Ainda não é de todo certo que a revolta em curso no Egipto se transforme numa revolução. Em parte, porque a maioria dos manifestantes parece ainda não ter compreendido que não basta gritar palavras de ordem numa praça para fazer cair um regime oligárquico. É preciso ocupar os assentos simbólicos do Poder. Felizmente, alguns egípcios chegaram a esta mesma conclusão, e resolveram
bloquear o acesso à assembleia legislativa egípcia. Pena é que não tivessem logo optado pela sua ocupação. Tal teria finalmente tornado mais claro de que lado está o exército egípcio: iria usar da força para desocupar a assembleia ou nada faria, deslegitimizando de vez todo o regime egípcio? Agora a assembleia está cercada por tropas egípcias, confortáveis no seu papel de árbitro passivo. Entretanto, continua a luta entre diferentes facções oligárquias no seio do regime egípcio, como o Miguel Madeira
aqui assinalou. Efectivamente, para já as manifestações tiveram como único efeito o enfraquecimento duma dessas facções (Gamal Mubarak e os seus amigos) relativamente à outra (Soleiman e os seus amigos). A sua continuação levará à queda final de Hosni Mubarak e seus acólitos, mas não mudará a natureza oligárquica do regime. Nem a vassalagem que presta aos EUA e Israel. Para que este não seja o desfecho final, é preciso passar das palavras de ordem no espaço público aos actos de ocupação do espaço privado (controlado pela oligarquia) e sua transformação em espaço público. É preciso efectivar a Revolução.
1 comentários:
uma revolução da classe média?
é sustituir uma oligarquia de oficiais
por uma de sargentos?
não resolve grande coisa para a maioria dos egípcios
os aumentos de 15% nos salários atingem cerca de 3 a 4milhões de funcionários
o resto...está agora bem pior do que há um mês
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