Tudo isto é uma trapalhada semântica em que sai mal Sócrates (o único que já estava mal antes de o estar pelo relatório, porque até os socialistas mais papalvos e yes-man sabiam que o que Sócrates disse que não sabia só podia sabê-lo), a Comissão de Inquérito da AR mas, particularmente, o deputado-relator João Semedo. Porque este campino parlamentar mostrou o touro mas não identifica o granadero, apontando para o sinal do ferro.
A grande questão, triste questão, da ordem política actual, a saber, é que, pela primeira vez em democracia, temos um governo que não cai porque não pode cair. Tirando os maluquinhos excitados que gostavam de ir viver para Gaza - com as namoradas vestindo burka ou coletes-bombas -, para atirarem mísseis hamas contra Israel para completarem a obra de Himmler (re)vestindo-o de braçadeira com foice e martelo, ou os que gostavam de serem sobrinhos-netos de Kim Il-sung ou médicos de cataratas da irmandade Castro, ou os que sonham utopias com réplicas da Acrópole a arder, anda tudo assustado com a crise e não arrisca um fósforo para pegar fogo à pradaria. Por isso, rabos apertados onde não cabe um feijão-frade, à direita e à esquerda, incluindo o patético Cavaco, a maioria sabe, todos sabem, que Sócrates está a mais, já sendo um problema da democracia e da crise, mas um indispensável e insubstituível (de momento). O PCP apresentou moção de censura depois de certificar-se que não seria aprovada, a CGTP teve a sensatez reformista de adiar sine-die a hipótese aventureira de greve geral, o PSD diz que há que dar tempo ao tempo, o Bloco faz ginástica semântica, Paulo Portas convive com as sondagens, Cavaco arrasta a sua degradação, Alegre ficou afónico e disfarça-se pelo gongorismo retórico e contorcionista do nim e do tim. Está bonita a festa, pá.
(publicado também aqui)
11/06/10
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