Anda muita gente indignada com a possibilidade de alunos com mais de 15 anos que estejam no 8º ano puderem fazer os exames do 9º ano e, se aprovados, passar para o 10º.
Eu, sinceramente, não vejo onde está o problema - reconheço que é pouco provável que um aluno que chumbou no 8º ano consiga passar aos exames do 9º ano; mas, se conseguir, porque não há de poder passar para o 10º? Afinal, frequentar o 9º ano (ou outro qualquer...) não é suposto ser um fim em si mesmo, mas sim um meio para aprender a matéria; ora se os alunos a conseguirem aprender de qualquer maneira, que necessidade há de frequentarem o ano?
Quanto às alegações de facilitismo - há anos que os anti-facilitistas fazem a apologia dos exames (implicitamente, considerando que são mais rigorosos que a "avaliação continua"); mas agora, pelos vistos, acham que passar a um exame é facílimo.
Uma nota pessoal - eu chumbei a Português no 10º ano, no ano lectivo de 1988/89; no final do ano lectivo de 1989/90, fui a exame de 10º e 11º ano e passei, tendo ficado com 11º completo (embora nunca tivesse frequentado formalmente a disciplina de Português do 11º ano). No fundo, é quase a mesma situação.
08/06/10
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2 comentários:
Miguel, de um ponto de vista lógica tem toda a razão, e o seu exemplo é de lhe tirar o chapéu.
Agora, ou o vejo demasiado arredado da realidade para efectivamente acreditar que o seu exemplo será reproduzido em massa, ou não entende a questão do ponto de vista prático: os exames serão fáceis, os alunos que serão chamados passarão; caso contrário não existiriam. Isto serve unica e exclusivamente para o Governo apresentar os seus trabalhos de casa à união europeia, enquanto os alunos não só não fazem os seus como não aprendem a matéria.
Acho que está completamente equivocado na sua visão geral da educação. O seu ponto de vista - extremamente liberal - faria sentido se os alunos aprendessem, de facto, qualquer coisa. Vá e veja os exames nacionais dos últimos 10 anos, para ver a diferença absurda no grau de dificuldade. Se há 10 anos era difícil entrar para uma faculdade, digamos, de Engenharia, hoje fá-lo com a maior das facilidades e nem tem de entrar com Matemática e Física. Está a levar para as Faculdades números enormes de alunos - de que estas necessitam para obter financiamentos - e que irão, também elas, baixar a fasquia e acabar por formar um número considerável de alunos que não só o mercado não absorverá porque não necessita, como nem a qualidade média dos alunos será satisfatória.
Existe toda uma teia de argumentos para além da lógica.
"ou o vejo demasiado arredado da realidade para efectivamente acreditar que o seu exemplo será reproduzido em massa"
O meu exemplo ser ou não repetido em massa é irrelevante - a mim parece-me que basta uma pessoa conseguir passar esse exame para já valer a pena.
"os exames serão fáceis, os alunos que serão chamados passarão; caso contrário não existiriam."
Como é que sabe (no tal exame de Português do 10/11º ano em 1990, muita gente chumbou)?
E a ideia que eu fiquei é que o tal exame será o exame do 9º ano a que todos os alunos do 9º ano irão fazer; acho duvidoso que vão baixar o grau de exigência do exame só por causa da meia dúzia (que serão meia-dúzia) de alunos do 8º ano que se vão propor a exame.
Se actualmente cerca de 1/3 dos alunos (que frequentaram o 9º ano) tem negativa nesses exames, é de supor que a maioria esmagadora dos alunos que não o frequentaram irão reprovar (a menos que só os que se acham preparados se apresentem ao exame).
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