24-04-2013, 15:30 - Sala 2, Instituto de Ciências Sociais
As alterações no mundo trabalho constituem uma das faces mais  
marcantes do período dos últimos 50 anos. Da rotinização da mudança
  tecnológica maioritariamente orientada para novas formas de  
acumulação à emergência de novas matérias- primas e domínios de  
mercadorização gerados pelo factor tecnocientífico-económico e pela 
 capitalização do conhecimento (ou do “imaterial”). De novas  
estratégias produtivas caracterizadas pelo elevado grau de  
flexibilidade e precarização dos trabalhadores à mobilização e  
exploração das capacidades linguísticas, cognitivas, comunicacionais,
  relacionais dos indivíduos. Paralelame nte, a globalização dos  
mercados, a escalada global do capitalismo financeiro, a  
deslocalização de uma grande parte do aparelho industrial para  
regiões economicamente subdesenvolvidas e a implementação de  
orientações normativas que apontam para a desregulação e  
empresarialização impulsionaram uma outra relação com o trabalho. 
O
  operário, símbolo do dinamismo fabril e depósito de esperança na  
superação do mesmo, deixou de ser socialmente representativo. O  
profissional, outrora senhor de um status relativamente elevado,  
legitimado por uma deontologia própria, viu a sua condição ser  
atravessada por lógicas de proletarização. O emprego, base de um  
contrato político e de uma sólida identidade assumiu diferentes formas
  – do contrato a prazo e do «recibo-verde» português, ao próprio não
  emprego – todas elas caracterizadas por maiores níveis de 
efemeridade,  intermitência e precariedade, bem como por novos eixos de
 conflito. 
Embora assumam uma enorme relevância social, o
 objectivo  desta iniciativa não se resume aos traços acima 
mencionados. Entre uma  narrativa que analisa o novo a partir do velho, 
encarando a  flexibilização laboral como uma espécie de deturpação 
evolutiva da  ordem fordista, e uma outra que ignora o papel do velho na
 construção  do novo, elevando o trabalhador qualificado à condição
 de empresário  de si mesmo, existem uma série de buracos negros que 
devem ser objecto  de estudo e de reflexão. Será o trabalho imaterial 
um fenómeno  recente e circunscrito a um segmento específico? Deverá a
 precariedade  ser abordada apenas de uma perspectiva geracional? O que 
é, e o que  não é trabalho? As classes sociais desapareceram com os 
operários?  Numa perspectiva interdisciplinar, da sociologia à 
antropologia,  passando pela história, o objectivo deste ciclo de 
conferências reside  tanto na resposta a estas questões, como na 
formulação de tantas  outras. 
organização: José Luís Garcia (ICS-UL), José Nuno Matos (ICS-UL)  
 
 
 
 
 
 
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