20/01/11

A sondagem da Marktest - mea culpa

A esta hora, já toda a gente deve ter percebido que este meu post foi um tremendo disparate - o que se passa é que a Marktest chama "Interior Norte" a quase tudo que esteja acima do Tejo e não tenha vista para o mar, pelo que realmente parte substancial da população vive lá (o leitor RML fez umas contas e efectivamente a distribuição geográfica da sondagem corresponde à da população real).

As minhas desculpas a quem foi enganado pelo meu engano.

Mas, posto isto, continuo a não acreditar numa sondagem que dê a Francisco Lopes apenas 3% (não sei qual, mas alguma falha tem que ter).

6 comentários:

Anónimo disse...

população demasiado pequena? (800 e picos...)

Anónimo disse...

Até pode não haver diferença sensível mas a amostra de uma sondagem não tem de corresponder à população real. Tem é de corresponder ao número de eleitores inscritos.

RML disse...

Pois que lá por serem todos da região da Grande Lisboa, nada impede que tenha feito os 150 telefonemas para a Quinta da Marinha. E o mesmo se passa nas outras regiões.
O critério regional não pode ser o único, naturalmente.

Mas a Marktest não seria tão primária assim... Reconheçamos-lhe alguma subtileza.

M. Abrantes disse...

As sondagens costumam ser madrastas para o PC e para o PP. Talvez por causa de um qualquer fenómeno termodinâmico.

Miguel Madeira disse...

"As sondagens costumam ser madrastas para o PC e para o PP. Talvez por causa de um qualquer fenómeno termodinâmico."

É capaz de haver um fenómeno matemático por trás disso (em caso de partidos pequenos é mais fácil a sondagem errar para baixo do que para cima):

"Como calcular esse intervalo de confiança? Quem sabe uns rudimentos de estatística, sabe que a distribuição dos votos segue uma lei de probabilidade binomial. Mas esta é daquelas distribuições que é chatinha de usar, pelo que a maioria das pessoas usa a lei normal, que é muito simples de usar e é uma aproximação bastante razoável na maioria dos casos."

"Infelizmente, quando se fala de partidos com pequenas votações a aproximação deteriora-se bastante, podendo até levar a situações de puro nonsense. Imagine o leitor que numa amostra de 400 pessoas, 0,7% declararam votar no POUS. Um intervalo de confiança de 95% incluiria todos os valores desde o 0,1% negativos até ao 1,5% positivo. Ou seja, estar-se-ia a considerar como hipótese razoável que o POUS tivesse um número negativo de votos. Já se se usasse a lei binomial concluir-se-ia, correctamente, que o intervalo de confiança ia de 0,15% até 1,79%. (...)"

"Repare-se que este fenómeno pode ajudar a explicar a sensação que muitas vezes se tem de que as votações dos pequenos partidos, sistematicamente, se situam na parte superior do intervalo de confiança. Muitas vezes ouvi dirigentes do PCP e do CDS a queixarem-se disto mesmo."


[Luis Aguiar-Conraria, no Margens de Erro]

beijokense disse...

Miguel Madeira, parabéns pelo post.

@VÍTOR DIAS:
Parece que é mais ou menos isso que faz a Marktest, i.e. aproxima o tamanho da amostra no estrato (região) ao tamanho da população maior de 18 anos.
Mas não teria de o fazer, nem isso é prática habitual nas sondagens comerciais, nem nas sondagens do INE.
Num post de 2009, que surgiu por causa de uma dúvida sobre a "validade" de uma sondagem da Marktest, eu explico o que é "alocação optimizada".