03/08/11

Os "valores do multiculturalismo", os massacres da Noruega e uma petição infeliz

A Joana Lopes publicou no seu blogue o texto de uma petição de solidariedade com as vítimas dos massacres da Noruega, pedindo, em post-scriptum, "aos bloggers que por aqui passarem que ajudem a divulgar esta iniciativa nos seus blogues". Juntamente com o link da petição, aqui fica a minha resposta ao convite da Joana e ao breve mail que me enviou no mesmo sentido, retomando os termos do post-scriptum.


Joana,

Lamento não poder em consciência assinar o texto da petição – não sou adepto do “multiculturalismo”. Nem dos direitos que tomam por base a autoridade de “identidades” ou “nacionalidades” particulares.
Parece-me absolutamente débil a ideia de defender os “valores do multiculturalismo” —ou melhor, creio tratar-se de uma posição tributária de uma outra ideia absolutamente débil, senão cúmplice da ameaça irracionalista: essa concepção segundo a qual “cultura, cada um (indivíduo, povo ou nação) tem a sua” e faz parte da sua liberdade o direito a tê-la. Com efeito, ou quem fala assim entende por cultura o trajar folclórico da terra e/ou os gostos superficiais de cada um, ou defende uma ideia absurda: a de uma ementa cultural (elaborada por quem?) de entre cujos pratos cada país e/ou indivíduo escolheria o seu predilecto. É que, além de falsa e contrária a qualquer perspectiva de mundialização democrática, esta ideia refuta-se a si própria, é autocontraditória, não pode ser sustentada sem incoerência.

Acontece que a democracia – liberdade,/igualdade comuns ou autogoverno igualitário e autonomia individual, etc. - é, e não pode deixar de ser, uma escolha cultural incontornável e densa. Implica a adesão colectiva e individual, engendrada por condições sociais distintivas e não indiferentes, à ideia de uma sociedade instituinte de cidadãos que se dão, por sua conta e risco, responsavelmente, as suas próprias leis e normas de coexistência, e que laicizam, dessacralizam, a sua relação com essas leis e todo o conjunto das instituições da sua sociedade. Ora, tudo isto é incompatível e radicalmente oposto ao respeito de identidades culturais que escolham como fundamento da coexistência instituições e normas legitimadas pela tradição, os costumes dos antepassados, os textos sagrados, a revelação divina ou o saber e competência de uma camada particular de sábios governantes ou governantes sábios. E é a socialização num meio em que esta ideia está presente, semeia o seu fermento de iconoclastia e desautorização dos ídolos, que cria — tanto enquanto realidade empírica pelo menos potencial como enquanto “valor” ou “fim em si próprio” - o indivíduo capaz de escolher e de se escolher, o qual só num meio de formação peculiar encontra as suas condições de possibilidade.

Não creio, em suma, que possamos afirmar os “valores do multiculturalismo” sem aceitar a “guerra dos deuses”, da qual, justamente, decorre a sacralização de uma versão singularmente grosseira e falsificada da “cultura ocidental” ou da “Europa”, que — excluindo, entre outras coisas, essa “arena do sentido”, como lhe chama Eduardo Lourenço, que torna condicional a nossa adesão (individual ou colectiva) a qualquer identidade que pretenda legislar acima dos cidadãos e do seu exercício de uma racionalidade política sui generis — “autoriza” as consequências que da necessidade de a defender extraiu Breivik, como outros antes dele.

Para terminar, é porque faço minha, neste termos, a ideia em que tão vigorosamente tens insistido nestes últimos tempos (e não só, eu sei), segundo a qual a democracia só pode ser defendida com mais democracia, que não posso subscrever o texto da petição. Mas, claro, subscreverei qualquer outra que não se deixe contaminar tão gravemente (apesar de todas as boas intenções em contrário por parte dos subscritores) pelo imaginário em que deita raízes o horror que se propõe combater.

Abraço               

20 comentários:

Joana Lopes disse...

Miguel,
Para já só me ocorre dizer o seguinte: gostava muito de fazer uma longa viagem contigo. Para Oriente, de preferência: Butão? Nepal? Laos? À tua escolha...

Anónimo disse...

Subscrevo em baixo ressalvando que quem quiser usar turbante, boina basca ou véu de livre vontade o possa fazer e quem não o quiser também seja livre para o fazer...E que o nosso modelo económico, social e político eurocêntrico não seja declarado, ou imposto,como o único possível!

Miguel Serras Pereira disse...

Excelente ideia, Joana. Mas, entretanto, o problema é: o que significa adoptar os "valores do multiculturalismo" perante, suponhamos, uma "identidade cultural" que declare esse tipo de viagem-inquérito abominação, ou que, pelo contrário, a imponha, declarando essa escolha sagrada e tabu a sua simples discussão?
Seria um bom tema para a primeira jornada, não te parece?

Caro Anónimo,
de acordo também, tanto quanto entendo. Sublinho a sua última frase - é isso mesmo o fundamental: que, a começar por nós, os nossos modelos não sejam assumidos, investidos, adoptados como os únicos possíveis, ou, vem a dar no mesmo, como "última palavra".

Joana Lopes disse...

Miguel, não falei de nenhuma viagem-inquérito, pensei em VER realidades, o que é totalmente diferente.
O Miguel Madeira pôs bem o problema da ambiguidade do uso do termo «multiculturalismo», mas o problema é que tu és tão radical nas tuas posições que te aproximas dos fundamentalistas que queres recusar: por mais que o mundo mude, os extremos continuam a tocar-se...

Miguel Serras Pereira disse...

Joana, receio que a tua distinção entre a aprendizagem que se faz vendo e a viagem-inquérito não seja demasiado consistente, antes motivada por um certo azedume polémico que não esperava de ti.
Quanto ao extremismo, ao meu, não entendo o que dizes. Num livro de que gostei bastante, Vincent Descombes, em vez de começar por definir o extremismo, retoma uma fábula de La Fontaine: Um urso vê um homem adormecido, assediado por uma mosca que acabará, provavelmente, por lhe interromper o sono. O urso puxa de um calhau enorme e arremessa-o contra a mosca poisada na cabeça do homem. Deste episódio, extrai o livro de Descombes o seu título, Le Raisonnement de l'ours…
Pois bem, o "raciocínio do urso" é, modéstia à parte, o protótipo de boa parte do que - e não é de agora só - tenho procurado politicamente combater - muito longe, pois, andando de o recomendar ou endossar. Aliás, se não me engano, quando te escrevi há uns anos, pela primeira vez, a propósito de um post teu sobre o Médio Oriente, creio que elogiava a tua perplexidade (que não indecisão) perante os conflitos em curso, e o modo como contrariavas o extremismo, que, como o outro gostava de dizer do mito, está, a meu ver, sempre à direita.
Mas talvez a tua concepção de extremismo seja outra. Talvez a possas explicar melhor. Sempre será mais agradável ver-te fazê-lo, por severa que sejas, do que ver-te usar de acusações sumárias contra alguém que escreveu um post que te desagradou. Ou não achas que, na tua acusação, haverá, afinal, qualquer coisa de extremismo (no sentido de La Fontaine/Descombes)?

Joana Lopes disse...

Miguel
O teu post não me desagradou coisíssima nenhuma, fez muito maior propaganda à Petição do que alguma vez pedi (nem tu imaginas quanta...)
Não te acusei de nada, disse apenas que, na minha modestíssima opinião, és muito «radical» - adjectivo que me aplicam dia sim dia não...
E por aqui me fico, já sabes que odeio longas diatribes em Caixas de Comentários.

Miguel Serras Pereira disse...

Diatribes, Joana?
Mas está bem, não me alongarei. Só te faço notar que dizer que alguém é "radical" é muito diferente de chamar-lhe "extremista".

Anónimo disse...

a UE andou a gastar balúrdios na propaganda ao "ano europeu do diálogo intercultural", corria o dois mil e oito. e "intercultural" não é sinónimo de "multicultural".

busquem pelo google que talvez encontrem diferenças úteis à conversa.

Ana Cristina Leonardo disse...

Desculpem meter a colher, a martelo, mas eu sou a favor da proibição da burqa. Tentem andar com aquilo na rua e verão a rapidez com que serão atropelados... E podem chamar-me reaccionária à-vontade

Miguel Madeira disse...

"Desculpem meter a colher, a martelo, mas eu sou a favor da proibição da burqa. Tentem andar com aquilo na rua e verão a rapidez com que serão atropelados..."

Isso pode ser um bom argumento contra o uso da burqa, mas não me parece um argumento a favor da proibição do uso da burqa (acho que só faz sentido proibir de fazer algo pelos prejuízos que esse algo pode causar a terceiros, não ao próprio)

Anónimo disse...

A lógica do argumento para proibição da burca evocado pela Ana pode ser usado para proibir as mini-saias pois podem distrair os motoristas!!!

Ana Cristina Leonardo disse...

Miguel Madeira, esse argumento é um pouco escorregadio. A excisão, por ex., não causa qq danos a terceiros... E então?
A não ser que se venha argumentar que as mulheres andam de burqa porque querem, argumento muito utilizado por umas loucas europeias que se converteram ao islamismo

Ana Cristina Leonardo disse...

anónimo, como saberá, a mini-saia já não faz parar o trânsito há alguns anos... e há muito que se viu reduzida à condição de mera peça de vestuário. quanto à burqa é tudo menos uma inocente peça de roupa; por outro lado, o raciocínio lógico não é tudo numa discussão (apesar de eu poder gostar do Singer)

Miguel Madeira disse...

"A excisão, por ex., não causa qq danos a terceiros... "

Como não? Causa danos à "excisada", que conta como um terceiro (a menos que ela se tenha excisado a sí própria)

"E então?
A não ser que se venha argumentar que as mulheres andam de burqa porque querem"

O que eu escrevi há uns tempos sobre isso:


Um argumento usado para defender a proibição da burka é que grande parte das mulheres usam-nas porque os maridos as obrigam.

É uma hipotese - mas é uma hipótese que implica admitir que a comunidade imigrante muçulmana está cheia de homens bastante apegados às suas tradições de origem (e que por isso obrigam a mulher a usar a burka) e de mulheres culturalmente ocidentalizadas (e que por isso adorariam sair à rua sem burka) e que foram acabar casadas com esses homens tradicionalistas; como digo, é uma hipótese, mas acho muito mais provável que o grau de tradicionalismo entre homens e mulheres muçulmanas no Ocidente seja mais ou menos o mesmo e que a quantidade de homens que querem que a mulher use burka seja mais ou menos o mesmo que a quantidade de mulheres que querem usar burka.

Já agora, há quem diga que as mulheres tendem a ser, em qualquer cultura, mais religiosas que os homens - se for assim, é até é possível que nalguns casos até seja o Ahmed que em casa diz para a Jamila "Só me fazes passar vergonhas com essa burka; até já ouvi dizer na fábrica que por causa disso é que não me promoveram a encarregado, porque acham que somos uma família esquisita!".

Miguel Serras Pereira disse...

Miguel (M),
a tua argumentação é hábil, tem pontos verosímeis, mas, apesar de tudo, parece-me insustentável.
A razão é simples: a servidão voluntária ou consentida não deixa de ser servidão. Um tirano aclamado pelos súbditos não deixa de ser um tirano, nem faz com que a tirania deixe de ser o contrário da liberdade.
Falo da liberdade democrática, claro. Esta não exige apenas, como condição, que a lei seja consentida por aqueles que vincula, mas que seja feita, e feita explicitamente como podendo ser desfeita e refeita, por esses que vincula.
Outra questão, mais árdua, é a de como combater a servidão consentida ou voluntária, tendo presente que o exercício da liberdade não pode ser imposto por decreto e/ou que "os povos não gostam de missionários armados".

Ana Cristina Leonardo disse...

Miguel Madeira, tu escreveste
"acho que só faz sentido proibir de fazer algo pelos prejuízos que esse algo pode causar a terceiros, não ao próprio"
Eu respondi
"A excisão, por ex., não causa qq danos a terceiros... "
E tu em seguida, dizes:

Como não? Causa danos à "excisada", que conta como um terceiro (a menos que ela se tenha excisado a sí própria)

Mas como, se a própria decidir que quer ser sujeita a isso? Ou ainda, mas como se não há danos a terceiros, mas sim à própria, no caso de esta ser obrigada? Precisará de terceiros, mas esses terceiros, sofrem danos, em que medida?


Não creio que o teu argumento seja muito lógico, a não ser que esteja mesmo a percebê-lo mal.

Em seguida, a história das mulheres quererem usar burqa. Em primeiro lugar, acho esse argumento bastante viciado já que a burqa é uma invenção de fundamentalistas homens (nem sequer é um princípio religioso canónico...) e significa antes de mais ódio às mulheres. Deixemo-nos de tretas.
Depois, esse argumento da liberdade de usar burqa e tal, que tb ouvi, ouvi-o sobretudo de mulheres ocidentais maluquinhas - sublinho maluquinhas - que pretendem levar às últimas consequências a história do relativismo cultural, mesmo que para isso tenham de enfiar uma coisa pela cabeça que as fará ser atropeladas na próxima esquina. As muçulmanas bateram-se valentemente, em França, por ex, pela proibição da burqa - acho que até ficaram um bocadinho chateadas com as hesitações da esquerda a esse respeito (eu também ficaria)
Finalmente, mantendo a coisa ao nível do vestuário (o que eu acho uma falácia): se eu quiser fazer nudismo no autocarro também não posso, por isso...

Finalmente, e tentando elevar um pouco a minha "argumentação" isto é como diria a Susan Neiman (O Mal no Pensamento Moderno), "lamentar a perda absoluta de referências para julgar o certo e o errado devia ser supérfluo um século depois de Nietzsche" mas nem por isso "a perda de certezas sobre os alicerces gerais dos valores afectou as certezas sobre os exemplos particulares".
As minhas certezas, pelo menos, não. A burqa é um exemplo de barbárie e não, a tolerância não significa sermos comidos por parvos.

Miguel Madeira disse...

"Mas como, se a própria decidir que quer ser sujeita a isso?"

Aí, não tenho objecção nenhuma à excisão (tal como não tenho a que um homem decida voluntariamente castrar-se)

"Ou ainda, mas como se não há danos a terceiros, mas sim à própria, no caso de esta ser obrigada? Precisará de terceiros, mas esses terceiros, sofrem danos, em que medida?"

Talvez o termo "terceiros" não seja o mais apropriado - fica melhor "outros".

Portanto, com esta nova formulação, quando o Hussein decide excisar a Jamila, o "outro" que é afectado pela decisão do Hussein é a Jamila.

"Em primeiro lugar, acho esse argumento bastante viciado já que a burqa é uma invenção de fundamentalistas homens (nem sequer é um princípio religioso canónico...) e significa antes de mais ódio às mulheres."

Bem, se é ou não um principio religioso até não acho muito relevante (nunca achei grande sentido à teoria de "X é proibido, mas se for por razões religiosas já deve ser permitido").

Eu até tenho uma teoria sobre a origem da burka, niqabs, hijabs e afins - ao que sei, o Corão só fala de "a mulher andar coberta" (o que pode ser interpretado de muitas maneiras); o problema é que o islamismo desenvolveu-se no contexto de sociedades em que, até por razões climáticas (reduzir a evaporação do suor, proteger tempestades de areia) toda a gente - homens e mulheres - tendia a andar mesmo bastante coberta (o traje tradicional dos homens sauditas também não é muito revelador).

Nesse contexto, a tendência foi para interpretar o "coberta" como "não se pode ver nada, ou no máximo a cara" em vez de "não usem saias acima do joelho".

Isto é apenas uma teoria, claro.

"Depois, esse argumento da liberdade de usar burqa e tal, que tb ouvi, ouvi-o sobretudo de mulheres ocidentais maluquinhas - sublinho maluquinhas - que pretendem levar às últimas consequências a história do relativismo cultural (...) As muçulmanas bateram-se valentemente, em França, por ex, pela proibição da burqa"

No caso da burka não sei, mas no caso do hijab foi muito falado o caso de duas raparigas muçulmanas, filhas de uma família largamente secular, que insistiam em usar o hijab na escola

Ana Cristina Leonardo disse...

Miguel, como saberás, a questão da excisão é bastante mais complexa (e cruel) do que aquilo que deixa transparecer o teu argumento: ... também não tenho nada contra os homens que se querem castrar...
Julgo, aliás, que esta forma de discutir, pondo as coisas apenas em termos lógicos (erro, ou ilusão, do Singer...), descarnando-as como se elas fossem puros elementos abstractos de uma equação, não leva muito longe. Aliás, às vezes, leva. Leva-nos a concluir coisas absurdas, como naquela anedota da rã sem patas que, por não ter patas, era surda e não saltava.
Quanto ao lenço/véu e à burqa. São coisas completamente diferentes. Nada tenho contra o uso do lenço/véu - que em nada prejudica quem o usa (qual é o problema de não querer mostrar o cabelo?). A burqa é um atentado à dignidade. Tenta fazer o que quer que seja de burqa: andar na rua, ver um filme, ler um livro, conduzir, trabalhar... o que quiseres imaginar. A burqa é um sinal de barbárie, de ódio às mulheres e de atentado à sua dignidade. E é curioso como não a terem inventado para os homens... Deviam tentar a experiência. Acho que seria educativo. Mesmo do ponto de vista lógico.

(a história do clima é absurda. O que é que tem o clima a ver com a burqa, ou sequer com o véu? O véu é um sinal religioso (não é um lenço de ceifeira alentejana...), e não consta que as burqas sejam particularmente frescas, apesar de, dada a sua opacidade, permitirem que, por baixo, as mulheres imitem a Sharon Stone sem ninguém dar por nada - o que, claro, tem muito menos graça)

Miguel Madeira disse...

O que o clima tem a ver com véus e burkas:

- proteger das tempestades de areia

- proteger so sol

- refrescar(!) - pode parecer estranho (para nós que estamos habituados a usar pouca roupa para nos refrescarmos), mas os trajes dos povos do deserto são usados largos (em vez de junto ao corpo), produzindo assim uma bolsa de ar relativamente fresco (porque não apenha sol) entre o corpo e a roupa

- reduzir as perdas de água via transpiração (com o ciorpo coberto, a água do suor evapora menos)

Burka não, mas há uma espécie de niqab para os homens:

http://www.google.pt/search?q=tuareg+men&hl=pt-PT&prmd=ivns&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=DPM7TpbBJNGc-wa68fGgAg&ved=0CDIQsAQ&biw=1024&bih=571

Ana Cristina Leonardo disse...

Ó miguel, pelo amor da santa! Mas tu achas mesmo que as burqas são uma questão de clima?! Nesse caso, havias de explicar-me - já que o que refresca aquece, ou seja, protege - por que razão não vemos suecas de burqa. É que aquilo lá faz um frio do caraças e os contrários atraem-se!
Os homens azuis do deserto protegem-se do sol; mas não andam vestidos de preto nem com viseiras ao xadrezinho a tapar-lhes os olhos!
Tu estás maluco, homem! Desculpa lá a franqueza, e olha que eu até acredito na importância da geografia. Bela disciplina, ultimamente tão maltratada