O Filipe Moura é um tipo excelente, de quem não consigo deixar de gostar, mesmo depois dos muitos desatinos que já tivémos. Um perpétuo (ou assim parece) ponto de discórdia entre nós é Mário Soares. Ainda há dias, veio o Filipe cantar mais umas loas ao homem: «Se, aos 86 anos, o velho cometesse a loucura de se recandidatar a Presidente, eu ainda votaria nele. Mário Soares é o último grande português vivo.»
Nem sei o que diga. Talvez recomendasse ao Filipe a recordação das declarações do auto-nomeado Pai-da-Pátria aquando da morte de Saramago, evocando inexistentes dias de convívio na universidade ou no liceu. Isto não é prova de degenerescência, antes pelo contrário: para Soares, o mundo sempre acabou a poucos centímetros do seu umbigo. Fenómeno que não o envolvesse era logo recoberto por uma camada de fábulas, de modo a passar a incluí-lo como centro fundador. Agora, está apenas um pouco mais atrevido e confiante na caridade de estranhos.
Mas o fundo ruim não mudou. A forma como tem telecomandado o amigo Fernando Nobre numa missão kamikaze de vingança contra Alegre está aí a prová-lo.
08/07/10
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5 comentários:
Já tinha saudades de ler os teus escritos, Luís. Já reparei que para ti Soares e Alegre pertencem à mesma espécie politica: umbigus eternallis.
cumps
z
Luís, das nossas escaramuças a (para mim) mais interessante (e ainda não resolvida) talvez nem te lembres dela: foi nos comentários neste texto - http://bde.weblog.com.pt/arquivo/127738.html .
Não estou convencido de muito do que afirmas ali. Tenho contra mim grande parte da comunidade académica (engenheiros mecânicos), eu sei. Mas tenho comigo alguns físicos teóricos. No fim deste mês irei em missão de trabalho ao hemisfério sul, e um dos objetivos é tirar isso a limpo... Quem sabe ainda ganho um prémio IgNobel!
Caríssimos, totalmente de acordo com o Luis. O que melhor caracteriza Soares é a sua ruindade. Não esqueço as suas primeiras reacções à morte de Cunhal.
Abraços
tms
Filipe,
Lembro-me perfeitamente. E até tenho pensado nisso de quando em vez. Aliás, ainda há pouco estive nesse belo hemisfério (em Angola) e pude verificar que as coisas parecem passar-se como eu dizia...
Ora ai esta um desperdicio de palavras (estas incluidas, claro) digno da atenção dos teoricos da fisica.
E' que quando o Luis Rainha escreve "para Soares, o mundo sempre acabou a poucos centímetros do seu umbigo", sera que ele não realiza que isso ja é enorme, nomeadamente no critério do Filpe Moura, e talvez mesmo proximo de ser o universo inteiro ?
Acrescentando um chavão a outro, lembro que Soares é "um animal politico". O meu pai conta que, apos ter passado na terreola de Fernão Joanes, la para Nenhures de cima onde tenho raizes, para distribuir apertos de mãos beijinhos e sacos de arroz aquando da campanha de 1986 (salvo erro), alcançou 100 % dos votos !!! 100 %, se isto não é de deixar um fisico teorico de boca aberta !!!
Depreende-se do exposto que Soares so faz espécie a quem considera que a politica não é para animais.
A uma infima minoria, portanto.
Mas, como diz o Charles Bronson numa daquelas réplicas geniais do Era uma vez no Oeste (obra prima, das raras que aproximam o Quixote) : "an ancient race..."
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