Enquanto a esquerda mais ou menos parlamentar anda orgásmica com a demissão de Relvas (como se um governo definisse o que quer que seja, ou como se uma personagem
medíocre como aquele indivíduo contasse para alguma coisa), os companheiros das Edições Antipáticas lançaram um documento de reflexão sobre aspectos importantíssimos da
nossa conjuntura: “Sobre a passagem de alguns milhares de pessoas por um breveperíodo de tempo”. Para além de quatro ou cinco aspectos que mereceriam uma ampla
e mais detalhada discussão, registe-se a enorme importância deste escrito para
uma renovação das lutas sociais numa base democrática, de base libertária e
sem vanguardas iluminadas que só servem para edificar novos princípios de
dominação.
Deixo um breve excerto para abrir o apetite. O texto integral pode ser lido aqui.
«Estas linhas procuraram traçar uma breve narrativa do
movimento. Não pretendemos com elas erguer qualquer barricada inexpugnável ou traçar
um risco na areia que separe os bons dos maus, os revolucionários dos reformistas,
os libertários dos autoritários, os consequentes dos ingénuos. Os problemas que
identificamos no movimento são os nossos problemas e assumimo-los por inteiro.
Precisamente porque consideramos ser esse o espaço onde podemos conceber uma
vida para lá do Estado e do capitalismo, do trabalho assalariado e da divisão
entre representantes e representados, sentimos a necessidade de partilhar com quem
o integra, atravessa e o faz mover, este balanço de dois anos e qualquer coisa,
ao longo dos quais nos encontrámos e desencontrámos, convergimos e divergimos, falámos
e escutámos. As nossas críticas não partem de qualquer sentimento de
hostilidade e o nosso desejo é que a sua eventual severidade não se torne um
obstáculo à comunicação. O que escrevemos pretende ser um ponto de partida e
não um ponto final. Tão pouco se trata de avançar uma receita que resulte de um
pretenso diagnóstico aqui efectuado».
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