24/01/11

O candidato que saiu da cartola


Não se entende muito bem como nem porquê, continua-se a escrever sobre José Manuel Coelho como se ele não tivesse sido, de longe, o candidato mais à Esquerda nestas eleições. Insiste-se em colá-lo à figura de um palhaço, quando ele teve a firmeza e o desassombro de chamar as coisas pelos nomes, sempre que foi necessário. Acompanhou a votação num café, desafiando Cavaco para um debate que nunca teve lugar - por razões inconfessáveis e que deveriam os democratas desta praça corar de vergonha -,  depois de uma campanha feita sem qualquer aparato , em que falou sempre alto e bem. Acabou a denunciar o capitalismo selvagem e a defender os «valores de Abril».
Pode-se não gostar do estilo, preferir um poeta caçador e tauromárquico ou um funcionário partidário patriota, mas ainda não encontrei nenhum argumento contra ele que ultrapassasse o tacticismo ou, pior ainda, um elitismo rasteiro, que considera que a política é um assunto de gente bem e chama «populista» a quem desafia esse raciocínio. Para ele seguiu o meu voto anti-capitalista. Pior do que está não fica.

8 comentários:

João J. Cardoso disse...

De esquerda um tipo que não foi apadrinhado pelo directório de um partido, gente douta nas cousas da revolução, um gajo que nunca chegaria ao comité central, quando muito se ficou por ser um bem sucedido vendedor de Avantes?
Ná. Tem de ser populista, um agente da CIA, ou um desrespeitador da política dos Daniéis Oliveiras.
É nestas alturas que fica claro quem se limita a querer o poder para o povo, mas com o povo ao longe, sff. Os pobres cheiram mal.

O Rural disse...

Este Coelho deu um pontapé nas canelas de Alberto João, PSD-M, mas ao PS-M não acertou nas canelas, foi um pouco mais acima.

LAM disse...

É lamentável, pelo menos para já e ao que li, que opinadores de esquerda (Daniel Oliveira no Arrastão e Tiago Mota Saraiva no 5Dias), se recusem a olhar com mais objectividade, antes de mais evitando o cinismo e a piada fácil, sobre o resultado eleitoral de JM Coelho. Um olhar mais desprendido de interesses partidários próprios e alguma humildade no reconhecimento de razões que estão por trás desses números, não só lhes ficava bem como contribuíam para as análises que efectivamente interessam.

(e as análises que interessam são aquelas que permitem não repetir no futuro os vários erros que ditaram este desfecho. Se a esquerda daqui não quiser tirar conclusões, pois que pode continuar a "malhar" no Cavaco, no Alegre, no Nobre, no Lopes, no Coelho e no Defensor, acusa-los de tudo e mais alguma coisa, de corruptos a demagogos, sectários ou comprometidos com o regime, trata~los por professor Doutor ou por Tiririca, mas não vai aprender nada com estas eleições.

J.R. disse...

100% de acordo.Não votei, por causa dos incompetentes da MAI e da CNE,mas se vota-se era no Sr,M.COELHO.Porque
neste país de(marias vai c/elas)que só dão valor aos candidatos que estejam rodeados de (gente importante).

PiJ disse...

Parece que foi o "tiririca" Coelho quem deu a conhecer a urbanização da coelha ao Sr. Daniel Oliveira (ou pelo menos quem lhe permitiu comentar o assunto no programa de má-lingua). E quanto à fuga de Dias Loureiro para Cabo-Verde, não ouvi desmentidos ou comentários. Algum jornalista investigou o assunto?

FranciscoJP disse...

Na mouche!

Morraceira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Martins disse...

Muitos comentadores, como o Daniel Oliveira, de que se falava acima, olham para o Coelho como uma ameaça ao seu emprego. Pensam: se eu o levar a sério, o que é que isso faz de mim? Está claro que o Coelho chegou, disse "o rei vai nú" e os nudistas da nossa praça ficaram alerta, à esquerda e à direita, a ameaça é para a classe política, e mais. Ou não vimos até a Judite a defender o João Jardim. De resto, se me permiter, o mais que tinha a escrever sobre o Coelho continua válido mesmo no pós-eleições, já que o Coelho continuará por aí: um elefanto-coelho entre a porcelana da política portuguesa: http://www.andre.festivalfilminho.com/?p=258