05/02/11

Uma proposta (re)constituinte

Não posso senão fazer minha, na generalidade, a "modesta proposta" que o Manuel António Pina formula na crónica abaixo transcrita. Neste meu post, aqui publicado há já meses, sugiro alguns considerandos suplementares e indico algumas perspectivas que a cidadania alemã poderia propiciar — assim soubéssemos e ousássemos explorá-las. Mas aqui está a crónica.

Espero, pelos melhores e mais sensatos motivos, que algum partido aproveite a minha "modest proposal" para a revisão constitucional em curso: que, em vez de votarmos nas nossas "legislativas", passemos a votar nas alemãs, pois é hoje claro que, se quem manda em Portugal são os governos saídos das "legislativas" portuguesas, quem manda nesses governos é a Sra. Merkel ou quem quer que governe a Alemanha.

O que se tem passado desde que a crise financeira assentou arraiais por cá - apesar da política exorcista de Sócrates e do truque infantil de fechar os olhos para que a crise não nos visse - mostra que, de modo a manter a legitimidade democrática das repetidas decisões do Governo tomadas contra os seus compromissos eleitorais, deveríamos votar não para a AR mas para o Bundestag e para o chanceler alemão.

Anuncia-se que hoje, no Conselho Europeu, a Sra. Merkel irá exigir a Sócrates que inscreva na Constituição um limite ao défice ou à dívida pública, disso fazendo depender a flexibilização do FEE que permita a ajuda europeia a Portugal sem recurso ao FMI. E, como era de esperar, logo apareceu na AR gente do PS e do PSD a imaginar "maneiras possíveis" de meter essa exigência a martelo nas propostas de revisão já apresentadas.

Segundo o DN, Sócrates recusa. Resta saber durante quanto tempo. A sua "firme recusa" à anterior exigência da Sra. Merkel de despedimentos fáceis e baratos durou um mês.

3 comentários:

James disse...

msp... como é que era o dito ?
Não me lembro exactamente, mas o sentido geral da 'coisa' é que que quem paga as contas manda na dança...

Nada de novo, oder ?
:-(

FAÇA O SEU PRÓPRIO FLUVIÁRIO SEM FAZER MUITA FORÇA disse...

somos e sempre fomos um país dependente

mandámos milhões para o exterior para os lorpas que ficaram pudessem ter luxos às custas das remessas dos emigrantes e do trabalho braçal de uns centos de milhares de agricultores e operários

e assim meio-milhão de alarves
comia às custas de vários milhões de pategos

os tempos mudam querem papaias e laranjas espanholas com rótulo de portuguesas?

atão ou se submetem
ou vão vergar as costas para se alimentarem

houve tempos em que velhadas de 92 anos trabalhavam até morrer nos campos apesar de não precisarem de o fazer

já não se fazem gentes assi....

FAÇA O SEU PRÓPRIO FLUVIÁRIO SEM FAZER MUITA FORÇA disse...

olha perdi o 1º lugar por 5 minutos

mas é o mesmo sentimento, gente da cidade

já não há campesinos, tornámo-nos emigrantes ou funcionários públicos

queriam o quê?