29/08/14

Da insignificância das alternativas à alternativa da insignificância

O vazio hiante das declarações programáticas de António Costa — sendo que exactamente o mesmo se poderia dizer das de Seguro — parece, neste exercício crítico de Estela Serrano, incentivar, ou servir de pretexto, a uma curiosa hermenêutica que o apresenta como alternativa política última e profunda a qualquer orientação política definida. Só ficamos sem saber o que mais admirar se a inexaurível flexibilidade não tanto táctica como verdadeiramente estratégica do candidato que se propõe conduzir o PS não importa onde, tornando a sua direcção uma questão menor contanto que adoptada sob a sua presidência, se a radical desconstrução preventiva das próprias condições elementares do debate político e da tomada de posições alternativas que a comentadora e apoiante do candidato valoriza na insignificância das suas (dele) declarações e discurso, assim superando a insignificância das alternativas numa apologia da alternativa da insignificância. Parafraseando a exegese que Filipe Nunes Vicente propõe do texto de Estela Serrano, só podemos concluir que as alternativas são uma maçada: deviam ser proibidas. E, de caminho, ou consequentemente, o juízo político também.


1 comentários:

António Geraldo Dias disse...

O vazio hiante é o da estrutura há um real da linguagem das declarações programáticas mas há um real da história a partir da vigência de um vazio na identificação/idealização-
onde abre a fenda irresolúvel entre uma hermenêutica epistemológica (dos textos) e outra ontológica (do real