11/12/10

E se o homem tiver nascido para trabalhar?

No Blasfémias:
O Homem não nasceu para trabalhar!

“E a prova é que se cansa!”.

Este elevado pensamento foi utilizado, em tempos, por um aluno espirituoso, como prólogo de um trabalho académico, precisamente sobre matérias de Direito Laboral. Aquela espécie de máxima, reflecte, em dose significativa, a filosofia-base da legislação que mantemos em matéria de trabalho. O sistema legal continua a pressupor como objectivo, de um modo quase absoluto, a protecção rígida do trabalhador, presumindo-o, sem qualquer excepção, como a parte mais fraca e sacrificada de toda e qualquer relação laboral.

Pressente-se aqui, ainda, a ideia de que o trabalho, qualquer trabalho, contraria a nossa natureza, sendo um sacrifício ao qual, sem remissão, temos que nos sujeitar, causando-nos, sempre e por conseguinte, não só o inevitável cansaço, como infelicidade. Parcamente atenuada, apenas, pelo salário.
Terá PMF (o autor do post) parado um bocadinho para pensar que a ideia de que "o homem não nasceu para trabalhar" (ou, em economês, que o trabalho tem uma utilidade negativa) é também a base de toda a teoria económica que diz que os impostos e prestações como o subsidio de desemprego e o RSI desincentivam o trabalho? É que nunca vi os "blasfemos" criticarem essas teorias. Ou, já agora, a ideia que os prémios de produtividade (que o PMF defende no seu post) são bons também só faz sentido se assumirmos que o trabalho representa um custo para o trabalhador (se o trabalho não fosse um custo, não eram precisos prémios de produtividade para nada - o próprio prazer de fazer um bom trabalho seria motivação suficiente).

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