Um presidente de um país dizer que "chegámos a uma situação insustentável" não é só uma frase forte. E, pelo cargo, muito menos se pode considerar impensada ou impulsiva ou juvenil ou irresponsável. Ou é um apelo a um golpe de estado, numa escala que vai do palaciano-constitucional ao do tilintar das espadas, sejam estas pretorianas ou de sovietes ansiosos, ou então expressão da vontade cansada de entregar as chaves desta freguesia ibérica a um questor de Madrid ou Bruxelas. Mas, para sermos menos dramáticos, sem severidade demasiada perante a letra da oratória presidencial, digamos que Cavaco Silva aproveitou este 10 de Junho para confirmar que desistiu, por reconhecimento de incompetência própria, de ser parte da solução do país para passar a ser um dos nervos dos seus problemas. Usando a terminologia que é cara a Cavaco, este passou a integrar os défices da “nossa raça”.
(publicado também aqui)
10/06/10
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4 comentários:
Excelente post. Como certeiro foi também o remate de Alfredo barroso na SIC notícias, ao dizer que Barreto quis hoje fazer o serviço militar obrigatório em 20 minutos.
(já não gostei tanto do post acima...)
Pois, o 10 de Junho difunde um gosto generalizado para distribuir medalhas...
;) erro meu. Referia-me a um mais acima com um fulano envergando um equipamento vermelho (ou encarnado como eles dizem), com uma bola na mão. Aquilo não gostei.
Claro, uma besta fanatizada só podia "errar" assim. Eu vivo a rivalidade como tempero da competição. Mas não me leu nem me lerá uma palavra de menor respeito por um atleta, qualquer que seja a cor ou o clube. Nem confundo instituições com nome, dignidade e valor com os hooligans que se lhe penduram. O "fulano" que referiu e lhe perturbou a visão taurina de ódio ao vermelho é, independentemente da camisola que enverga, o capitão de uma equipa campeã. Foi o mau perder que lhe puxou os intestinos para junto da língua. As suas anteriores intervenções de "comentador" já o tinham mostrado como manso mas tortuoso na investida. O seu ódio clubístico confirma-o.
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