16/10/11

As duas faces de uma mesma moeda

Subscrevo por baixo o juízo do camarada Miguel Madeira no que se refere à nulidade política da indignação. A indignação espera ou desespera onde e quando a deliberação e a decisão da vontade de democracia faltam ou falham. Quem espera, espera a salvação da providência ou dos seus agentes providenciais. Quem desespera, não quer. A indignação e a resignação não passam de duas faces da mesma moeda. A democracia é negação determinada porque é autodeterminação.

Podia continuar. Mas este post do Luís Januário dispensa-me de o fazer.  Basta-me subscrevê-lo também:

À manifestação

Vamos para ser contados. Vamos para que os Serviços secretos da Ongoing nos fotografem e mais tarde possam dizer de nós: -Aquele é perigoso. Aquela também.
Vamos para o sector dos cães raivosos. Que se lixem os indignados. Os indignados acreditaram em alguma coisa. Nós nunca acreditámos. Nós estamos fora do esforço nacional.
Se não houver sector dos cães raivosos, nós seremos os cães raivosos.
Não parecemos raivosos porque a raiva tolhe o discernimento e nós queremos estar calmos e atentos.
Para hoje sermos contados e cuspidos. Por ti, Macedo, que deixaste à torreira do meio dia uma camarada da GNR, até ela cair vítima da insolação enquanto comias ao ar condicionado de um restaurante dos latifúndios. Por ti, Fernandes, seboso entre os sebosos.
Calmos e lúcidos. Para hoje sermos cuspidos e para amanhã vos derrotarmos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Claro que as considerações do Luís Januário são oportunas e devem ser tidas em conta.

Mas:

- Não devem inibir a acção;

- O risco de identificação pelas bófias dos tais dois ou três "perigosos", os "cabecilhas", os "líderes", não põem em causa o processo, se ele de facto for novo. E só faz sentido se de facto o for. E, se tal for o caso, não haverá apenas dois ou três "perigosos": pura e simplesmente todos os cidadãos serão igualmente "perigosos". Até os polícias !

nelson anjos

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Nelson, se leres com atenção o que o Luís Januário diz, verás que não é muito diferente do que dizes: "Se julgam que nos podem deter, fichando-nos, identificando-nos, enganam-se, etc. Dêem as vossas ordens, mas não contem com a nossa obediência".
A questá é outra: a de saber se a grande maioria dos homens e das mulheres comuns ousará, não queixar-se ou indignar-se apenas, mas QUERER quebrar as condições da menoridade e da servidão.

Abraço

miguel (sp)