29/11/18

Finalmente um momento de lucidez

Este post estava para ter como título o seguinte: "Where are you Mr Corbyn?". O desaparecimento do líder trabalhista, face ao desastre em que se transformou a negociação final do Brexit conduzido pela atarantada senhora May, chegou a parecer chocante. A contradição que manietou Corbyn tranformou o líder trabalhista numa caricatura algo grotesca daquilo que a sua acção política parecia anunciar. Corbyn quer o sol na eira e a chuva no nabal, quer os eleitores que votaram no Remain and Reform - pelo qual ele se bateu, com pouca convicção percebe-se agora - e aqueles que votaram no Leave e que são maioritários em áreas menos urbanas em que os trabalhistas são dominantes.
A proposta que Corbyn defende de um Brexit que preserva os direitos dos trabalhadores e as questões ambientais é uma brincadeira já que a UE não o irá admitir. A UE apenas é reformável a partir de dentro e sendo essa mudança liderada por um peso pesado. Como é o caso do Reino Unido, uma das maiores economias do mundo e um dos países mais desiguais à face da Terra. Era por isso que a campanha pelo Remain and Reform fazia tanto sentido.

Ainda faz. Clarificada esta questão e devolvido a Corbyn a liderança perdida - se é que o seu encanto não se perdeu nesta triste inacção em que se deixou enredar - o Labour tem um programa de governo que é a única esperança real de começar a desmantelar o poder das grandes corporações que domina as estruturas da UE e oprime os seus povos. Um programa de uma social-democracia que recupera a participação do Estado na economia e o seu reforço em sectores estratégicos, como a energia e os transportes, e que concretiza uma forte redistribuição da riqueza produzida. Isto tudo servido pela politização do dia a dia dos cidadãos, pela mudança de paradigma na vida dos partidos, de que o Labour é um bom exemplo, ou melhor o único exemplo no passado recente.

Vale por isso a pena prestar atenção à declaração de MacDonnell, um velho militante anti-UE, forte apoiante de Corbyn, responsável da parte mais interessante do seu programa económico, cuja declaração é, por isso, ainda mais relevante.

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