25/01/16

Marieme Hélie-Lucas: "Os ataques machistas coordenados em Colônia e os erros eurocêntricos de uma esquerda europeia pós-laica"

Aqui ficam as primeiras linhas de uma das mais lúcidas análises críticas que pude ler sobre as questões  prementes que suscitam "ataques machistas" registados em várias cidades da Europa durante a última noite da passagem de ano. O texto completo de Marieme Hélie-Lucas pode e deve ser lido no Passa Palavra.

Na véspera de ano novo de 2015 foram coordenados ataques sexuais contra mulheres em espaços públicos de cerca de 10 cidades europeias, a maioria na Alemanha, mas também na Áustria, Suíça, Suécia e Finlândia. Várias centenas de mulheres denunciaram até essa data ataques, roubos e estupros. Esses ataques foram perpetrados por homens jovens de origem migratória (imigrantes, requerentes de asilo, refugiados etc.) procedentes do Norte da África e do Oriente Médio.
Não são surpreendentes as reações: ocultação dos fatos até onde foi possível – de sua coordenação internacional, de sua magnitude – por parte dos governos, de sua polícia e dos meios de comunicação: sacrificaram, como é habitual, os direitos das mulheres pela paz social. Levantamento preventivo de escudos vociferantes por parte de boa parte da esquerda europeia e de não poucas feministas, a fim de defender os estrangeiros, presumidos “muçulmanos”, como potenciais vítimas de racismo. (Repare-se a mudança semântica: não “árabes” ou “norteafricanos”, segundo os descreveram em termos geográficos as próprias mulheres atacadas e a polícia, mas “muçulmanos”.) Exigência de maiores medidas de segurança por parte da extrema-direita, e ação da mesma na Alemanha, onde ocorreu um primeiro pogrom indiscriminado contra a população não branca. Negacionismo e racismo: as respostas habituais, desde os anos 80, à ascensão do fundamentalismo muçulmano de extrema-direita na Europa.