14/06/18

Vistos Gold. O fim da medida?

O Expresso noticia uma iniciativa do BE que, resumidamente, defende a extinção do "programa" dos chamados "Vistos Gold".
O argumento, escreve o jornal, será o facto de "em 5717 vistos concedidos só nove serviram para criar postos de trabalho". Esta é a razão que terá justificado a inicitiva do BE.

Depois aparece a explicação mais fundamentada da posição do BE. Os vistos Gold são, segundo os bloquistas, uma fonte de corrupção, tráfico de influências, peculato, branqueamento de capitais, ílicitos fiscais e criminias.

São e sempre foram, digo eu. Eram antes deste Governo entrar em funções e continuaram a ser em cada dia em que este governo tem estado em funções. Mas, quer antes quer depois, os Vistos Gold foram uma Política do Estado Português destinada a atrair capitais, fosse qual fosse a sua origem, seja a sua origem corrupta, criminosa ou seja lá qual for. Desde que invista pelo menos 500 mil euros o cidadão do mundo tem as portas abertas e a concessão de cidadania portuguesa agilizada.

Por isso, o argumento do BE de que apenas foram criados nove postos de trabalho é um péssimo argumento. Mesmo que tivessem sido criados 5717 postos de trabalhos, ou muitos mais, o argumento seria sempre péssimo.

Num estado de direito, numa democracia que se leva a sério, a tolerância com a corrupção, o tráfico de influências, o peculato, o branqueamento de capitais, os ilícitos fiscais e criminais não podem ser negociáveis. Não podem ter preço.


2 comentários:

Miguel Madeira disse...

Acho que o argumento dos "9 postos de trabalho" também é mau por outra razão - é largamente inconsistente com a visão da economia que está implícita (ou muitas vezes mesmo explicita) em grande parte das politicas de esquerda:

Pegando no que escrevi noutro sítio:

"normalmente a esquerda considera que as crises e expansões económicas são um problema de procura, e que a oferta é largamente a variável dependente (isto é, se houver muita gente a querer comprar coisas, isso vai estimular o desenvolvimento da capacidade produtivo, ou no mínimo pôr em uso capacidade já existente mas que não está a ser utilizada); já a direita tende a acreditar no contrário (que o fundamental para o crescimento económico é fazer aumentar a capacidade produtivo, via abertura de novas empresas ou ampliação das existentes, e a procura aumentará por si). Mas do ponto de vista de quem acha que o que interessa é aumentar a procura, essa conversa de o investimento associado aos vistos golds não criar emprego não faz sentido - se essas pessoas estão a comprar coisas em Portugal e dinheiro está a entrar no país, então a procura está a aumentar e assim estão fazendo crescer a economia (e criando postos de trabalho algures); a tal conversa de que poucos dos vistos gold têm a ver com investimento produtivo diretamente criador de postos de trabalho (ou seja, em empresas com atividade real, em vez de simplesmente comprar casas) só faria sentido do ponto de vista de quem acha que o principal é aumentar a capacidade produtiva."

culturdança disse...

Não me parece que seja um argumento, mas antes, um contra argumento. De
resto, se tiver o cuidado de ler no "Esquerda Net" o que lá está dito sobre este assuntio, verá que os argumentos são outros, nomeadamente alguns que o José Guinot refere.