Confesso que não partilho do optimismo de Ken Loach, embora partilhe a maioria das suas opiniões quanto à situação política no Reino Unido e em toda a Europa, e compreenda as razões pelas quais ele entende que o Labour irá vencer as eleições.
Uma das referências feitas por Loach é ao comportamento da imprensa. Não está sozinho. Há uma campanha de fake news originadas no partido conservador e um tratamento desigual por parte da generalidade da imprensa. Há quem o refira, como é o caso da Universidade de Loughborough que analisa o acompanhamento da campanha pela imprensa Mas, também Paul Mason, o jornalista e escritor, se refere de forma clara à campanha dos Conservadores e ao posicionamento dos principais orgãos de informação, como se pode ver no vídeo seguinte:
Corbyn, quando as eleições foram marcadas, declarou que estávamos perante uma oportunidade que aparece uma vez numa geração. Subscrevo essa declaração. No entanto, o longo período entre as eleições de 2017 - a culminar um crescimento notável do Labour com a perda da maioria absoluta pelos conservadores - deixou marcas profundas no eleitorado que constituiu a base dessa recuperação sob a liderança de Corbyn. A clivagem entre Remainers e Leavers instalou-se com estrondo no seio do partido trabalhista e esse facto - mas não só - vai decidir o resultado das eleições e permitir aos conservadores uma nova - e catastrófica, sem margem para dúvidas - maioria absoluta, viabilizando uma saída da União Europeia com o único objectivo - como Loach reconhece - de suprimir os escassos direitos que aos trabalhadores ainda são reconhecidos e colocando sectores estratégicos dos serviços públicos - com particular destaque para o Serviço Nacional de Saúde - nas mãos das multinacionais americanas, além de uma total liberalização das regras de protecção ambiental.
A história ainda não acabou e, apesar das baixas expectativas quanto a uma vitória do Labour, são elevadas as minhas esperanças de que o movimento iniciado por Corbyn, no coração do neoliberalismo global, não seja travado e que mais cedo do que tarde seja possível construir uma sociedade "for the many, not the few."
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