros, forros de casacos, edredões...
Um ser humano dificilmente suporta tamanha realidade. Saio para o ar livre. Eu e uma americana de idade avançada. Cá fora, prestes a acender um cigarro, somos interpeladas por uma religiosa que passa e nos lembra, sorriso rasgado, que «is not allowed to smoke in Auschwitz». Mudas e cúmplices, aspiramos o fumo bem até às entranhas. [A velha americana há-de mais tarde assustar-me (eu distraída) ao repetir-me à orelha, voz cava e grossa: «is not allowed to smoke in Auschwitz!!!». E rimo-nos.]

Não será a a única freira com quem me cruzo. Há muitas por aqui. E num terreno contíguo, o do edifício onde as carmelitas se instalaram em 1894, ergue-se uma cruz alta de seis metros, a que resta da acesa polémica que rodeou a colocação de mais de uma centena de cruzes em Auschwitz, em 1982. Na altura, o anti-semitismo renasceu nas palavras do líder da chamada Associação das Vítimas da Guerra, Mieczyslaw Janosz, um ex-polícia corrupto que se opôs vigorosamente à remoção dos crucifixos. Os símbolos cristãos foram retirados (excepto o referido), e as carmelitas partiram. Para um olhar atento, a tentativa de cristianização do local não passa despercebida.

São cinco da tarde e os sinos tocam a rebate. Embora a hora de fecho seja às seis, um grupo de japoneses toma os sinos pelo sinal de encerramento e começa a dirigir-se apressadamente para a saída. Outros visitantes põem-se a correr na direcção do som, tentando perceber o que se passa.
«Why-the-bells-are-ringing?», insisto pela terceira ou quarta vez junto de uma funcionária que simula não me perceber. Finalmente consigo que me expliquem, a contragosto, que o som vem de uma igreja próxima. Fazem questão de sublinhar, «fora do recinto do museu».
A polémica sobre a cristianização de Auschwitz não é de agora. A canonização de Maximilian Kolbe (1982) e Edith Stein (1998) pelo Papa João Paulo II já tinha provocado reparos da comunidade judaica internacional. O primeiro, um padre franciscano que trocou a sua vida em Auschwitz pela de um outro condenado polaco (Franciszek Gajowniczek), fora responsável por uma importante publicação católica em cujas páginas se liam artigos anti-semitas; Edith Stein, filósofa alemã convertida ao cristianismo nos anos 20, tornar-se-ia freira carmelita e acabaria gaseada em Auschwitz juntamente com a irmã, embora, naturalmente, não por ser freira católica mas por ser judia.
Nas palavras do rabino Leon Klenicki, um homem que se tem debruçado sobre o relacionamento actual entre as duas religiões, «prestar homenagem ao sofrimento cristão só é aceitável se isso não servir para negar a realidade de que o Holocausto foi essencialmente um programa de extermínio do povo judeu». Ou, como afirmou de modo definitivo o escritor e sobrevivente espanhol Jorge Semprún, e para acabar de vez com a ignóbil contabilidade dos cadáveres:
«Existe, com efeito, uma confusão antiga, amiúde fruto da ignorância, ou talvez de um pensamento equívoco ou malévolo, entre a deportação de inimigos do nazismo – alemães anti-hitlerianos, resistentes europeus – e o extermínio de judeus e ciganos. Os primeiros foram detidos e deportados pelos seus actos, quaisquer que fossem as suas origens sociais ou a sua religião. Os segundos são exterminados por serem o que são, mesmo que nunca tenham cometido um acto ou um mero gesto de oposição ao regime. A diferença, mesmo que o número de mortos resistentes fosse comparável ao dos judeus exterminados – e não o é, de forma alguma –, não é uma diferença quantitativa: é ontológica.»
Também por isto é difícil aceitar que em Auschwitz, onde o extermínio dos judeus atingiu o paroxismo, os únicos nomes referidos durante a visita guiada sejam os do padre Kolbe, Edith Stein e Stefan Jasienski (um prisioneiro da cela 21 do Bloco 11 que se supõe ser o autor do crucifixo e do Cristo gravados na parede que, vivamente, nos recomendam que olhemos). Como também se considera excessivo que no curto filme que se mostra aos visitantes se inclua uma missa católica e se perca a conta às religiosas cristãs e às cruzes.
«Ninguém vai a Treblinka», resume o jovem inglês que encontro na estação de Oswiecim, onde somos os únicos a aguardar o comboio de regresso a Cracóvia. Quanto a Auschwitz, o comentário é lacónico: «Too much noise.» De facto, há demasiado barulho por aqui.
Não em Birkenau, onde menos sobem e cuja desmesura assusta, a maior parte dos visitantes limitando-se às poucas barracas que sobram à entrada e a espreitar o campo do alto da torre de vigia. Desolação podia ser a palavra que define este campo de morte, onde os Blocos são nauseabundos e as ruínas dos crematórios se escondem ao longe, por entre árvores e erva fresca. Uma terra aparentemente igual a qualquer outra, mas regada a cinzas. É aí, junto ao Crematório II, não longe do local da revolta do Sonderkommando, que avisto cabriolando por entre arbustos uma jovem corça, indiferente aos delírios dos homens e à maldição do lugar, a que também parece indiferente, embora sem o álibi da inocência, a nova-iorquina saída directamente de um filme de Allen que clama a plenos pulmões não se conformar com o facto de não ter encontrado a escultura – «God! Uma madonna belíssima!» – que uma amiga tinha feito «expressamente para oferecer aos judeus».

Os fotógrafos amadores invadem Auschwitz, procurando enquadramentos perfeitos junto às cercas de arame farpado para o recuerdo de grupo. Há gente que passa apressada, turistas do horror que acrescentam a visita do campo ao seu currículo. E depois há os outros. Os que escondem as lágrimas sob óculos de sol em dia de chuva. Os que entram e saem sem dizer palavra. Ou os sobreviventes.
Eu vi-o em Auschwitz, velho e magro, apoiado numa bengala, e adivinhei-lhe a origem pela forma como andava por ali, como alguém que regressa a uma casa em ruínas à qual reconhece os cantos. Voltei a encontrá-lo por acaso em Kazimierz, o bairro judaico de Cracóvia, quando procurava a sinagoga Izaak, uma das oito sinagogas que voltaram entretanto a abrir portas. Ele disse: «Aqui era um bairro judeu». Eu disse: «Vi-o ontem em Auschwitz». Ele disse: «É possível. Uma irmã minha morreu lá em 19..., outra em 19...». Esqueci os nomes e as datas. O olhar dele era tranquilo, a voz amável, o pulso tatuado. Não consegui dizer mais nada. Fugi por vergonha de sentir uma dor que não me pertencia.
Talvez o mesmo tenha se tenha passado com Patrícia, do Porto, Portugal, que deixou escrito no livro de visitas do Pavilhão da Checoslováquia, em Auschwitz: «9 de Maio de 2005. Infelizmente, este local existe. Mas, já que existe, espero que muita gente o visite para que jamais se repita.» E acabava com a candura de que só um jovem poderia ser capaz: «Beijinhos e desculpem». (2005)

29 comentários:

Diogo disse...

O judeu Elie Wiesel, prisioneiro em Auschwitz, preferiu fugir com os genocidas nazis para a Alemanha do que esperar pelos libertadores Soviéticos.

Elie Wiesel é um judeu nascido na Roménia a 30 de Setembro de 1928. Aos 15 anos é deportado para Auschwitz, onde esteve prisioneiro durante dez meses, e depois para Buchenwald. Sobrevivente dos campos de concentração nazis, torna-se cidadão americano em 1963 e obtém uma cátedra de ciências humanas na universidade de Boston.

Em 1980, Elie Wiesel funda o Conselho para o Holocausto americano. Condecorado em França com a Legião de Honra, recebeu a Medalha do Congresso americano, recebeu o título de doutor honoris causa em mais de cem universidades e recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1986.

As suas obras, quase 40 livros, edificadas para resgatar a memória do Holocausto e defender outros grupos vítimas de perseguições receberam igualmente vários prémios literários. Em Outubro de 2006, o Primeiro-ministro israelita Ehud Olmert propôs-lhe o cargo de Presidente do Estado de Israel. Elie Wiesel recusou a oferta explicando que não era mais do que um "escritor". Elie Wiesel preside, nos EUA, desde 1993, à Academia Universal de Culturas.

Elie Wiesel, no seu livro autobiográfico «Noite», onde descreve os dez meses em que esteve prisioneiro no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, não refere uma única vez nenhuma das cinco enormes câmaras de gás que funcionaram em Auschwitz-Birkenau.

E quando os Russos estavam prestes a tomar conta de Auschwitz em Janeiro de 1945, Elie e o seu pai escolheram ir para a Alemanha com os nazis em retirada em vez de serem libertados pelo maior aliado de América. Se tivessem permanecido no campo, teriam podido, dentro de dias, contado ao mundo inteiro tudo sobre o extermínio dos judeus perpetrado pelos nazis em Auschwitz - mas, Elie e o pai escolheram, em vez disso, viajar para oeste com os nazis, a pé, de noite, num Inverno particularmente frio, e consequentemente continuarem a trabalhar para a defesa do Reich.

Excerto do livro «Noite» de Elie Wiesel:

- O que é fazemos, pai?
Ele estava perdido nos seus pensamentos. A escolha estava nas nossas mãos. Por uma vez, podíamos ser nós a decidir o nosso destino: ficarmos os dois no hospital, onde podia fazer com que ele desse entrada como doente ou como enfermeiro, graças ao meu médico, ou, então, seguir os outros.
Tinha decidido acompanhar o meu pai para onde quer que fosse.
- E então, o que é que fazemos pai?
Ele calou-se.
- Deixemo-nos ser evacuados juntamente com os outros – disse-lhe eu.
Ele não respondeu. Olhava para o meu pé.
- Achas que consegues andar?
- Sim, acho que sim.
- Espero que não nos arrependamos, Elizer!


A escolha aqui feita em Auschwitz por Elie Wiesel e o seu pai, em Janeiro de 1945, é de extrema importância. Em toda a história do sofrimento judeu às mãos dos nazis, que altura poderia ser mais dramática do que o precioso momento em que um judeu podia escolher entre a libertação pelos Soviéticos ou fugir com os genocidas nazis para a Alemanha, continuando a trabalhar para eles e ajudando-os a preservar o seu regime demoníaco?

Ana Cristina Leonardo disse...

Diogo, deixe-me pôr a coisa de uma forma simples e sintética: eu não gramo, mas não gamo mesmo, o Elie Wiesel.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Amnésica não é certamente...

Ana Cristina Leonardo disse...

Manuel, feliz ou infelizmente, eu tenho uma memória de elefante
:)

Diogo disse...

Cara Ana Cristina, não se trata de gramar ou não gramar o Elie Wiesel. Trata-se de saber se os testemunhos do fundador do Conselho para o Holocausto americano, do Prémio Nobel da Paz em 1986, de um homem que foi convidado para o cargo de Presidente do Estado de Israel e que preside hoje, nos EUA, à Academia Universal de Culturas, não valem um chavo.

É essa a grande questão, cara Cristina.

Ana Cristina Leonardo disse...

Não há nenhum historiador sério que baseie estudos sobre o Holocausto nas declarações (ou na literatura, vamos chamar-lhe assim) de Elie Wiesel. De onde, a questão não tem qualquer interesse.
O próprio tb. não, mas reconheço que essa é uma opinião que, sendo minha, não tem de interessar aos outros. Só a referi porque o Diogo foi buscar o Wiesel para a conversa. o que, confesso, é uma coisa que me deixa logo de pé atrás.

Quanto a essa coisa de presidente de Israel, tb. convidaram o Einstein, e esse sempre recebeu um prémio nobel mais sério. E daí?

Diogo disse...

Cara Ana, então o Einstein não tem credibilidade nenhuma?

Já agora o que me diz desta «discrepância»?:

a) Em Abril de 1967, um Monumento Internacional, dedicado às vítimas do Fascismo, foi erigido em Birkenau, entre as ruínas do Krema II e do Krema III, os dois edifícios crematórios onde as duas maiores câmaras de gás estavam localizadas. O monumento incluía uma série de placas de granito que informavam os visitantes que 4 milhões de pessoas tinham sido assassinadas pelos nazis em Auschwitz-Birkenau.

b) Em 1990, as placas com o número de 4 milhões foram removidas. Foi só em 1995 que novas placas foram colocadas no Monumento Internacional com 20 placas de metal gravadas em ídiche, inglês e em todas as línguas principais da Europa; as placas foram feitas em granito nas escadas do Monumento Internacional. O número de mortos em Auschwitz, segundo cada uma das 20 placas, é de um milhão e meio.


E já agora, quer-me indicar alguns factos comprovados acerca do holocausto de historiadores que considere sérios ?

Ana Cristina Leonardo disse...

Com essa da credibilidade do Einstein fico na dúvida se estaremos a entender-nos, mas passo à frente e vou directamente ao livro.

Pode começar por aqui que, afinal, foi por onde quase toda a gente começou (mas aviso, não se lê como um romance)

The destruction of the European Jews, Raul Hilberg

(está traduzido em várias línguas, mas não em português)

Ana Vidal disse...

Um milhão ou quatro, eis a não-questão.

Não tenciono lá ir, Ana Cristina. Li febrilmente, na minha juventude, tudo o que apanhei à mão sobre o Holocausto. Não corro o risco de esquecer ou de desvalorizar o assunto. Mas esta crónica deixou-me, mais uma vez, sem palavras para classificar o horror.

Diogo disse...

Já li alguns capítulos de “The destruction of the European Jews”, de Raul Hilberg. E também já li bastante sobre as falácias desta obra. Quer referir algum aspecto em particular deste livro que possamos discutir? Por exemplo, testemunhos ou provas em que se baseou o «historiador»?

Não quer também comentar a troca de placas em Auschwitz que referiam primeiro 4 milhões de mortos e depois um milhão e meio (isto sem qualquer explicação)?

Ana Cristina Leonardo disse...

Não diogo, não quero discutir. deixo para si esse maravilhoso entretém que deve ser contar cadáveres...
Em alternativa, aconselho-o a organizar uma sessão de espiritísmo. Pode ser que alguma voz do além lhe comunique as provas que tão deseperadamente procura.
afinal, sobreviventes já há poucos, e a maioria deles não ia querer falar consigo. quanto aos mortos, só se for pelo método que lhe indico mais acima.

Diogo disse...

Ana Vidal, de forma que leu tudo o que tinha à mão acerca do holocausto e, por isso, não corre o risco de o esquecer ou de o desvalorizar.

Mas será que o que leu é credível? Quer dar-nos algumas pistas ou é tabu?

Ana Cristina Leonardo disse...

Ana, um abraço

Diogo disse...

Ana Cristina, bem me parecia que a minha amiga não iria querer discutir nada. Porque para poder discutir seja que ciência for (e a História é uma ciência), é necessário conhecimento e factos.

Deixo-lhe um dado interessante:

Segundo o Museu de Auschwitz, depois da queda do comunismo em 1989, a União Soviética entregou ao Comité Internacional da Cruz Vermelha 46 volumes de livros onde era registada a mortalidade (Sterbebücher) que tinham confiscado do campo de Auschwitz. Estes registos, que foram mantidos pelo departamento político (Gestapo) em Auschwitz, mostram que houve cerca de 69 mil prisioneiros registados que morreram de 29 de Julho de 1941 a 31 de Dezembro de 1943. Os livros onde era registada a mortalidade de 14 de Junho de 1940 a 28 de Julho de 1941 foram perdidos, assim como os de todo o ano de 1944 e Janeiro de 1945. Baseados nestes registos, a Cruz Vermelha Internacional estimou que um total de 135 mil prisioneiros registados morreu nos três campos de Auschwitz. Estes números incluem judeus e não judeus. O documento que mostra registos dos campos de concentração nazis, estão armazenados em Arolsen, na Alemanha

Ana Cristina Leonardo disse...

A cruz vermelha tb. achou que Buchenwald era um campo de férias...
e mesmo para acabar: não gramo o elie wiesel mas tb. não gramo antissemitas.
bom fds

Diogo disse...

Ana, havia alguma câmara de gás em Buchenwald?

Ana Vidal disse...

Não é tabu, Diogo, mas não me apetece discutir o assunto com alguém cuja única preocupação é a estatística, num assunto destes. É um direito que lhe assiste, claro, mas a mim assiste o direito de não alinhar nesse seu estranho passatempo. Não percebo onde quer chegar com esse preciosismo dos números, mas, francamente, também não me interessa muito.

James disse...

Chatisse, boa parte do meu sangue é árabe, mas isso não me impede de admirar muitos judeus, aliás como muitos árabes fazem, em segredo ou wtf.

O que eu axo é que Israel está a fazer hoydia aos 'seus' palestinos é uma indecência parecida com o que os nazis lhes fizeram.
E não gosto muito dessa «do povo escolhido por zeus», arrogância a mais...

Nada disso me impede de ficar completamente horrorizado com o que também vi por esses lugares, e pior p'ra mim, eu falo alemão desde pequenino, tenho imensos amigos alemães, , brutos sentimentos de culpa por coisas que eles próprios não fizeram de todo em todo, pagam pela asneiragem dos pais e dos avós...

Justiniano disse...

Cara Ana C. Leonardo, interessante testemunho, este!!

Miguel Serras Pereira disse...

Ana, não se discute o assunto com quem nega o Holocausto. Quando muito, recomenda-se algum antídoto acessível - sei lá, Os Assassinos da Memória do Pierre Vidal-Naquet. E os gajos que vão pedir subsídios à Embaixada do Irão ara fazer blogues ou editar obscenidades.
Não lhes dê troco nem tribuna, camarada.

Abrç

miguel sp

Diogo disse...

Excelente conselho, Miguel Serras Pereira.

O holocausto é um dogma absoluto e ponto final parágrafo. Para si, quem quiser levantar questões, investigar factos e pesquisar acontecimentos sobre o holocausto ou é um louco ou um assassino da Memória.

Talvez você desconheça que a revisão de teorias é perfeitamente normal. Acontece nas ciências da natureza bem como nas ciências sociais, às quais a disciplina da história pertence. A ciência não é uma condição estática. É um processo para a criação de conhecimento através da pesquisa de provas e evidências. Quando a investigação decorrente encontra novas provas ou quando os investigadores descobrem erros em antigas explicações, acontece frequentemente que as velhas teorias têm que ser alteradas ou mesmo abandonadas.

Os cientistas precisam de saber quando existem novas provas que modificam ou contradizem teorias mais antigas; na realidade, uma das suas principais obrigações do cientista-historiador é testar concepções tradicionais e tentar refutá-las. Apenas numa sociedade aberta, na qual os indivíduos são livres de desafiar teorias correntes, é possível certificar a validade dessas mesmas teorias, e confirmarem se estão ou não a aproximar-se da verdade.

Assim como com outros conceitos científicos, os conceitos históricos estão sujeitos a considerações críticas. Isto é especialmente verdade quando novas provas são descobertas.

Quanto ao passado recente, a tese da verdade suprema "a história é escrita pelo vencedor" mantém-se; mas o vencedor raramente é objectivo. A revisão da história dos vencedores não é normalmente possível até que a confrontação dos vencedores com os vencidos tenha deixado de existir; e por vezes este confronto dura séculos. Já que a historiografia tem uma importância monetária insignificante, quase todos os institutos históricos são financiados pelos seus respectivos governos. Institutos históricos livres e independentes são praticamente inexistentes. Na história contemporânea, na qual cada governo possui grandes interesses políticos, deve haver cepticismo em relação à historiografia oficial dos países.

Para os não-Judeus, o Holocausto é um evento histórico e não um assunto religioso. Como tal, está sujeito ao mesmo tipo de pesquisa e exame de qualquer outro acontecimento do passado, e por isso a concepção do Holocausto deve estar sujeita à investigação crítica. Se novas provas necessitam de uma modificação na concepção do Holocausto, então impõe-se uma alteração. O mesmo acontece quando se prova serem falsas antigas concepções. Não pode ser censurável questionar a precisão de afirmações científicas e tentar negar a sua validade. Portanto, não é censurável uma aproximação céptica das concepções que prevalecem sobre o Holocausto, se tal for feito objectivamente.

Abraço
Diogo

M. Abrantes disse...

O campo-museu está muito bem arranjado, tem um bar muito bom.

No belíssimo verão polaco, nada como um gelado fresquinho antes de topar com as câmaras de gás, que ainda parecem deitar um cheiro estranho vindo das irregularidades das suas paredes, memórias de elefante feitas de betão.

Infelizmente os humanos não aprendem com a história que, aparentemente, apenas lhes parece servir como fonte de material para fazerem filmes, escreverem livros, e organizarem cerimónias pseudo-catárticas, tentativas patéticas de mitigar a sua natureza sem escrúpulos.

Miguel Serras Pereira disse...

O extermínio de massa de milhões de judeus, ao mesmo tempo que eram exterminados e se programava o extermínio também de outros membros de raças inferiores, encontra-se suficientemente atestado. As teorias explicativas do acontecimento, a contabilidade "fina" das vítimas, as estapas da aplicação e da decisão do extermínio, etc. são e continuam a ser discutidas. Mas pôr em causa o holocausto nos termos em que os negacionistas (Faurisson, Irving e tutti quanti) o fazem é uma falsificação histórica do tipo da que - "afirmacionista" em vez de "negacionista" -engendrou os Protocolos dos Sábios de Sião.

msp

Diogo disse...

Miguel Serras Pereira disse "O extermínio de massa de milhões de judeus, ao mesmo tempo que eram exterminados e se programava o extermínio também de outros membros de raças inferiores, encontra-se suficientemente atestado."

Mas atestado onde, homem de Deus?

A maioria das pessoas sabe que os poderes existentes actualmente, particularmente na Alemanha, opõem-se a qualquer aproximação crítica ao Holocausto. Na realidade, o actual governo Alemão processa legalmente essas aproximações. O governo Alemão pretende, obviamente, manter a actual ideia do Holocausto com todo o seu poder oficial sob o seu controle. Umas das razões para isso são os massivos interesses políticos e financeiros de alguns grupos, descritos detalhadamente pelo professor norte-americano de ciência política N. G. Finkelstein no seu livro, "A Indústria do Holocausto". E o Prof. Raul Hilberg, um dos principais especialistas no Holocausto, declarou repetidamente que essa superficialidade e esse controle de qualidade inadequado são o grande problema no campo da investigação do Holocausto.

Existem grupos extremamente poderosos que estão determinados a esconder todas as considerações críticas do Holocausto. Por todo o mundo, os media maltratam completamente aqueles que expressam dúvidas sobre a versão ortodoxa do Holocausto. Nos países de expressão Alemã, expressar publicamente dúvidas sobre o Holocausto é uma ofensa punida com penas de prisão. Só isto deveria ser suficiente para estimular a suspeita de qualquer pessoa que tenha a capacidade de pensar de forma crítica. Isso dever-nos-ia fazer questionar sobre o porquê duma tal necessidade drástica em manter inquestionável este «episódio» após a Segunda Guerra Mundial.

O padre Católico Viktor R. Knirsch de Kahlenbergerdorf, Áustria, afirmou:

"É um direito e uma obrigação de todos os que procuram a verdade para as suas dúvidas, investigar e considerar todas as provas disponíveis. Sempre que estas dúvidas e investigações forem proibidas; sempre que as autoridades exigirem uma crença inquestionável – tal representa uma prova de uma arrogância rude, que faz despertar as nossas suspeitas. Se aqueles cujas alegações são questionadas têm a verdade do seu lado, eles responderão pacientemente a todas as questões. Certamente que eles não continuarão a ocultar as evidências e os documentos que pertencem à controvérsia. No entanto, se aqueles que exigem crédito estão a mentir, então eles irão requerer um juiz. Por este gesto, vocês ficarão a saber o que eles são. Quem diz a verdade é calmo e sereno, mas aquele que mente, exigirá a justiça mundana."

Não é verdade, Miguel Serras Pereira?

Miguel Serras Pereira disse...

AVISO À NAVEGAÇÃO

Nem Finkelstein nem Hilberg põem em causa o facto maciço do Holocausto.
O facto de haver tentativas de tomada de posse e de controle administrativo-ideológico do tema não é novo: a tempestade que se abateu sobre Hannah Arendt quando pôs em causa certos aspectos das versões oficiais na sua reportagem/ensaio sobre A Banalidade do Mal é só um exemplo.
E depois? Uma coisa é denunciar a "indústria do Holocausto", outra é negá-lo. E negá-lo não é científica nem humanamente sério. Para tomarmos um termo de comparação simples, mas elucidativo: que diríamos de um historiador, não que discuta as responsabilidades da decisão de bombardear Hiroshima, os números de mortos apresentados por diferentes fontes, os efeitos diferidos da bomba, etc., etc., mas que negue que houve uma bomba atomica lançada sobre Hiroshima provocando pelo menos dezenas de milhares de mortes imediatas, e sustente que a versão da bomba nuclear e a descrição dos seus efeitos são propaganda nipónica utilizada para alimentar as ambições hegemónicas do Japão? Ou de um historiador que negasse a existência de baixas civis significativas causadas pelo bombardeamento aliado de Dresden? Ou de outro ainda que sustentasse que as "fossas" do franquismo nunca existiram e representam a magnificação de algumas sepulturas avulsas de combatentes republicanos? Ou, se se quiser, que discutisse o carácter de extermínio de massa do programa empreendido por Pol Pot ou a realidade dos campos de concentração ditos por antífrase "soviéticos" ?

msp

Ana Cristina Leonardo disse...

Miguel, então, faz o que eu digo, não faças o que eu faço?
Daqui nada estamos a discutir os seres verdes com orelhas ponteagudas que alguém viu sentados num bar na sexta-feira à noite...

Diogo disse...

Caro Miguel, coloco-lhe a seguinte questão: se não tivessem existido câmaras de gás o que foi o holocausto? Explique lá estas discrepâncias oficiais se for capaz:

O Museu Yad Vashem de Israel e o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos constituem os dois maiores centros a nível mundial de documentação, pesquisa e análise da história do Holocausto Judeu.

Acontece que estas duas respeitadas e documentadas instituições, o Museu Yad Vashem e o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, entram em séria contradição quando abordam a existência de câmaras de gás nos campos de concentração em território alemão.

Estas discrepâncias sobre a existência de câmaras de gás não ajudam a calar, muito pelo contrário, as vozes revisionistas que defendem existir grandes inconsistências na versão oficial do Holocausto Judeu. Haverá uma versão oficial do Holocausto?

MMHEU - Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos


1) Campo de Concentração de Mauthausen

Museu Yad Vashem – Mauthausen não possuía câmara de gás.

MMHEU - Mauthausen possuía câmara de gás.


2) Campo de Concentração de Dachau

Museu Yad Vashem – Dachau não possuía câmara de gás.

MMHEU – Dachau possuía uma câmara de gás embora não existam provas credíveis de que a câmara de gás tivesse sido usada para matar seres humanos.


3) Campo de Concentração de Buchenwald

Museu Yad Vashem - Nada diz sobre a existência de câmaras de gás ou gaseamentos dos prisioneiros de Buchenwald.

MMHEU – Os prisioneiros demasiado fracos ou incapacitados eram enviados para instalações de eutanásia, tal como Bernburg, onde eram gaseados.


4) Campo de Concentração de Sachsenhausen

Museu Yad Vashem – Sachsenhausen possuía câmara de gás.

MMHEU – Sachsenhausen não possuía câmara de gás.

Para mais informação e links ver AQUI.

Abraço

rui disse...

post de gelar o sangue nas veias. quanto aos comentários revisionistas suponho que sejam sempre o mesmo. pelo menos em extensão.

João Carlos Correia disse...

Triste perda de tempo, a que aqui se verifica. Começa-se com o artifício retórico de admitir o Holocausto para depois entra no negacionismo tão insistente que se torna fanático.
Pobre mente...