As coisas com que a Irene Pimentel se revolta e aquelas em relação às quais nada diz

“Por isso, revoltei-me e muito, ao ouvir o deputado do BE, textual e provocatoriamente dirigir-se ao Partido Socialista, afirmando que este seria cúmplice de Mubarak e Ben Ali, dado que estes eram elementos da Internacional Socialista (creio que entretanto expulsos).” E no entanto teria sido muito mais fácil que a Irene Pimentel se tivesse revoltado contra o facto da Internacional Socialista ter sido a casa de Mubarak e Ben Ali. Um pingo da energia que investe contra o apoio do PCP à China chegava-nos. Mas não. Sobre a Internacional Socialista apenas e só um “creio que entretanto expulsos”.

Eu devo dizer que não sou um fã do elogio à coerência e que não uso a expressão espinha dorsal desde que o Vale e Azevedo prometeu fazer do Benfica a espinha dorsal da selecção portuguesa de futebol. Mas ajudem-me. Não deixem de defender hoje o que defendiam ontem, não omitam o que ontem defendiam (“creio que…”? mas está a gozar com quem?).

Abdiquem do que defendiam há uma semana, tudo bem, admito que possa ser sinal de heterodoxia e não de oportunismo. Mas não passem uma esponja sobre o que defendiam ontem. Isso já é demasiado. A posição do PS em relação ao seu ex-irmão Mubarak não cheira a rosas. Cheira a merda.